Pedro point of view
⚝
Fazem um ano e um mês que terminei com João, e com o lançamento de Anti-Herói, sinto que, pela primeira vez, estou realmente deixando nossa história para trás. Não é que foi rápido. Longe disso. A dor, as lembranças, tudo ficou ecoando na minha cabeça por tanto tempo que parecia que eu nunca ia conseguir me libertar. Mas agora, com esse álbum, é como se eu estivesse entregando o peso dessas memórias ao mundo. E, junto com elas, parte de mim também.
Sei que talvez pareça precipitado para quem está de fora. "Nossa, que rápido!", alguns poderiam dizer. Mas não, não foi. Amar o João foi uma das experiências mais intensas da minha vida. E perder isso me destruiu. Mas agora, acho que é hora de virar a página. A gente precisa seguir em frente, ou a gente fica preso em histórias que já terminaram.
Saí do estúdio naquele dia sentindo algo novo: alívio. Deixei nosso passado ali, nas músicas, e caminhei de volta para uma vida que, embora ainda tenha traços do João, está começando a se redesenhar sem ele. Quando cheguei em casa, mal coloquei a chave na porta e já vi Rafael me esperando.
— Oi, amor! — Ele sorriu ao me ver, e me abraçou com aquela tranquilidade que só ele tem.
Dessa vez, o abraço foi diferente. Não era uma tentativa desesperada de preencher o vazio que o João deixou. Era só um abraço. Calmo, presente, real.
— Oi, baby — digo, selando nossos lábios num beijo leve. — Demorei? — pergunto, olhando para Rafael.
— Um pouco — ele responde, sorrindo. — Teve algo importante no trabalho hoje?
— Ah, não te falei? — perguntei de volta, animado. — Lançamos o álbum hoje!
— Ah, aquele sobre o término? — Rafael pergunta com uma expressão curiosa.
— Sim! — Respondo, agora com um sorriso aliviado. A sensação de finalmente ter fechado esse ciclo era quase libertadora.
— Podemos ouvir juntos? — ele sugere, com aquele olhar carinhoso de sempre.
Por um breve instante, as memórias com João voltaram à minha mente. Aquele tempo juntos, as músicas que escrevemos, os momentos que compartilhamos... Mas logo espanto essas lembranças. Não mais como antes, não com aquela intensidade. Era só... nostalgia.
— Claro, meu amor — respondo, sorrindo, mas algo em mim ainda pedia por mais clareza. — Mas posso te perguntar uma coisa? — digo, me afastando momentaneamente para buscar um vinho e alguns petiscos.
Enquanto pego as coisas, me sinto confuso. Era estranho estar tão em paz com o que passamos e, ao mesmo tempo, tentando entender como eu realmente me sentia agora, com Rafael ao meu lado, ouvindo as músicas que falavam de outra pessoa.
— Pergunte, amor — Rafael me responde com ternura, seu olhar cheio de compreensão.
— Por que você quer ouvir esse álbum? — pergunto, enquanto coloco as taças na mesa.
— Primeiro, quero admirar seu trabalho — ele diz, com um sorriso orgulhoso. — E segundo, porque te vi sofrer muito tempo. Chegava a doer em mim.
Suas palavras me tocam profundamente. A vulnerabilidade dele me faz perceber o quanto ele realmente se importa. Era um alicerce que eu precisava.
— Eu realmente aprecio isso, Rafael — digo, olhando nos olhos dele. — Mas não quero que isso te machuque. As músicas falam sobre um tempo que já passou, e eu estou tentando seguir em frente.
— Eu entendo — ele responde, mais sério agora. — Mas a sua história é importante, e eu quero estar ao seu lado, seja para celebrar suas conquistas ou para lidar com o que ainda está na sua mente.
Aquela sinceridade me faz sentir um calor no coração. Em momentos como esse, percebo que ele não está apenas aqui para mim como um ficante, mas como alguém que realmente se importa em compartilhar minha jornada, incluindo os altos e baixos.— Ok, então vamos ouvir — digo, pegando o controle e colocando a primeira faixa do álbum para tocar.
⋆ após toda as musicas
vejo uma lagrima solitária no rosto de meu quase amor
— O que houve, meu amor? — pergunto, enxugando a lágrima que desceu pelo rosto dele, num movimento quase instintivo.
Rafael respira fundo e sorri, meio encabulado, enquanto segura minha mão.
— É só... — ele começa, com a voz embargada. — Eu sinto sua dor em cada verso, como se estivesse vivendo tudo ao seu lado. Essas músicas... elas são intensas demais. Não é fácil ver alguém que você gosta passar por isso.
Meu peito se aquece com a sinceridade dele, essa empatia que transborda sem ele precisar dizer muito. Sinto como se, por um momento, ele estivesse ao meu lado em cada lembrança dolorida, como se tivesse me acompanhado desde o início, mesmo que não estivesse lá.
— Eu realmente não sei o que fiz para merecer alguém como você, Rafael — digo, sorrindo com o coração leve. — Obrigado por ouvir isso tudo comigo... por aguentar as memórias.
Ele me puxa para mais perto, com aquele olhar que diz tudo que ele sente, sem precisar de palavras.
— Não tem de quê — ele murmura. — Eu quero estar aqui por você. Não só nas suas lembranças, mas no presente, no futuro... tudo que você deixar.
E ali, em meio ao silêncio que as músicas deixaram, percebo que talvez Rafael seja muito mais do que apenas um capítulo novo.
Notas da autora!!
Oi, amores! 💌
Se você chegou até aqui em "Cartas e Canções para um Amor Perdido", quero muito conversar com vocês! Como estão achando a história? Estão gostando dos personagens, das reviravoltas? Acham que as coisas estão acontecendo muito rápido? 🤔
Nos últimos capítulos, tenho sentido que talvez eu não tenha explorado tanto o desenvolvimento emocional dos personagens, as camadas de tudo que estão sentindo... Vocês concordam? Ou acham que está fluindo bem assim?
Por favor, deixem um feedback! Ele é essencial para deixar a história mais envolvente e especial para vocês.
Ansiosa para saber o que estão achando!
vote e comente!<3
KAMU SEDANG MEMBACA
Cartas e canções para um amor perdido. - Pejão
FanfictionPedro e João sempre foram opostos: Pedro, o romântico incurável que sempre mostrava o coração na manga, e Jão, o prático e reservado que mantinha as emoções escondidas muito abaixo da pele ou das palavras. Foi uma diferença que às vezes os atraiu...