Parte 3

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Minha infância, posso dizer, foi o sonho de muitos. Ter sido um bebê arco-íris fez isso acontecer. No passado, quando conversei com meu irmão sobre isso, ele me disse que nossos pais foram rígidos e duros na época dele. Sempre fala que fui eu quem amoleceu o coração deles, mas, na realidade, acho que não fui eu, e sim a versão de mim que eles imaginaram.

A pessoa que me tornei os decepcionou. Não escolhi o curso que eles sonharam, não namorei as pessoas que eles queriam, não continuei doce e inocente. A princesa deles morreu. Definitivamente, aquela não sou eu. O que restou de mim foi uma pessoa cheia de tormentos, graças ao Jin.

Jin... Aquele que se infiltrou na minha vida como um parasita que controla a mente de seu hospedeiro. Os dias foram passando, e eu o vi cada vez mais presente no meu mundo. Meu irmão estava sempre falando dele, de como Jin era um bom amigo, e a minha angústia só aumentava. Numa noite, estávamos todos na cozinha. Meus pais e meu irmão bebiam, algo que eu nunca podia fazer em casa. Falavam sobre o novo emprego e de como Jin estava sendo um bom amigo, ajudando meu irmão a se adaptar. Eu observava minha xícara de chá, hipnotizada pelas folhas que flutuavam no líquido, até que minha atenção foi capturada por uma frase dita pela minha mãe.

— Filho, chama seu amigo para jantar aqui, para agradecermos por tudo isso.

As palavras ecoaram nos meus ouvidos e meu sangue gelou. "Ele, dentro da minha casa?", pensei, apertando a xícara com força.

— É uma ótima ideia — meu pai concordou.

— Não gosto dessa ideia — falei, sentindo meu corpo rígido pela tensão. — Ele é um estranho.

— Ele não é um estranho, é meu amigo — meu irmão rebateu.

— Mesmo assim... — tentei argumentar, mas fui interrompida.

— Sei que você não tá muito bem, mas eu quero agradecer a ele. Se não fosse pela ajuda dele, eu ainda estaria desempregado.

Meus pais me olharam, surpresos. Era a primeira vez que meu irmão passava por cima de uma vontade minha. Eu também fiquei sem palavras. Não queria perdê-lo. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu simplesmente desisti. Deixei a xícara no balcão e me retirei em silêncio para o meu quarto. Foi naquele momento que percebi: eu estava presa na teia de Jin, e não tinha mais para onde fugir.

Me deitei na cama e, pela primeira vez em muito tempo, pensei em acabar com tudo. Se eu era o alvo, se eu morresse, ele deixaria minha família em paz.

Escutei uma leve batida na porta e, logo em seguida, ela se abriu, fazendo aquele rangido familiar.

— Posso entrar? — uma voz masculina perguntou.

— Pode — saí do meio dos meus lençóis e me sentei.

— Desculpa — ele disse, se aproximando e sentando na beira da cama. — Sei que você não tá bem, mas eu quero agradecer a ele.

— Tudo bem.

Naquele momento, a apatia dominava o meu corpo. Conversamos um pouco, mas eu já havia desistido de lutar contra a presença de Jin na minha vida. Os dias se passaram e, de certa forma, me senti parada no tempo. Minha mente era o único lugar seguro, e passei dias lá, vivendo histórias em que aquela noite nunca aconteceu. Na minha cabeça, minha vida seguia normalmente: eu conhecia um cara legal, a gente começava a namorar, saíamos dessa cidade, tínhamos filhos e éramos felizes.

Mas a realidade é algo inevitável, e então o dia do maldito jantar chegou. Meu único plano era tentar manter todos vivos. Me arrumei da melhor forma que consegui, mas, mesmo com maquiagem, o cansaço era visível no meu rosto. Na noite anterior, não consegui pregar os olhos. Aquele ser entraria na minha casa, comeria da minha comida, conversaria com minha mãe e com meu pai. Respirei fundo e desci as escadas. Ele estava lá, de costas, conversando com meu pai.







Notas da autora:

Estou aqui depois de um tempo 

Eu pequei, queria que fosse um homem mas foi uma gripe mesmo, a faculdade é o curso de bordado quase me deixam louco mas não o suficiente para abandonar vocês.Agora vocês já sabem o que fazer: deixar sua ☆ e seu comentário para apoiar a história.

Beijos da sua fanfiqueira falida.

Noite EternaOnde histórias criam vida. Descubra agora