"You didn't go througt all of that for nothing"
Acordo com a luz do sol em meu rosto. De certa forma ainda tenho a esperança de que tudo isso seja um sonho, mas o grito de uma criança de dez anos me devolve para a realidade. Sinceramente, péssimo!
E isso foi apenas o meu primeiro dia ali.
Acabou que eu estava certa e Ayato realmente não tinha pais e por alguma razão ele se apegou a mim. Por pura conveniência minha e dele acabei ficando e logo os dias se tornaram em semanas. Mas é claro que durante esse tempo eu não fiquei parada. Tentei aprender o máximo que pude sobre aquele lugar e em qual parte da linha do tempo eu estava. Assim como Ayato havia dito, a Hokage atual era uma mulher. Estava na época da godaime Hokage mas eu ainda não sabia quando. Antes do timeskip? Durante? Depois? Não sabia.
Eu me orgulhava por ser uma fã de Naruto, mas nem eu me lembrava de tudo. E tenho que admitir que não vi todos os episódios com a devida atenção.
Ah se arrependimento matasse.
Bem de qualquer maneira, Ayato e eu havíamos criado uma rotina. Admito que eu gostava da companhia dele, me lembrava do meu irmão mais novo. O pensamento me deixou triste. Eu sentia falta deles. Da minha família e amigos.
Eu sentia falta de tudo, até das brigas. Talvez não das brigas.
Incrivelmente eu ainda não tinha chorado. Sempre tive dificuldade de chorar mesmo quando queria. Mas em compensação, em qualquer briga eu era a primeira a soltar lágrimas. Apesar de que estranhamente era só isso. Uma única lágrima caia de meus olhos e pronto.
Só pelo drama.
Algumas pessoas dizem que não chorar é sinal de uma mentalidade forte. Pois eu digo o contrário. É falta de inteligência emocional. E eu sou assim.
Infelizmente.
Saio dos meus devaneios com o som da porta. Atendo e me deparo com Kagami, uma 'bondosa' senhora que vende hortaliças. Noto que está frenética e a curiosidade leva a melhor.
"Kagami-san porque a pressa?"
"Ayume-san, há forasteiros na cidade e por isso estamos todos animados. Faz tempo desde que não recebemos turistas. Talvez seja a nossa oportunidade de reerguer a vila!"
"É mesmo? Fico feliz Kagami-san, espero que os negócios melhorem"
"Sim minha querida, também espero. Tome um doce da padaria da minha filha, ela ficou tão animada com a chegada dos visitantes que acabou fazendo demais. Um deles gosta de doce sabe."
"É mesmo?"
"E são bonitos! Homens fortes e bonitos. Se já não estivessem reservados para a minha filha te apresentaria querida. Mas você entende não? Ela vai fazer vinte e cinco este ano e não é sempre que aparece belos homens. Mas talvez você possa ficar com o outro, em comparação ao primeiro talvez não seja muito, mas se quiser os apresento."
"Muito obrigada Kagami-san, mas preciso ir. Adeus."
"Adeus minha querida, e seja compreensiva se puder ficar em casa hoje, por isso já lhe trouxe as mercadorias."
"Claro, tchau tchau"
Kagami-san é mãe de três filhas e dois filhos. Aparentemente nessa sociedade feudal uma das maiores preocupações dela é casar as filhas. Suzune-san é a mais velha e a única que ainda não casou. Isso não é um problema, mas pelo visto aqui é.
Esse é um dos motivos por Kagami-san estar tão receosa com a minha presença. Ela teme que eu roube os pretendentes da sua filha. Ela me lisonjeia, pessoalmente nunca me destaquei muito em meu mundo, sendo considerada acima da média mas nada exorbitante, mas aparentemente aqui, a minha pele morena, meu olhos amendoados e lábios volumosos se destacavam. E não vamos nem falar do cabelo. Como eu já chamava atenção demais, Ayato sugeriu que eu usasse um novo nome que não soasse tão diferente. Optei por Ayumi. Gostei do significado, uma vez que significava beleza ambulante. Ayato relutou dizendo que de beleza eu não tinha nenhuma mas no fim concordou.
Sério, era como um irmão mais novo.
Ayato chega assim que fecho a porta e cruza os braços. Acho que ele ouviu.
"Não entendo a preocupação dela, não é como se você fosse bonita sabe."
"Vejo que você ainda não perde a chance de me xingar né "
"Alguém tem que te falar da sua feiura. Antes eu do que o povo da rua. "
Agora ele parecia minha mãe.
"Pode guardar sua opinião e aproveita e vai pegar água vai."
"Tcht"
Ele reclama mas faz o que peço.
O tempo passa e Kagami-san continua me trazendo as mercadorias. Acho que os turistas ainda estão aqui e ela realmente não quer que eu saia. Deve estar desesperada mas não reclamo, isso me ajuda.
Finalmente após uma semana dou uma basta e decido sair de casa. Vai ter uma feira em uma das vilas próximas e não irei perder por nada. Fui complacente até agora com as vontades de Kagami-san mas apenas porque não queria gerar indisposição, afinal, se tem uma coisa que aprendi aqui é que as fofocas voam. Sejam elas verdade ou não.
Chamo Ayato para ir comigo. Ele faz birra mas vai mesmo assim. Suspeito que o motivo era que ele não queria ficar sozinho. Fechamos a casa e fomos lado a lado e um silêncio confortável. Logo chegamos ao nosso destino. Eu fiquei curiosa como seria uma grande vila aqui e era maior do que esperava. Apesar de não ser comparável as capitais brasileiras, era bem grandinha. Sorte a minha que já sabia lidar com multidões. Segurei Ayato pelo braço e juntos fomos olhar as tendas. Achei um colar que ficaria uma graça nele e acabei levando. Daria de presente mais tarde. Era uma pedra bem simples mas tinha a mesma cor de seus olhos, um verde água brilhante.
Bem quando ia continuar minha caminhada, noto Kagami-san e sua filha na multidão. Estão ambas bem vestidas e parecem estar procurando algo. Tento me fundir com a multidão mas em vão, pois logo elas vêm em minha direção. Assim que elas chegam digo a Ayato para dar uma olhada nas barraquinhas.
"Que surpresa vê-la aqui Ayume-san. Não sabia que viria."
"E um festival tão famoso não seria possível eu ficar em casa sabe? "
Elas ficam insatisfeitas claramente. Mas não entendo essa birra comigo sério. Uma rivalidade desnecessária. Eu sinceramente espero que Suzune-san se case o mais rápido possível e saia da minha cola.
Parecia que iam dizer alguma coisa quando seus olhos brilham e se desviam para algo atrás de mim.
Deve ser os forasteiros.
Aproveito a distração e me misturo da multidão. Não queria lidar com isso agora.
Ao invés disso começo a pensar em minha vida aqui. Juntando todas as informações até agora percebi que estava na parte em que Naruto estava viajando com Jiraya. Ainda não havia notícia do sequestro de Gaara portanto era seguro assumir isso.
Tendo isso em mente percebo que deveria tomar cuidado. Amo Naruto e todos os personagens, mas tenho plena consciência que talvez o meu encontro com eles talvez não fosse da maneira que eu gostaria. Mas claro que secretamente eu queria ver os meus personagens favoritos. Era uma eterna briga entre entre o meu emocional e racional. Fazer o quê. Todos temos o nosso traço tóxico e esse é apenas um dos meus.
De qualquer forma era isso.
Decido procurar Ayato quando, de repente, dou de cara com um torso largo à minha frente. O aroma que emanava daquela pessoa chegava a ser irresistível. Seus ombros, eram firmes, e ele era pelo menos dez centímetros mais alto do que eu. Quando ergo o olhar, fico surpresa ao ver quem é.
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Em outra vida | Uchiha Itachi
FanfictionItachi x leitora Dizem que temos três tipos de amores na vida: O primeiro, é o amor da adolescência, que te ensina a querer, cheio de ilusões. O segundo, é aquele que te magoa tanto, que você sabe que não é para ti, mas te amadurece. O terceiro, é...