Capítulo I -

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"No meu tumulto estarão gravadas várias datas. É que eu me vi morrer diversas vezes nesta vida."

Por onde eu poderia começar?
Eu moro sozinho desde os meus nove anos de idade. Minha mãe é uma alcoólatra drogada, meu pai se suicidou, meus avós não gostavam da ideia de ter tido um neto tão cedo, ou seja, eles nunca quiseram me conhecer.

Eu meio que entendo eles, a sua filha se casou com um homem problemático e teve um filho com dezessete anos afirmando ter feito isso por que estava de fato apaixonada. Minha mãe dizia ser amor verdadeiro, eu sinceramente acho isso patético, não acredito nesse lance de "amor verdadeiro". Nós não moramos na Disney. Depois da morte do meu pai ela começou a se drogar. Como se já não bastasse a bebida.

As vezes eu ainda sonho com isso, são como flashbacks, ou um borrão. Não me lembro exatamente o que aconteceu no dia em que meu pai se matou, não consigo lembrar, vi que isso pode ser apenas um mecanismo se defesa do meu cérebro. Posso não lembrar disso mas consigo me recordar perfeitamente de um sonho que custumava ter durante minha infância. Era como uma luz, um anjo, não podia ver seu rosto mas escutava sua calma respiração ecoar pelos meus ouvidos, eu adorava aquele som, seus fios eram brilhantes como fogo, sua aura era intensa e quente, também me recordo de ver outra figura, como uma espécie olho.

[...]

| 07:00 |
𐙚
Ouço o barulho do meu despertador tocar, me levanto relutante indo em direção a porta do meu quarto, abrindo-a em seguida. Vejo Summer; meu gatinho, vir em direção a mim pedindo por carinho, o que eu fiz com um leve sorriso no rosto. - Ah..- suspiro. - Mais um dia naquele inferno.

Sigo para o meu banheiro, me despindo e indo para o box. Ao ligar, sinto a água morna percorrer por todo o meu corpo, me trazendo uma sensação de leveza, que não vai durar por tanto tempo. Ao passar o sabonete pelo meu corpo, sinto os relevos de minhas cicatrizes, o que me trouxe um sentimento estranho.
Não gosto delas, porém desgosto ainda mais de seus responsáveis.
Ao terminar de me banhar e me secar, pego o meu uniforme; um blazer preto, calça da mesma cor, blusa social branca. Nós pés eu apenas vesti a minha querida meia com estampas de pequenos deedpools e coloquei meu amado all star de cano alto da cor azul. Ao terminar de me vestir, vou para a porta da minha casa, trancando-a e seguindo para a linha de metrô que não era muito longe.

O metrô não demorou tanto para chegar. Como ainda era cedo, era esperado que o metrô estivesse cheio já que é o horário que as pessoas geralmente pegam para ir para o trabalho, mas para a minha sorte haviam lugares disponíveis para eu descansar um pouco mais. Eu logo me sentei em um dos acentos vagos, tirando meus fones do bolso da minha calça, colocando para tocar algumas músicas aleatória. Meu fone tocava: "Reflections ‐ The neighbourhood", "Superman - eminem, dina rae", "bring me to life ‐ Evanescence", "amar amei - Mc Don Juan", "bilu, bilu ‐ Pablo", "When
I was Your Man - Bruno mars".
Eu já tive algumas amizades brasileiras, então sei uma palavra ou outra em português.

E então eu finalmente cheguei em meu amado destino: inferno.
Peguei a minha mochila e saí pela porta do transporte subterrâneo. Eu teria que realizar uma pequena caminhada para de fato chegar ao local de ensino. Nossa, como eu estou animado..

Eu andava de forma preguiçosa, gostaria de estar jogado em minha cama e no conforto do meu quarto provavelmente lendo algum mangá ou assistindo ao primeiro filme de deedpool, cujo melhor anti herói do mundo na minha opinião. - Espero que o dia hoje seja um pouquinho mais interessante..- resmungo para mim mesmo. Decidi tirar meu celular do bolso para olhar as horas e acabei me distraindo com algumas notificações. No fim, eu esqueci de olhar as horas e estava jogando um joguinho off-line. Como estava distraído, não prestei atenção no seu redor, então não sabia nem aonde estava indo, apenas continuava andando em linha reta.

Soukoku - O Meu Doce SofrimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora