O começo de tudo

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                      3 de agosto de 2014

Ginna
Ginna estava em seu quarto, a luz suave do entardecer entrando pelas cortinas entreabertas. Seu olhar fixo no teto, tentando abafar o som da briga que ecoava da sala de estar. Seus pais, Mariana e Carlos, estavam discutindo com ela novamente. Era sempre a mesma coisa: controle, regras, e a falta de espaço para ela ser quem realmente queria ser. Ginna já estava cansada.Ela bufou, irritada. Sabia que em breve seria chamada à sala para continuar a conversa que não levava a lugar nenhum. Sempre acabava em gritos, lágrimas, e mais proibições. Seus pais eram rígidos demais, especialmente quando se tratava de sua liberdade.

— Ginna, desça aqui agora! — a voz de sua mãe rompeu o silêncio, alta e impaciente.Ginna respirou fundo. Queria evitar aquela discussão, mas sabia que não tinha escolha. Levantou-se lentamente da cama, suas mãos já se fechando em punhos, preparada para mais um confronto.

Na sala, seus pais a esperavam de braços cruzados. Mariana, com seu semblante cansado, tentava manter uma calma que claramente já havia perdido horas atrás. Carlos, por sua vez, mantinha a expressão firme, mas havia preocupação em seus olhos. Eles sabiam que a filha era teimosa, e aquela era uma luta constante.

— Eu já disse que vou para o cento com a Anny, e isso não vai mudar! — Ginna falou, antes mesmo de eles começarem.

Mariana fechou os olhos, tentando manter a paciência.

— Você não vai, Giovanna. Eu já disse e vou repetir: não vou deixar você ir para o centro de São Paulo sozinha, sem supervisão. Não é seguro! — a mãe respondeu, sua voz baixa, mas firme.Ginna deu um passo à frente, indignada.

— Sozinha? Eu vou estar com a Anny! Ela tem 15 anos, mãe! — exclamou, o tom de sua voz subindo. — Eu conheço o centro de São Paulo melhor que vocês! Sempre vou pra lá, sozinha! E não aconteceu nada até agora. Qual é o problema dessa vez?

Carlos respirou fundo, como se estivesse se preparando para explicar o óbvio.

— O problema é que você não é adulta ainda. São Paulo não é um lugar pra uma garota da sua idade ficar vagando por aí sem um plano, sem alguém responsável. Não sabemos quem vai estar nesse show, quem você vai encontrar, ou o que pode acontecer.

— Sempre esse papo de "não é seguro"! — Ginna revirou os olhos, frustrada. — Vocês acham que eu sou idiota? Que não sei cuidar de mim?

— Isso não é sobre você ser idiota, Ginna — Mariana interveio, sua voz ficando um pouco mais suave, mas ainda cheia de preocupação. — É sobre a gente querer que você fique segura. São Paulo é uma cidade grande, cheia de perigos que você não enxerga.

— Eu enxergo sim! — Ginna rebateu, exasperada. — Não é como se eu estivesse indo pela primeira vez. Vocês sabem que eu já fui sozinha várias vezes, e sempre voltei bem! E agora eu vou com a Anny, que, por sinal, é mais velha que eu!

Carlos, que tinha se mantido em silêncio até agora, decidiu intervir.

— Anny pode até ser mais velha, mas ela também não é adulta, Giovanna. Vocês duas não têm a experiência necessária pra lidar com uma cidade como São Paulo, ainda mais em um fim de semana lotado por causa de um show.

— Ah, pronto! Agora a Anny também é irresponsável? — Ginna cruzou os braços, sem esconder o sarcasmo. — Ela tem mais cabeça que muitos adultos que vocês conhecem.

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