O Mar das desilusões

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No cais do porto, eu me via mais uma vez, observando meu reflexo no mar das desilusões. Via ali meu próprio reflexo, ou seria o reflexo de alguém que já fui? Ou de alguém que eu queria que eu voltasse? Me vejo sufocado, mesmo sem estar submerso nas águas profundas e obscuras deste mar. Mas, se eu mergulhar, será mais fácil respirar? A dor seria menos sufocante? Menos angustiante?

Uma vez submerso nas águas, é impossível retornar à superfície. Afinal, é mais fácil se acostumar com a desilusão do que com a dor da perda. Que mal eu fiz ao mergulhar nas águas, achando que nesta poderia voltar? Me vejo lembrando de nós, dos nossos momentos juntos, dos nossos sorrisos, das nossas risadas, das nossas brincadeiras, das suas surpresas, mesmo sabendo que eu não me diverti muito, só para mim ver sorrir...

Completamente iludido, achando que pensamos voltar a ser o que éramos. É tão sufocante estar descendo nas profundezas desse mar, é tão torturante saber que, não importa o quanto eu tente, você nunca me amará novamente.

Mais uma vez, estou me acorrentando neste mar, me sufocando com desilusões criadas pela minha própria mente. Me vejo descobrindo a cada segundo que passa. Já não vejo mais a superfície, e nem sei se tenho forças para subir até lá. Afinal, estou tão submerso neste mar que já não vejo a luz. Tudo é escuridão. A dor sufocante já não existe mais, e eu apenas me costumei a afundar cada dia mais neste mar de desilusões...

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