capítulo 2.

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AGATHA'S POV

Acordei com os raios de sol batendo em meu rosto, tinha esquecido de fechar a cortina na noite anterior. Levantei e olhei pela janela, os passarinhos cantando do lado de fora e a noite muito bem dormida começavam a me convencer de que minha sensação de que algo estava faltando era apenas relacionada à minha falta de memórias e que não iria demorar para que eu voltasse ao normal.

Afinal, eu havia perdido a memória e já era ruim o suficiente, não era como se eu precisasse de mais alguma coisa para me fazer me sentir mal. O que poderia ser pior do que aquilo?

Escovei os dentes e desci a escada, encontrando Rio em frente ao fogão, fazendo algo que não eu não sabia o que era, mas cheirava bem.

— Essa é a dinâmica? Te deixo morar aqui em troca de você cozinhar para mim? — A mulher primeiro se assustou, mas logo riu.

— Quase isso.

Sentei e a observei, sua presença apesar de irritante na maior parte do tempo, facilitava as coisas. Pelo menos não precisava cozinhar sem ter a menor ideia do que gostava de comer, ela por outro lado, parecia saber. Mas esta era a pior parte, minha melhor chance de saber qualquer coisa sobre mim mesma era Rio Vidal.

— Suponho diante das circunstâncias que você é, de todas, a pessoa que me conhece melhor. — Comecei a falar.

— Certamente.

— Portanto, temos que fazer um acordo. — Falei assim que ela sentou após nos servir.

— Temos?

— Sim.

— E seria? — Questionou semicerrando os olhos.

— Você tem que falar mais. — A mulher riu de novo, que tanta graça era aquela que ela via naquela situação? — Devo ser bem engraçada para você ficar rindo a porra do tempo todo.

— Sim, é. — Falou tranquilamente, tomando seu café da manhã como se eu não quisesse a fuzilar.

— E sem ficar olhando para mim em silêncio, só vai olhar se estiver falando comigo. Olhou, vai ter que falar.

— Prefere que eu fique assim, então? — Falou comigo de olhos fechados.

Sem pensar muito, peguei o porta-copos e joguei em sua direção, acertando sua cabeça.

— Ai! — Exclamou levando a mão até a testa.

— Ah, qual é! Nem doeu.

— Doeu sim! Enlouqueceu?! Vou falar para os médicos fazerem mais exames em você! — Levantou dramaticamente ainda com a mão na testa.

— Meu Deus, isso é um pesadelo. — Segurei a cabeça com as duas mãos e os cotovelos apoiados na mesa, sem me preocupar se falei baixo ou não.

— Você não me perguntou nada. Se tivesse me perguntado, eu responderia. — Aquilo era sério? Eu que sofri o acidente e ganhei um cérebro defeituoso de brinde e ainda precisava pensar nas perguntas que quero fazer? — Pretendia o que? Que eu fizesse uma biografia completa?

— Sim?

— Não. — Ela era louca. — Pergunte o que quer saber.

— No que eu trabalho? Pelo menos isso eu ainda sei, pessoas adultas trabalham.

— Uau! Que grande descoberta! — Eu a acertaria com outro porta-copos naquele momento se tivesse algum em meu alcance, e ela sabia. — Você é detetive.

Finalmente algo que fazia sentido em meio a todo aquele caos.

— Entendi o CSI agora, então. — Pensei em mais alguma coisa que poderia perguntar. — E você?

SCARS. [ EM ADAPTAÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora