Eu estou literalmente correndo pelo corredor sem me importar com as vezes que bato contra o corpo de outros enfermeiros.
Assim que entrei no quarto de Michael pude sentir meu coração se partir em milhares de pedaços. Dois homens o seguravam e um terceiro tinha uma seringa na mão.
- Solta ele. - praticamente rugi, mas eles pareceram nem notar minha presença. - Larguem ele agora! - gritei irritado então todos os olhares se voltaram para mim e eu pude finalmente focar meus olhos em Michael. Ele parece tão amedrontado e eu apenas quero matar quem o deixou assim. - Eu mandei soltar! Ou vocês preferem que eu chame a diretoria? - eles soltaram Michael e o mesmo se levantou em um pulo e correu até mim apertando meu corpo em um abraço, se escondendo contra meu peito. - Saiam! - ordenei e eles passaram por mim, saindo do quarto. Bati a porta atrás de mim e analisei Michael por alguns segundos.
Ele chorava compulsivamente, soluços sôfregos escapavam de sua garganta, seu frágil corpo estava tremendo e frio. Me doí ver ele assim. Me dói ainda mais o fato de eu conhecer a dor que ele sente.
O puxei até a cama, me encostei contra a parede e Michael logo se aconchegou ao meu lado me abraçando. Eu mexia cuidadosamente em seu cabelos e deslizava minha mão delicadamente em suas costas.
- Você sabe que eu estou aqui com você não sabe? Você sabe que tudo vai ficar bem, tudo bem Michael. - beijei o topo de sua cabeça. Ele ainda tremia, mas seu choro ia ficando cada vez mais baixo. - Tudo bem, ninguém vai te machucar. Aqueles homens não vão chegar perto de você, eu não vou deixar. - Michael me olhou com aqueles seus grandes olhos de filhote, com pequenas lagrimas escorrendo deles.
Eu sequei suas lagrima e beijei sua testa. Deslizei meu polegar pela sua bochecha enquanto ele permanecia me olhando.
- Você promete? - ele disse com sua voz tremula.
- Eu prometo. - Michael voltou a encostar sua cabeça em meu peito. Quem eu sou dentro dessa instituição para prometer alguma coisa a ele? Ninguém, mas para ajudar as pessoas daqui, principalmente pelo bem estar de Michael eu passo por cima das regras estupidas de quem quer que seja - o que aconteceu Michael?
- Eles... eles queriam me obrigar a comer, eu não quero comer, eu não posso comer, os outros dizem que isso não agrada eles. - Michael disse baixo, como se fosse um segredo e enrolou seus dedos em minha camiseta - eles falaram da mamãe e eles não podem falar dela, mas não importa, ela já não deve mais gostar de mim.
- Não fala isso, eu tenho certeza que ela te ama muito.
- Então por que ela não vem me ver? - eu suspirei sentindo meu coração se quebrar mais uma vez em milhares e pedacinhos.
- Onde você está, você não pode receber visitas de ninguém de fora do hospital, se você quiser ver ela, vai ter que melhorar, entende? - ele confirmou minimamente com a cabeça. - Você quer melhorar?
- Quero. - Michael murmurou.
- Então me prometa algumas coisas: você vai tomar os remédios na hora certa; não vai faltar no seu psicologo e vai tentar conversar com ele; você não vai deixar de comer. Se você cumprir essas coisas eu prometo vir te ver todo dia e ir com você até o jardim, prometo não deixar ninguém te machucar.
- Eu prometo. - o olhei e sorri.
- Que tal comermos agora? - Michael choramingou e se escondeu contra mim mais uma vez. - Só algumas bolachas uh?
- Tudo bem. - sorri e baguncei seu cabelo. - Daqui a pouco eu volto - o soltei com muito sacrifício e assim que sai pela porta eu corri, não pra pegar bolachas e sim até a sala de nossa diretora.
Bati na porta e logo a mesma foi aberta. Eu estou furioso. Praticamente invadi a sala e encarei a mulher a minha frente.
- Já sabe o que aconteceu com um dos nossos pacientes? Michael Clifford diagnosticado com síndrome do panico e depressão. Ele foi praticamente atacado por brutamontes que iam o obrigar a fazer o que ele não queria, iam dopar o garoto! Sorte que um outro enfermeiro me chamou. A senhora tem noção do quanto aquilo o assustou? Michael é só um garoto! Pra quem já tem de conviver com o medo diariamente ser atacado não ajuda em absolutamente nada e como é diretora desse hospital presumo que sabe muito bem disso.
- Me desculpe, é um erro que nunca mais vai se repetir, eu vou selecionar enfermeiros qualificados para cuidar dele e dos outros pacientes da ala. - ela parecia envergonhada pela atitude de seus enfermeiros e não é pra menos, o que aconteceu poderia ter acabado com todo avanço que Michael já teve durante todo esse tempo.
- Se permitir eu posso cuidar dele.
- Podemos tentar. - sai da sala sem me dar ao trabalho de a responder, de qualquer maneira eu vou cuidar dele e ninguém vai poder me impedir, eu estou certo, eu sei que estou. Se eu pudesse daria toda atenção e conforto do mundo para cada paciente daqui, eu sei que isso é uma coisa que falta a muitos deles, mas infelizmente eu sou só uma pessoa pra tantas outras.
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Crazy For You ** MUKE
FanfictionLuke e voluntário em um hospital psiquiatrico e talvez o loiro de uma atenção especial a um dos pacientes. Revisada e concluída (2020)