𝕺 𝕽𝖊𝖙𝖔𝖗𝖓𝖔 𝖉𝖊 𝕹𝖆𝖊𝖗𝖞𝖘

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Depois de dois longos anos de cativeiro, Naerys Targaryen finalmente conseguiu se libertar. Marcada fisicamente e emocionalmente, sua cicatriz sobre o olho era o lembrete constante da luta por sobrevivência. Cada dia havia sido uma batalha, mas agora, de volta a Porto Real, o peso do que a esperava parecia ainda maior. Seus passos ecoavam nas ruas familiares, mas o coração batia pesado com a sensação de estranheza. O mundo havia seguido em frente sem ela.

Ao entrar pelos portões da Fortaleza Vermelha, os rumores e sussurros entre os servos e soldados confirmaram o que Naerys mais temia: Rhaenyra estava se casando. O choque de ouvir essas palavras a atingiu com a força de uma tempestade. Sua sobrinha, sua confidente, seu amor proibido... agora estava prestes a unir-se a Laenor Velaryon em matrimônio.

O sangue de Naerys ferveu. Como poderia Rhaenyra trair o que elas tinham? Como poderia esquecer a promessa que fizeram uma à outra? Naerys sempre havia se recusado a aceitar que seu amor era algo que deveria ser escondido, e agora, ao retornar, sentia-se não apenas rejeitada, mas traída.

Ela atravessou os corredores da Fortaleza Vermelha com um propósito, seu rosto sério, os olhos ardendo de fúria e dor. Cada passo a aproximava de onde Rhaenyra estava, celebrando os preparativos para o casamento, e a cada passo sua determinação aumentava.

Ao chegar ao salão onde o banquete de celebração pré-nupcial acontecia, Naerys não se preocupou em pedir permissão para entrar. As portas se abriram com um estrondo, e o som da música e da conversa cessou imediatamente. Todos os olhares se voltaram para a mulher marcada pela batalha, sua presença tão impactante quanto o silêncio que se seguiu.

Rhaenyra, no centro do salão, olhou para Naerys com surpresa e um misto de emoções que iam desde a incredulidade até o alívio. Ela nunca havia imaginado ver sua tia viva novamente, muito menos naquele estado.

— "Naerys..." — Rhaenyra sussurrou, sua voz quase inaudível no salão silenciado.

Naerys avançou, ignorando os olhares de choque dos nobres e dos membros da corte. Sua atenção estava focada apenas em Rhaenyra. — "Então, você decidiu se casar," — ela disse, a voz baixa e cortante, carregada de ressentimento. — "Enquanto eu estava lutando pela minha vida, você seguia com a sua, sem olhar para trás."

Rhaenyra deu um passo à frente, seus olhos cheios de emoção. — "Naerys, eu pensei que você estivesse morta. Todos nós pensamos."

— "E isso justifica o que você fez?" — Naerys retrucou, sua voz fria. — "Eu lutei durante dois anos para voltar, acreditando que você ainda se importava. Mas você... você escolheu o caminho mais fácil."

Rhaenyra hesitou, sentindo o peso das palavras de Naerys. — "Eu nunca quis isso. Mas o reino... o reino precisa desse casamento. É o que esperam de mim."

— "E o que eu esperava de você, Rhaenyra?" — Naerys perguntou, o tom de sua voz endurecendo. — "Eu esperava que você lutasse por nós, como eu lutei. Mas tudo o que vejo agora é você se dobrando diante do que o reino quer."

O silêncio no salão era pesado. Os conselheiros e nobres presentes trocavam olhares, incertos sobre como proceder diante daquela cena tensa. Viserys, ao fundo, observava em choque. Ele havia acreditado que sua irmã estava morta. Agora, vê-la de volta, ainda mais feroz e com uma cicatriz que falava de provações inimagináveis, o deixou sem palavras.

— "Naerys..." — Rhaenyra tentou mais uma vez, sua voz embargada. — "Eu ainda te amo, mas eu pensei que você nunca mais voltaria. E o reino precisa desse casamento."

— "Eu não sou um fantasma que você pode enterrar, Rhaenyra," — Naerys respondeu, os olhos fixos nos de Rhaenyra. — "Eu estou viva. E enquanto eu estiver, não permitirei que você se esqueça do que compartilhamos."

Rhaenyra sentiu o impacto das palavras de Naerys, e por um breve momento, o peso do dever parecia menor diante da intensidade do que havia entre elas. Mas o olhar de Laenor Velaryon, parado ao lado de Rhaenyra, lembrava-a da realidade que a cercava. Ela estava presa entre dois mundos: o amor que sentia por Naerys e o dever que tinha com o reino.

Naerys, no entanto, não estava disposta a aceitar isso. — "Você pode se casar, Rhaenyra, mas não pense que isso acabará comigo. Eu voltei. E não vou desaparecer tão facilmente desta vez."

Com essas palavras, Laenor decidiu intervir, pensando que poderia restaurar a ordem. Ele deu um passo à frente, sua voz soando firme. — "Naerys, por favor, não venha aqui perturbar a celebração. Rhaenyra fez o que era necessário para o reino."

Naerys virou-se para Laenor, o desprezo transparecendo em seu olhar. — "Você não tem ideia do que está falando, Laenor. Isso não é apenas sobre política. É sobre amor. E você não deveria se intrometer em algo que não entende."

A tensão no ar cresceu, e antes que alguém pudesse intervir, Naerys lançou um soco em Laenor, atingindo-o com toda a força que havia acumulado durante os últimos dois anos. Ele caiu no chão, atordoado, e a sala ficou em silêncio absoluto.

Mas a situação não parou por aí. O amigo de Laenor, que estava próximo, não suportou ver a agressão e avançou em direção a Naerys. — "Você não pode fazer isso!" — ele gritou, lançando-se sobre ela em um ataque furioso.

Naerys, no entanto, estava consumida pela raiva e pela adrenalina. Com um movimento rápido, ela desferiu outro golpe, mas desta vez, com uma habilidade mortal que aprendeu durante seu cativeiro. O homem caiu ao chão, e o que deveria ser um golpe de defesa transformou-se em algo mais.

A sala ficou em choque, a música parou, e os olhares de horror se voltaram para Naerys, que ficou parada, ofegante, com as mãos tremendo, percebendo o que acabara de fazer.

Viserys, atordoado e em estado de choque, caminhou para frente, olhando para a cena. — "Naerys, o que você fez?" — ele perguntou, sua voz cheia de incredulidade.

Naerys olhou em volta, os rostos dos nobres e amigos de Laenor cheios de ódio e medo. O peso de suas ações começou a se instalar. Ela não tinha apenas ferido o amigo do Laenor ela havia cruzado uma linha que não poderia ser desfeita.

— "Eu... eu...," — Naerys balbuciou, sua bravura esmorecendo diante da realidade do que havia acontecido. O banquete que deveria ser um momento de celebração agora se transformara em um pesadelo. E enquanto olhava para Rhaenyra, o amor que antes havia sentido agora estava misturado com a dor e a perda, dando lugar ao terror do que seu retorno havia desencadeado.

Naerys Targaryen estava de volta, mas a tempestade que a acompanhava era mais forte do que qualquer um poderia imaginar. O que viria a seguir seria uma luta não apenas pelo amor, mas pela própria vida, enquanto o reino assistia em silêncio, preparado para as consequências do caos que se instalara na Fortaleza Vermelha.

*Notas*

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Dragon dynasty  (Rhaenyra Targaryen)Onde histórias criam vida. Descubra agora