Capítulo 1- A Aposta

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Capítulo Um: A Aposta

A noite se arrastava na pequena cidade de Eldridge, onde os ecos da vida noturna se misturavam com a brisa gelada. Em um bar mal iluminado, um grupo de homens se aglomerava em torno de uma mesa, suas risadas altas e animadas abafadas pelo som da música que tocava ao fundo. No centro da mesa, um homem, visivelmente bêbado, gesticulava com uma garrafa de uísque na mão, sua fala arrastada.

Entre os presentes, Gabriel se destacava. Com uma aparência que parecia congelar o tempo aos 22 anos, seus cabelos loiros caíam suavemente sobre a testa, enquanto seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade quase hipnotizante. Ele era um vampiro que exalava um ar de confiança e mistério, sempre à procura de um novo passatempo.

— Eu aposto que você não tem coragem de… de levar uma mulher… uma mulher… a sua casa! — O homem bêbado desafiou, a voz embargada pela bebida. O desafio despertou a atenção dos outros presentes, que se inclinaram para ouvir melhor. Mas, ao ver que sua pilha de fichas se esgotava rapidamente, o velho começou a olhar ao seu redor, sem saber o que mais poderia oferecer.

— O que você tem a apostar? — um dos homens perguntou, com um sorriso sarcástico.

O bêbado hesitou, a mente turva, até que uma ideia ridícula lhe ocorreu. — E se eu apostasse minha filha?

Um murmúrio de incredulidade percorreu a mesa. Todos sabiam que ele estava bêbado, mas a ousadia da proposta deixou o ar tenso. Gabriel, por sua vez, apenas sorriu, divertido e intrigado.

— Você está falando da sua filha de vinte anos, correto? — Gabriel perguntou, a voz suave como um sussurro noturno. O homem bêbado acenou, os olhos semicerrados de sono.

— Então vamos fazer isso.

A mesa ficou em silêncio enquanto Gabriel formulou a proposta. — Se eu conseguir levá-la para a minha casa, será para sempre. Se não conseguir, saio da sua vida para sempre. — O desafio estava lançado, e as risadas logo se transformaram em murmúrios de excitação. Todos sabiam que Gabriel era astuto, mas ninguém esperava que ele realmente fosse levar a aposta a sério.

A caminho da casa do homem, Gabriel não pôde evitar pensar na jovem. Seu nome era Ane, e ele soubera dela apenas através das histórias contadas nas noites de bebida. Ela era bonita, com cabelos castanho-escuros e olhos que brilhavam com a luz da lua. No entanto, sua vida era marcada por desilusões e sonhos não realizados, algo que sempre o intrigou.

Quando Gabriel chegou à pequena casa, o clima era tenso. Ane estava na sala de estar, lendo um livro enquanto a música suave preenchia o ambiente. Ela levantou o olhar quando ele entrou, a curiosidade estampada em seu rosto. O vampiro se aproximou, sua presença dominadora fazendo-a sentir um arrepio.

— Quem é você? — Ane perguntou, desafiadora, mas com uma pitada de medo em sua voz.

— Gabriel — ele respondeu, sem se apresentar completamente. — Eu vim buscar você.

— Buscar? O que você quer de mim? — Ane não conseguia entender o que estava acontecendo, mas sabia que não gostava da maneira como ele a olhava.

— Uma aposta foi feita, e você é o prêmio. — As palavras dele pairaram no ar, e ela sentiu seu coração acelerar. Gabriel se inclinou para frente, a intensidade do olhar quase hipnotizante. — Você vai morar comigo para sempre.

— Não! Você não pode fazer isso! — Ane respondeu, indignada. Ela se levantou rapidamente, mas ele já estava ao seu lado, segurando seu braço com firmeza, mas sem machucar. A conexão entre eles era estranha, como se o destino tivesse decidido entrelaçar suas vidas de forma abrupta.

— Papai! — Ane gritou, virando-se para seu pai que assistia à cena com um olhar embriagado. — Isso é uma brincadeira? Você não apostou em mim, apostou?

O velho bêbado apenas balançou a cabeça, um sorriso bobo nos lábios, incapaz de articular uma resposta coerente. Ane sentiu seu coração afundar. Como seu pai podia ter feito isso?

— Eu não estou pedindo permissão — Gabriel disse, sua voz carregando um tom sombrio, quase possessivo. — E você não tem escolha.

Ane se debateu, mas sua força não se comparava à dele. Em um piscar de olhos, ela se viu sendo puxada para fora da casa, a realidade do que estava acontecendo se estabelecendo em sua mente. O vampiro estava levando-a à força, e sua resistência começava a desvanecer.

A porta da casa se fechou atrás deles, e a noite fria os envolveu. Enquanto caminhavam em direção ao carro de Gabriel, Ane se perguntava como sua vida havia mudado tão rapidamente. O medo a consumia, mas, ao mesmo tempo, uma curiosidade inquietante começava a surgir dentro dela.

O que o futuro guardava para ela ao lado de um vampiro?

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