Elisa
Nova York
- Você é uma tarada, Violet.
- Você nem viu nada ainda.
EU ACHO que a Violet estava enrolando para terminar com aquilo. Aquela sem noção levou quase três horas para encerrar essa situação.
Algo chamou a minha atenção: Violet fazia poucas perguntas sobre meus dados, como se quisesse apenas confirmar algo que já sabia. Diferente de quando ela perguntava sobre meu ex, era nítido que ela não sabia nada sobre ele.
- Então, eu apenas tenho que entregar esses papéis a ele, fazer com que ele assine e, assim, estou oficialmente solteira?
- Exatamente.
Arthur nunca aceitará isso tão facilmente; ele vai querer me matar se eu chegar sozinha àquele apartamento com os papéis de divórcio.
- Violet, posso lhe pedir um favor?
- O que você quiser.
- Você pode ir comigo entregar os papéis ao Arthur? Como minha advogada, é claro, vai passar mais confiança e ele não vai poder dizer não.
- Eu já iria com você mesmo que não me chamasse, querida.
Isso não me surpreende nenhum pouco.
- Ótimo! - digo, tentando transmitir o ar mais confiante que consigo. - Vamos então?
Violet me dá espaço para passar primeiro. Saio, mas paro no mesmo lugar quando escuto o grito de um animal.
Olho para baixo e vejo um gatinho se escondendo nos pés da Violet, chorando baixo. Acho que pisei na patinha do felino; tadinho, deve ter se machucado.
- Desculpa, eu não tinha visto.
- Está tudo bem, querida. -Violet se abaixa e pega o gatinho que ainda estava escondido em seus pés. Violet o coloca deitado em seus braços, e o animal parece relaxar.
-Esse é o Loki.
- Oi, Loki! Eu sou a Elisa. - Me aproximo do gatinho e faço um carinho devagar para não assustá-lo. O nome combina muito com ele; os pelos pretos e os olhos verdes são lindos.
Deixo de encarar Loki, que já estava até lambendo meus dedos, e olho para Violet. A forma como ela me encarava fez com que eu desaprendesse a respirar por alguns segundos.
- Je veux que tu sois ma femme, Elisa.
- O que disse?
- Vamos logo resolver isso com aquele putinho que você chama de Arthur.
- Sempre me impressiono como a sua boca é extremamente suja.
- Na cama você vai gostar, meu amor.
NÃO FIQUE VERMELHA ELISA! É QUESTÃO DE HONRA.
Saímos do apartamento e fomos em direção ao carro. Violet abriu a porta para mim e logo entrou no banco do motorista. Seguimos a viagem até a minha casa em silêncio; eu estou nervosa demais para conversar.
Violet parou em frente ao prédio e disse alguma coisa que eu não consegui escutar. Será que Arthur ainda está com aquela mulher? Será que ele vai querer me bater quando eu falar sobre o divórcio?
- ELISA! - encaro-a. - Estou falando aqui e você nem está me ouvindo. Presta atenção: você vai entrar e contar sobre o divórcio para o Arthur, e eu estarei do lado de fora esperando. Eu queria muito entrar e jogar os papéis na cara dele, mas isso é algo que você precisa fazer. Qualquer coisa que fuja do controle, eu estarei a uma porta de distância.
Concordo e saímos do carro. Violet coloca a mão em minhas costas e seguimos até a entrada. Cumprimento o porteiro e seguimos até o elevador.
Primeiro andar.
Segundo andar.
Terceiro andar.
Quarto andar.
Quinto andar.
Apartamento 66. Chegamos.
- Você consegue, querida. Lembre-se de que você não está sozinha.
Eu a encaro por alguns minutos. Eu nem conheço essa mulher, mas ela está me dando mais apoio do que meu marido me deu por anos.
Suspiro e entro no apartamento. Olho para trás e vejo que Violet está encostada na porta. Viro minha atenção para o interior da casa. Está tudo em silêncio; as roupas da mulher não estão mais espalhadas pela sala. Graças a Deus ela já foi embora. É uma humilhação a menos para enfrentar hoje.
- Demorou, vagabunda - eu me assustei; Arthur estava me olhando, apoiado na mesa da cozinha. - Esqueceu que tem uma casa e um marido para cuidar?
- Arthur, temos que conversar. Você pode se sentar, por favor? - Arthur murmura algo, mas se senta. Eu me sento na cadeira à frente dele e entrego os papéis. - Esses são os papéis do nosso divórcio, Arthur. Por favor, não faça nenhum show. Assine, que eu já vou embora.
Ele gargalha, gargalha tão alto que eu me assusto e olho em direção à porta para ver se Violet ainda estava ali. Uma merda que eu não consiga enxergar.
- Divórcio, Elisa? Achou outro cuzão que vai te bancar?
- Assine logo isso, Arthur. Pode ler os papéis se quiser. Vou subir para arrumar as minhas coisas.
- Você não vai pegar nada e sair daqui. Você é minha esposa, Elisa. Não quero saber se você está infeliz aqui; não te obriguei a subir no altar comigo. -Arthur se levanta e me segura pelo cabelo.- Agora você vai subir, tomar um banho e me esperar na cama do jeitinho que eu gosto.
O desespero, o nojo, o medo. É tudo o que eu sentia no momento. Arthur me soltou e voltou a se encostar na mesa da cozinha. Meus olhos se encheram de lágrimas. Estou pensando seriamente em fazer o que ele pediu. Mas esses pensamentos se afastaram rápido quando a advogada psicopata entrou na cozinha.
- Seu cuzão. - Violet acerta em cheio um soco no nariz de Arthur, fazendo com que ele caia no chão. Ela não dá nem tempo para ele se recompor e já o chuta entre as pernas para que ele permaneça no mesmo lugar, socando-o mais algumas vezes. - Deve se achar o fodão intimidando a mulher que você deveria tratar como rainha, né? Seu bosta.
Violet acerta ele mais uma vez. Meu Deus! VIOLET QUER MATAR ARTHUR.
- VIOLET! - Grito, fazendo-me encarar rapidamente. Suas mãos estavam cobertas de sangue, assim como suas roupas e seu rosto. Já Arthur estava coberto de sangue, sem nem se mover. Se eu não visse seu peito subir e descer com dificuldade, diria que ele estava morto. - Você vai mata-lo! Saia de cima dele.
- Vai defender esse homem agora, Elisa? Ficou com dó?
- Porra, Violet! Olha o estado dele! Como ele vai assinar os papéis agora? - Ela não achou mesmo que eu ia defender esse homem, né.
Ela sorri para mim, levantando-se de cima do Arthur e vindo em minha direção. Parecia que queria me engolir.
- Ninguém vai tocar em você, meu amor, não enquanto eu estiver viva.
Meu Deus, não faz uma semana que essa mulher me conhece e já consegue me fazer perder o ar. Sem nem me deixar responder, Violet se vira novamente para Arthur e caminha em direção a ele, pisando em cima de seu pênis o fazendo gemer de dor.
- Presta bem atenção no que eu vou te falar: eu te dou até amanhã para assinar isso. Quando eu vier buscar, é melhor que esteja assinado. Se não, não vou ser tão boazinha como fui agora.
Meu deus, que tesão de mulher.
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Lábios De Sangue
RomanceElisa, uma mulher de apenas 26 anos com o casamento fracassado, vê sua vida virar de cabeça para baixo após se tornar testemunha de um assassinato. A mulher descobre que a vida pode ser mais do que ela conhecia, e tudo isso porque viu uma maldita mu...