Pedro point of view
⚝
O sol brilhava através da janela da cozinha, iluminando a mesa onde Pedro estava sentado. Ele olhou para a xícara de café que esfriava lentamente, sua mente ainda ocupada com os ecos do passado. Faziam meses desde que ele terminara com João, e, apesar de todo o progresso que havia feito, as memórias ainda o assombravam.
Ana, sua mãe, entrou na cozinha, vestida com um avental florido, já pronta para o dia.
— Bom dia, meu amor! — disse ela, com um sorriso caloroso. — Dormiu bem?
— Mais ou menos, mãe — respondeu Pedro, sem muita animação. — Estava pensando em algumas coisas.
Ana se sentou à mesa, percebendo a sombra de preocupação em seu filho.
— Ah, filho... ainda sobre o João? — perguntou, preocupada.
Pedro suspirou, olhando pela janela. O sol brilhava, mas em seu coração havia uma tempestade.
— Às vezes sinto que estou finalmente superando tudo isso. Mas, outras vezes... eu só não consigo evitar de pensar nele. É como se, mesmo depois de tantos meses, eu ainda estivesse preso a essas lembranças.
— É normal, Pedro — Ana disse, sua voz suave e encorajadora. — O amor que você sentiu não desaparece do dia para a noite. Você precisa permitir-se sentir isso.
Pedro balançou a cabeça.
— Eu sei, mas quero seguir em frente. Tenho o Rafael, e ele é incrível. Não quero que minhas memórias atrapalhem nossa relação.
Ana sorriu, compreendendo a luta interna do filho.
— E você já conversou com Rafael sobre isso? Ele parece ser alguém que se importa com você, não acha que deveria ser honesto com ele?
— Não quero que ele se sinta inseguro. Já vi como a dor de um término pode machucar, e não quero ser a razão para ele sentir isso — disse Pedro, sua frustração evidente.
— Mas, meu querido, ser honesto pode ser a chave para um relacionamento mais forte. Às vezes, o que precisamos é apenas de um momento de vulnerabilidade — Ana sugeriu.
Pedro sorriu, agradecido pela sabedoria da mãe, mas sua mente ainda estava emaranhada. Ele decidiu que precisava de mais tempo para refletir. Assim que terminou o café, olhou para o relógio e percebeu que precisava se encontrar com Malu.
O café onde se encontraram era acolhedor, com mesas de madeira e uma atmosfera descontraída. Quando Malu chegou, seu sorriso iluminou o ambiente.
— Oi, Pedro! — disse ela, se jogando na cadeira em frente. — Como você está?
— Oi, Malu. Um pouco confuso, para ser honesto — respondeu ele, tentando disfarçar a tempestade interna.
— Confuso? — Malu perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Sobre o João ainda?
Pedro hesitou.
— É complicado. Às vezes sinto que estou conseguindo seguir em frente, mas outras vezes, como hoje, tudo parece voltar à tona.
Malu o observou atentamente.
— Pedro, você já pensou em como pode usar isso a seu favor? A música, as letras... tudo isso é uma forma de processar o que você sente.
— É... — ele começou, um pouco relutante. — Mas ouvir músicas que eu escrevi sobre ele só faz com que as lembranças voltem.
— Talvez você precise escrever algo novo, algo que simbolize sua liberdade, — Malu sugeriu, animada. — E que tal uma carta para o João? Não precisa enviar, mas colocar seus sentimentos para fora pode ser libertador.
— Uma carta? — Pedro repetiu, pensando. — Isso pode funcionar. Seria uma forma de encerrar esse capítulo.
— Exatamente! Você pode dizer tudo o que precisa, e assim, se libertar desse peso — Malu sorriu, encorajando-o.
— Ok, vou tentar — Pedro respondeu, sua mente já girando com as ideias.
— E não se esqueça, você não precisa fazer isso sozinho. Estamos aqui para você, sempre! — Malu completou.
Após o café, Pedro voltou para casa, sentindo-se um pouco mais leve. Assim que entrou, encontrou Ana na sala, organizando algumas coisas.
— Mãe, posso te perguntar algo? — ele começou, hesitando.
— Claro, querido. O que foi? — Ana perguntou, colocando as coisas de lado e se voltando para ele.
— Eu estou pensando em escrever uma carta para o João. Algo que eu nunca vou enviar, mas que me ajude a colocar um ponto final nessa história. Você acha que isso é uma boa ideia?
Ana sorriu, o brilho em seus olhos mostrando que ela aprovava.
— Acho uma ótima ideia. Às vezes, expressar nossos sentimentos pode trazer clareza e paz.
— E, sabe... eu não quero que isso me prenda mais. Eu realmente quero seguir em frente — Pedro disse, a sinceridade em sua voz.
— E você vai, meu amor. A vida é feita de ciclos, e é hora de fechar esse — Ana respondeu, envolta em um abraço que transmitia conforto e amor.
Enquanto Pedro se afastava, sentiu um calor no coração. Ele estava pronto para enfrentar seu passado e, finalmente, abrir espaço para um novo futuro. E, com a ajuda de sua mãe e de Malu, sabia que estava um passo mais próximo de libertar-se das correntes que o mantinham preso.
KAMU SEDANG MEMBACA
Cartas e canções para um amor perdido. - Pejão
FanfictionPedro e João sempre foram opostos: Pedro, o romântico incurável que sempre mostrava o coração na manga, e Jão, o prático e reservado que mantinha as emoções escondidas muito abaixo da pele ou das palavras. Foi uma diferença que às vezes os atraiu...