Capítulo 1

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Carol pov.

O som constante do teclado preenchia meu pequeno apartamento, linhas de código se entrelaçavam em minha mente, formando uma dança complexa que eu adorava. Era sexta-feira, e enquanto a maioria das pessoas já começava a relaxar, eu estava no meu escritório improvisado, mergulhada em mais um projeto. O café esfriava ao meu lado, esquecido, enquanto o relógio marcava 18h, o celular vibrou na mesa, interrompendo meu foco, era uma mensagem da minha melhor amiga, Ana.

"Oi, Carol! Hoje é meu aniversário e eu realmente quero que você saia de casa! Vamos ao jogo de estreia do Brasil na VNL. Por favor, não me deixe na mão! 💖"

Revirei os olhos, vôlei? esporte? Era a última coisa que queria fazer na minha sexta feira, mas Ana não era apenas uma amiga, ela era uma força da natureza, sempre tentando me puxar para fora da bolha de conforto, o pensamento de deixar Ana desapontada me fez  hesitar.

Só uma horinha,  depois você pode voltar a programar, pensou, enquanto digitava uma resposta.

"Tá bom, vou, mas só porque é seu aniversário."

Ana respondeu quase instantaneamente, com uma chuva de emojis e agradecimentos, e sensação de obrigação me envolveu, mas uma pequena voz interior sussurrou que talvez fosse bom fazer algo diferente.

A decisão estava tomada, levantei, espremendo os ombros para soltar a tensão acumulada, o espelho refletiu uma versão de mim mesma que não via há algum tempo, cabelo bagunçado, camiseta amassada, e aquela expressão de quem havia passado horas sem se olhar. Suspirei, precisava de um pouco de esforço.

Fui até o banheiro, liguei a luz e respirei fundo, um pouco de água fria durante o banho ajudou a clarear as ideias, comecei a arrumar o cabelo, prendendo em um coque bagunçado depois de secar o cabelo, deixando algumas mechas soltas emoldurarem meu rosto. A maquiagem foi mínima, um toque apenas para tirar a cara de quem não dorme a dias desaparecer.

Escolhi uma blusa confortável, mas que ainda mostrasse que eu me importava, uma calça jeans escura e um tênis casual preto, ao olhar para o espelho novamente, sorri, o que era um simples jogo de vôlei se transformava em uma pequena aventura.

Peguei minha bolsa, coloquei o celular e um casaco, por precaução, o frio da noite começava a aparecer, antes de sair, dei uma última olhada no apartamento, os códigos ainda estavam abertos no computador, mas aquela noite seria de Ana, precisava dar atenção a quem sempre me ajudou.

As ruas estavam iluminadas, cheias de vida, com pessoas se dirigindo ao mesmo evento, o som da música me fazia sentir uma certa leveza, estacionei o carro um pouco longe e peguei minha bolsa para ir onde Ana falou que estaria, meus passos ficaram mais leves, e, por um instante, deixei o trabalho de lado.

Quando cheguei ao ginásio, o barulho era ensurdecedor, a multidão vibrava, torcendo, e, ao olhar ao redor, procurei Ana. Assim que a vi, acenando freneticamente com um balde de pipoca na mão, não pude evitar um sorriso, ela estava radiante, e a animação dela era contagiante.

— Carol! Você veio! — Ana pulou na minha direção, me envolvendo em um abraço apertado. - Eu sabia que você não iria me deixar na mão!

—  Só porque é seu aniversário, não se acostume — brinquei, sentindo o calor da alegria dela me envolver. Olhando para a quadra, os jogadores se aqueciam, e a expectativa no ar era palpável.

— Vamos! Temos que encontrar o pessoal antes! — Ana puxou minha mão e começamos a nos abrir caminho pela multidão. A energia do ginásio pulsava, e, por mais que eu fosse cética em relação ao esporte, não consegui evitar a empolgação que crescia dentro de mim.

Minha nerd favorita - Rosamaria MontibellerOnde histórias criam vida. Descubra agora