Capítulo 4
SER UM BOM IRMÃOMichael's POV
Meu pai ficou até tarde no trabalho, de novo. Tive que cozinhar o jantar para Elizabeth e eu. Está cada vez mais difícil lidar com a minha irmã. Ela sempre quer agradar nosso pai, e não consegue se conformar que ele não dá a mínima para ela.
Elizabeth corre em círculos, todos os dias, procurando chamar a atenção do nosso pai. Já tentei conversar com ela, até minha mãe, antes do divórcio e antes de morrer, tentou, mas ela não escuta. Foi graças à isso que nossa mãe não conseguiu a guarda. Meu pai a manipulou, fezela mentir no tribunal e foi nisso que deu.
Eu passo o dia cuidando da Lizzie, ela não me odeia tanto assim, sei que ainda se importa comigo, assim como eu me importo com ela. Elizabeth é tudo o que eu tenho, a única família que me restou.
Estava assistindo televisão quando a porta da entrada da casa abriu. Meu pai apareceu, com aquela cara brava e a palidez estranha. Ele olhou na minha direção, eu apenas fingi não o vê-lo.
- Saia daí.
Me levantei do sofá, ele se sentou.
- Pegue uma garrafa de cerveja, agora.
Fui até a cozinha, abri a geladeira, peguei a garrafa, voltei para a sala e a entreguei à ele. Meu pai pegou o controle da televisão e começou a passar os canais. Eu estava prestes a subir as escadas que davam para o andar de cima quando Elizabeth as desceu correndo. Lá vamos nós de novo.
- Oi, papai! - ela parou ao lado da televisão.
- Olá, Elizabeth. - ele disse, desinteressado.
- Eu fiz um desenho para o senhor.
- ela entregou o papel à ele.- Nossa, que adorável! - notei o puro sarcasmo na voz dele, aquele desgraçado.
- Você gostou?
- Sim, sim, claro. Agora vá para o seu quarto.
- Tudo bem. Boa noite, papai! - ela passou por mim, sorrindo.
Coitada dessa menina, ficando feliz com isso. Olhei para meu pai, ele amassou o desenho e jogou num canto. Se eu pudesse, enchia esse cara de porrada. Ela não merece nada disso.
Eu nunca falo com o meu pai, absolutamente nunca. Deixei de me importar com isso. No ano passado, ele me batia todos os dias, fiqueicinco noites trancado no quarto do Evan, onde aqueles monstros horríveis vinham me matar. Sempre quando o relógio marcava meia noite, aquele pesadelo começava de novo. Ainda tenho sonhos com aqueles monstros, todas as noites, às vezes não consigo dormir, apenas tomando remédios para insônia.
Resumindo, minha vida é um inferno. Um inferno que eu mesmo causei.
Fui para o meu quarto e me deitei na cama. Não conseguia dormir, a qualquer momento, sentia que algo viria me matar. Me sentei, mais uma noite passada em claro provavelmente. Olhei para o meu braço e vi os inúmeros curativos; pensei naquela garota. As únicas pessoas que são boas comigo são meus amigos, aquilo foi uma surpresa.
Mas, como ela não é daqui, não faz a mínima ideia sobre o acidente. Se ela soubesse, nunca teria me ajudado. Eu poderia ter feito que nem antes, poderia ter quebrado o Vance de porrada, até que ele implorasse para eu parar, mas por que gastar o meu tempo? Ele estava certo, eu matei o meu irmão, eu sou um babaca, eu tinha aquela posa de badboy só para esconder as merdas das inseguranças. Agora, eu sou só um motivo de piada, de ódio, de pena.
Às vezes, eu realmente queria sumir. Talvez, sem eu aqui, a vida de todos seria infinitamente melhor. Minha mãe estaria viva, casada com o meu pai, e ela não seria o cara idiota que ele é agora. Meus irmãos estariam felizes, o Evan estaria vivo. Tudo estaria muito bem. Mas eu que destruí a minha família. Agora, entendo o motivo de meu pai sempre ter dito que eu ter nascido foi um erro. Eu sou uma anomalia, uma falha.
Eu me mataria, se não fosse pela Elizabeth. Eu tenho que cuidar dela. Quando eu fizer dezoito anos, vou ser maior de idade. Irei tirar uma carteira de motorista, começar a trabalhar, comprar um apê, conseguir a guarda da Lizzie, e levá-la para morar comigo. Falta pouco, daqui à dois meses é meu aniversário de dezessete anos. Apenas mais um ano e tudo vai se resolver. Pelo menos alguém tem que ser salvo desse inferno, e esse alguém é a minha irmãzinha. Eu não consegui ser um irmão bom para o Evan, então, vou ser para ela.
Abri a gaveta da cômoda e peguei o frasco com as pílulas. Não trouxe água para o quarto, então, teria que engolir a seco mesmo. O efeito não era instantâneo, mas, depois de alguns minutos, já começei a me sentir sonolento. Me deitei, e apaguei na hora.
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" WELCOME TO HURRICANE! " - FNaF
Fanfiction" BEM-VINDO À HURRICANE! " ( O Verão I ) Sarah, uma jovem de dezesseis anos, vai passar suas férias de verão na casa dos tios em Hurricane, Utah. Lá, ela conhece pessoas singulares, vive experiências inusitadas e se encontra no meio de um mis...