Criando um maroto

Silêncio

A reunião foi, sem dúvida, um sucesso. Conseguir os Malfoys como aliados era um trunfo importante para James. No entanto, o que realmente marcou o dia foi Harry, chorando como um bebê, ao ver Draco ir embora. O pequeno Potter, com o rosto molhado de lágrimas, segurava o braço de Draco com força, como se isso pudesse impedi-lo de partir.

“Por que você tem que ir?” Harry perguntou, entre soluços, com a típica voz chorosa de uma criança. Seus olhos grandes e marejados encaravam Draco, a tristeza estampada no rosto. Draco, mais pequeno, mas sempre altivo, suspirou ao ver o desespero do amigo.

“Porque eu preciso ir para casa agora,” Draco respondeu, com aquela seriedade infantil que tentava imitar os adultos. Ele olhou para Harry, seus olhos prateados brilhando com uma certa compaixão disfarçada. “Eu vou te ver de novo depois, então pare de chorar, tá bom? Ou... não vamos mais ser amigos.”

Como se fosse um feitiço, as lágrimas de Harry cessaram instantaneamente. Ele enxugou os olhos com as mangas da camisa, embora o lábio inferior ainda estivesse tremendo em uma pequena birra. “Mas...”

Antes que ele pudesse continuar, Severus se aproximou, com seu olhar calmo e voz reconfortante. “Draco virá no seu aniversário, Harry. Não se preocupe. Será muito em breve.”

Harry olhou para Severus, ainda um pouco emburrado, mas o pensamento de ver Draco novamente pareceu acalmá-lo um pouco. Draco, por sua vez, virou-se para seu padrinho e abriu um sorriso raro e genuíno. Sem hesitar, ele abraçou Severus com força e, como sempre fazia, beijou a ponta do nariz do professor. Era um gesto pequeno, mas que sempre fazia Severus sentir uma onda de carinho por seu afilhado.

“Até logo, Draco,” Severus disse, sua voz suave enquanto acariciava o cabelo loiro do garoto.

Draco então se dirigiu a Regulus, que também o abraçou com um sorriso cúmplice. O pequeno Malfoy fez um hi-five com Sirius, que deu uma risada alta ao ver a animação do garoto. Remus bagunçou os cabelos platinados de Draco, fazendo-o rir enquanto tentava arrumar os fios rebeldes, e Peter recebeu um abraço rápido, embora um tanto desconfortável.

“Até logo, senhor Potter!” Draco falou alegremente, seus olhos brilhando ao olhar para James, que se abaixou para pegar o loirinho no colo. James girou Draco no ar, fazendo o menino soltar uma gargalhada cristalina que ecoou pela sala. Era quase impossível não sorrir ao ver aquela cena, até mesmo Lucius, geralmente tão reservado, deixou um sorriso escapar.

Com isso, os Malfoys se despediram e partiram, deixando a mansão Potter envolta em uma sensação de calmaria.

Mais tarde, James subiu com Harry para o quarto, colocando o menino sonolento na cama com um sorriso carinhoso. “Pronto, filhote, hora de descansar,” ele disse, deixando um beijo suave na testa do filho. Harry bocejou e se aninhou nos cobertores, ainda sonhando com o dia que passou com Draco.

Quando James estava prestes a sair, Severus apareceu na porta, segurando alguns livros de contos de fadas. James parou por um instante, olhando para Severus, e não pôde deixar de sorrir. “Boa noite, Severus... Obrigado por tudo isso. Harry se divertiu muito,” ele disse, em um tom sincero.

Severus, que raramente deixava suas emoções transparecerem, ofereceu um pequeno sorriso, quase imperceptível, mas que James, agora mais atento, notou. Era um sorriso que falava de satisfação por ter proporcionado aquele momento para Harry.

“Fico feliz em saber disso,” Severus respondeu com simplicidade, antes de se dirigir ao quarto de Harry.

Ele se aproximou da cama, onde o menino já estava quase adormecido, e começou a ler uma história em sua voz baixa e calma. A melodia de sua leitura envolveu o quarto, e Harry, com os olhos pesados, foi lentamente adormecendo, com um leve sorriso nos lábios, ainda pensando que Draco, com seus cabelos brilhantes e sorriso encantador, poderia muito bem ser uma fada.