gritos nas sombras

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Cresceu em silêncio, na sombra do medo,
Vendo gritos cortarem o céu tão cedo.
As paredes tremiam, o ódio no ar,
O pai, uma fera, sempre a atacar.

A mãe, frágil, escondida em pavor,
Ele, com raiva, sem freio, sem amor.
Tentou tantas vezes calar sua voz,
Quase apagou sua vida, arrancou sua foz.

E ela, tão nova, já sabia demais,
Que o amor é uma guerra em sua casa sem paz.
Nos cadernos, refúgio, nos estudos, um lar,
Mas o fracasso trazia mais dor a carregar.

Uma nota baixa era sentença de dor,
O pai, cruel, não conhecia o valor.
Espancava sem culpa, ameaçava sem fim,
Como se a vida dela não fosse dele, mas um capim.

A morte, promessa que pendia no ar,
Ela, pequena, só queria escapar.
Mas o medo a prendia, uma prisão sem saída,
Crescendo entre golpes, sem chances de vida.

E assim ela vive, marcada por açoite,
A alma partida, os sonhos à noite.
E o mundo lá fora não sabe, não vê,
Que seu sorriso esconde o inferno que a fez ser quem é.

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