Capítulo 06 Emoções proibidas

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Eu passei os próximos dois dias ajudando minha mãe com as bijuterias que ela pegou de encomenda para uma loja da cidade. Soraia e Crístian evitaram se encontrar à noite por conta das rondas mais intensificadas que estavam realizando para espantar a onça, que voltou a atacar o rebanho. Também não vi Bruna, nem falei com o Ian para saber se eles continuaram se encontrando para as aulas de montaria, eu simplesmente me desliguei de tudo tentando colocar meus pensamentos em ordem, só não consegui.

— Que cigana prendada — falei ao me aproximar de Ariane, que estava concentrada em sua máquina de costura trabalhando em uma saia.

— Oi, Nat, senta aí — ela sorriu finalizando o babado.

— Que linda! — comentei ao ver a saia de um tecido vermelho com estampas discretas de rosas.

— O Alê me deu de presente o tecido, estou fazendo a saia para dançar hoje a noite, será que ele vai gostar?

— Ainda têm dúvidas?

— Ele ainda está mantendo distância, conversamos apenas uma vez na presença de sua mãe. Eu não sei mais o que fazer para chamar a sua atenção, Nat.

— E desde quando você precisa chamar a atenção dele? O Alê é seu noivo, ele te aceitou é óbvio que já tem essa atenção.

— Jade tem me provocado, mas não quero confusão, tenho muito medo que isso o faça desistir de mim.

— Mas Jade me disse que estava bem em relação ao noivado dela, porque ainda te importuna?

— Ela disse que se fizer o Alê sofrer vai até o fim do mundo para me achar, se estivesse bem em relação ao seu compromisso não estaria preocupada com o meu.

— Você está com ciúmes dela e ao mesmo tempo dando atenção a ameaças infundadas, Jade vai embora Ariane, não precisa se preocupar com isso.

— Eu estou com ciúme, ele é meu noivo, me escolheu e ela quer tomar de mim.

"Não sei quem está sendo mais infantil" , pensei.

Naquela época eu não entendia o significado das palavras, ciúme, insegurança, medo de perder o bem amado, não naquela proporção a ponto de ficar preocupada sofrendo por algo que sequer sabia se aconteceria, então achei a lamentação de Ariane exagerada. Meu irmão a escolheu, qual a dificuldade de entender isso? Ariane falava e as lágrimas brotavam nos olhos, é ruim que eu choraria por homem. Eu dizia isso, mas preciso dizer que queimei a língua?

Saí a procura da prima que disseram estar no riacho lavando roupa. Tínhamos os tanques com água da caixa, mas algumas ciganas ainda preferiam lavar nas tábuas em água corrente. Eu mesma já fiz muito isso, eram várias mulheres cantando e esfregando roupa, crianças brincando em volta, no fim a atividade se tornava uma diversão.

— Opchá — Nat.

— Opchá, cigana Carmencita, por acaso a Jade está por aqui?

— Ela já foi, está tudo bem?

— Sim, eu só queria falar com ela, mas não é nada sério.

— Sua mãe foi para a cidade?

— Sim, ela tem atendimento hoje.

— Não ande sozinha por aí, menina — orientou a cigana Rute, uma anciã de cabelos brancos.

— Já estou voltando para casa — respondi virando nos calcanhares.

Voltei pela estrada de chão, eu não queria topar com a onça pelo caminho, mas acabei topando com a jaguatirica.

— Ei, Bruna! — Corri para alcançá-la.

Pela força do destino - Entre a razão e o coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora