CAPÍTULO 1

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ELISA

- CARALHO ELISA, VOCÊ NÃO CONSEGUE FAZER NADA DIREITO?

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- CARALHO ELISA, VOCÊ NÃO CONSEGUE FAZER NADA DIREITO?

E mais uma vez, estou apanhando por nada, simplesmente porque me distraí com a TV e deixei o arroz queimar. Isso é motivo suficiente para alguém apanhar? Pelo visto, para esse demônio era.

-Amor, por favor. Eu não fiz de propósito, foi apenas uma distração. Podemos pedir sua comida favorita hoje, o que acha? É muito melhor do que a minha. -Com um nó na garganta, respondo da maneira mais calma possível. Qualquer mísero deslize é mais um motivo para apanhar.

-Eu não precisaria pedir comida se tivesse uma esposa decente. Você não trabalha, Elisa. Além disso, não está mais atraente, só engorda, e nem consegue fazer uma simples tarefa de mulher? Francamente, vou comer na rua e você se vira aí.

E ele sai, sem nem sequer olhar para trás. Sem se importar comigo, meu Deus. Por que me casei com esse homem?

E pensar que ele sempre deu sinais, as crises de raiva desde o começo do namoro. O ciúme incontrolável, as traições, e mesmo assim, eu aceitei seu pedido de casamento.

Talvez eu mereça tudo isso; talvez eu tenha feito algo horrível em outra vida e esteja pagando pelos meus pecados.

Levanto do chão com certa dificuldade, meu braço estava vermelho pelo aperto do homem e meu rosto estava dolorido; talvez daqui a alguns dias fique roxo por conta dos socos.

Depois de conseguir me levantar, vou me apoiando em qualquer coisa até chegar na geladeira. Pego uma garrafa de vinho e me sento na cadeira do balcão.

Com apenas um gole de vinho, o nó na garganta se desfaz e solto todas as lágrimas que consigo.

Eu não aguento mais essa situação. Preciso sair um pouquinho desta casa.

Pego meu celular e ligo para a minha única e melhor amiga, a única pessoa que sabe do meu incrível relacionamento.

Demora apenas alguns instantes e ela logo atende.

-Fala, gostosa! Me ligando a essa hora? Está morrendo de saudades? -Sempre brincalhona.

-Oi, anjo. Podemos sair um pouco hoje? Foi um dia daqueles e preciso me distrair. -Tento fazer com que minha voz saia o mais normal possível.

-Elisa, aquele homem bateu em você de novo? Amiga, eu já falei. Largue ele e vem morar comigo; aqui você pode terminar sua faculdade e recomeçar do zero. Eu e meu marido podemos cuidar de você até você conseguir reconstruir sua vida.

Isabella era realmente um anjo na terra, condizente com seu apelido. Mas não posso colocá-los em perigo. Meu marido, Arthur, faria suas vidas um inferno, e eles não merecem isso.

-Não é nada disso, anjo - minto - só queria sair um pouco. Me sinto muito sozinha dentro desta casa. E então, vamos sair?

Isa demora alguns instantes para responder, eu sei que ela sabe que o que eu disse é mentira. Ela sempre sabe.

-Então vamos, amiga. Vamos naquela boate nova que te falei? É bem chique, então nada de calça e moletom hoje. Vai com um vestido e um salto bem lindo. Talvez você encontre alguém decente no meio disso tudo e largue esse cara que você insiste em chamar de marido.

-Está certo senhora, te pego de Uber as oito.

Ainda são seis e meia, tenho tempo para tomar um belo banho e me arrumar. Também preciso caprichar na maquiagem para esconder essas marcas vermelhas.

Levanto, subo em direção ao quarto que fica no segundo andar do apartamento, tiro minhas roupas e entro no chuveiro de cabeça. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas foi o suficiente para me relaxar e esquecer a merda em que vivo.

Saio do chuveiro e enrolo meu cabelo em uma toalha. Passo meus hidratantes e o desodorante. Em seguida, vou em direção ao closet para escolher algum vestido, que aliás, não sei nem se tenho roupa para ir a um lugar assim.

-Meu Deus! Eu não tenho roupa!

Jogo tantas roupas na cama e, no final, encontro apenas três vestidos: um vermelho com renda que mostra quase minha calcinha, um azul marinho com as costas totalmente à mostra, e um verde de seda brilhante. Ele é o mais longo e tem alças finas.

Sem muitas opções, pego o verde e um salto fino branco. Visto e meu Deus, eu estou realmente gorda.

Paro de olhar para o espelho, senão iria começar a chorar. Mando uma mensagem para o Arthur avisando que iria dormir na Isa, mas a mensagem nem chega. Deve estar com alguma puta por aí.

Finalizo minha maquiagem e já chamo o carro. Não me preocupo em pegar algo para dormir na casa da Isa, já que tenho praticamente tudo lá. Aquele lugar é mais minha casa do que a minha própria casa.

O carro chega e Isa já está na porta de sua casa me esperando. Vejo-a se despedir do marido com um beijo na bochecha. Sorrio com a cena. Como eu queria que meu marido fosse assim, confiasse em sua mulher e a deixasse sair com as amigas. Com o meu nem tem esse tipo de conversa, tenho que sair escondida sempre.

-Uau! Que mulher mais gata é essa aqui. Você até me faz pensar em largar meu marido desse jeito, viu?

Isa sempre teve esse humor. Foi com ele que eu lidei com tantas coisas ruins na vida. Não sei o que seria de mim sem ela.

-Você está maravilhosa, sabia? Não sei se vou conseguir resistir a você essa noite. - rimos como duas adolescentes que estão saindo sozinhas pela primeira vez. E como é bom sentir isso.

Não demora muito para chegarmos à boate, e de fato ela é linda. Sua decoração por fora toda em preto e dourado a deixa tão elegante.

Estou sentindo que essa noite vai ser inesquecível.
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