Até o Altar

Capítulo 59: Aniversário do Ron

Quinta-feira, 1º de março de 2001

Ron havia voltado a morar sozinho no apartamento em cima das Gemialidades Weasley há algumas semanas. A casa tinha o tamanho ideal para duas pessoas, mas para ele sozinho, tudo parecia grande demais, vazio demais, silencioso demais. Especialmente na manhã do seu 21º aniversário. Ele havia combinado de comemorar com George, Angelina, Ginny e Harry no Caldeirão Furado depois do expediente, mas não estava animado; na verdade, se sentia exatamente o oposto.

A culpa pela forma como o relacionamento com Carol havia terminado pesava em sua mente. Ele não conseguia imaginar viver para sempre longe da família, mas estar de volta sem a noiva também lhe causava uma sensação estranha, parecida com a que sentia enquanto estava com ela e pensava na família. A incerteza sobre como as coisas haviam acabado e o que poderia ter sido diferente o atormentava.

Ainda de pé na cozinha, apenas parcialmente acordado, Ron foi surpreendido por uma Coruja-das-Torres que entrou pela janela, que ele nem ao menos lembrava de estar aberta. Ela trazia uma caixa e uma carta. Aquele era o último presente que ele esperava receber.

Na caixa havia um tabuleiro de xadrez de bruxo, com peças de marfim, e no envelope, uma carta com apenas uma frase: "Já estava comprado. Feliz Aniversário." Ele sorriu lendo a carta, sabia que Carol ainda estava magoada com ele, mas aquele presente parecia ser um bom sinal, talvez um indício de que ela ainda pensava nele.

O dia passou lentamente, e Ron não conseguia tirar a carta da cabeça. Ele se preparou para o encontro com os amigos, mas a animação não veio. Enquanto caminhava para o Caldeirão Furado, ele se perguntava se conseguiria se divertir naquela noite.

Chegando ao pub, encontrou George, Angelina, Ginny e Harry já esperando por ele. Eles o saudaram com sorrisos e abraços, tentando animá-lo. George fez uma piada sobre Ron finalmente alcançar a idade adulta, mas Ron apenas deu um sorriso fraco em resposta.

— Vamos, Ron, isso aqui é pra você! — George disse, batendo-lhe amigavelmente nas costas. — Pelo menos finge que está feliz!

— Desculpa — Ron murmurou, sentando-se na cadeira. — Só... não estou no clima hoje.

Ginny, que estava sentada ao lado dele, tocou suavemente seu braço. — Sabemos que as coisas têm sido difíceis, mas estamos aqui para te apoiar. E Carol... Bem, as coisas podem se resolver com o tempo.

Ron suspirou, pegando uma caneca de cerveja amanteigada. — Eu sei... Só que... — Ele parou, procurando as palavras. — Não achei que estaria aqui, comemorando sem ela.

Harry falou com calma. — Ron, nós todos nos preocupamos com você. Sabemos que o que aconteceu com Carol foi difícil, mas você precisa dar tempo ao tempo. E estamos aqui para garantir que você não passe por isso sozinho.

A noite seguiu com conversas descontraídas e algumas risadas, mas Ron ainda estava absorto em seus pensamentos. Mesmo com o apoio dos amigos, a ausência de Carol era palpável para ele.

Ao final da noite, quando todos estavam se preparando para ir embora, Harry se aproximou de Ron e disse baixinho: — Ei, se precisar de alguém para conversar, sabe onde me encontrar. Você não precisa enfrentar isso sozinho.

Ron assentiu, apreciando a oferta, mas sem palavras para responder. A noite havia sido menos sombria do que ele esperava, mas ainda assim, ele sabia que o caminho para superar o que sentia seria longo e solitário.

Enquanto voltava para o apartamento vazio, ele se pegou pensando nas palavras de Carol na carta. Será que havia uma chance de reconciliação? E se houvesse, estaria ele preparado para enfrentar o que isso significaria?

Ele não sabia as respostas, mas uma coisa era certa: o tabuleiro de xadrez estaria ali, esperando por ele, assim como as memórias do que havia sido e as possibilidades do que ainda poderia ser.