Capítulo 23 - A Primogênita Perdida

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A viagem de três dias parecia interminável para Celeste. Cada quilômetro a aproximava da verdade que precisava enfrentar, mas também a afundava mais em uma maré de dor e angústia. Quando finalmente chegou a New Orleans, ela pediu a Caroline que a esperasse em um bar, enquanto tomava coragem para encarar o peso de seu passado com Elijah.

Ao bater na porta da mansão Mikaelson, seu coração estava apertado, o passado martelando em sua mente. Quando a porta se abriu, Elijah a recebeu com um sorriso suave, um alívio silencioso em vê-la novamente. Mas ao notar seu semblante triste, a expressão dele mudou, refletindo um pressentimento sombrio.

"Eu vou explicar tudo," ela disse com a voz baixa, como se as palavras pesassem cada uma.

"Eu sabia que você iria voltar," ele respondeu, mas a esperança em seus olhos começava a se desfazer ao notar o olhar quebrado dela.

Celeste entrou, sentou-se na mesa, e o silêncio entre eles era um abismo profundo.

"Primeiramente... eu já sei que você sabe que eu não sou uma bruxa comum..."

"Há rumores..." Elijah respondeu, hesitante.

"Eu sou uma bruxa do fogo... uma fênix, para ser mais exata," ela confessou, seus olhos fixos nos dele, esperando a tempestade que viria com essa verdade.

"Achei que as fênix tivessem sido extintas...?" Elijah indagou, ainda tentando compreender.

"E foram..." respondeu, e o silêncio se estendeu entre eles, cortante. Ele a olhou, perplexo, o choque visível em seu rosto.

"Em 1492," Celeste começou com um nó na garganta, "nós estávamos juntos."

"Sim," Elijah concordou, "foi a sua primeira visão."

Ela baixou os olhos, um peso insuportável nas próximas palavras. "Eu... estava grávida."

Elijah recuou um pouco, a incredulidade estampada em seu rosto. "Grávida?"

"Sim," respondeu, e sua voz tremeu. "Um filho seu."

"Isso é impossível..." Elijah disse com firmeza, tentando se convencer de que aquilo era um erro, uma mentira que o universo jogava para atormentá-lo.

"Teoricamente seria, sim," ela explicou. "Mas eu que fiz o feitiço para criar os vampiros. Naquele ano, você e eu realizamos um ritual para tirar sua infertilidade. Era arriscado, mas... queríamos tentar. Só que, para isso, eu teria que abrir mão dos meus poderes durante toda a gravidez."

Elijah ficou em silêncio, processando a profundidade daquele segredo enterrado.

"Funcionou?" Ele mal conseguiu murmurar, sua voz tão frágil quanto um sussurro.

Antes de ela responder, fragmentos de memórias retornaram a Elijah, imagens turvas de Celeste com uma barriga levemente arredondada, com a felicidade irradiando de seus olhos. Ele quase podia ouvir o riso deles, os planos e sonhos que tinham compartilhado.

"Mas... eu perdi o bebê," ela disse, e as palavras pareciam cortar o ar. Celeste segurou o choro, e Elijah, sentindo a mesma dor ecoar dentro de si, fez o mesmo.

"O vendedor..." Elijah sussurrou, como se, ao nomear a dor, pudesse dissipá-la.

Celeste assentiu em silêncio. Elijah então lembrou do bárbaro mercador que havia invadido a casa deles quando Celeste estava sozinha, atacando-a brutalmente. A lembrança fez seu sangue ferver, revivendo cada golpe e grito que ele nunca chegara a ouvir, mas que ressoava no vazio de suas lembranças.

"Como eu perdi a humanidade?" Elijah perguntou, sem conseguir conter as lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

"Aquela era a única chance que tínhamos de ter um filho," disse ela, sua voz quebrada. "Você ficou arrasado e..."

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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