Jão point of view.
⚝
⋆ Passou-se alguns meses
Apesar de ter sido eu quem terminou com Pedro, me dói muito vê-lo a partir. A dor de deixá-lo me consumiu de tal forma que busquei consolo em outras bocas e me envolvi com bebidas, mas nada foi capaz de trazer Pedro de volta.
Com o tempo, essas distrações momentâneas só intensificaram o vazio que Pedro deixou. Cada noite sem sentido e cada copo vazio só me lembravam o quanto eu estava perdido sem ele. Era como se, a cada tentativa de esquecer, eu me afundasse ainda mais na saudade que tentava evitar. No fundo, eu sabia que nenhum outro rosto ou bebida conseguiria preencher o espaço que ele ocupava.
Toda madrugada era a mesma coisa: beijar, beber e me afundar cada vez mais na minha própria saudade. Mas, todas as manhãs, esses sentimentos se dissipavam assim que eu chegava na UFO, a empresa que eu, Pedro e Renan criamos. Lá, por alguns instantes, tudo parecia normal na minha vida. Eu tinha o Pepeu ao meu lado, mesmo que só no ambiente de trabalho.
Eu amava trabalhar com Pedro, mesmo que fosse um pouco caótico escrever sobre o nosso amor e sobre minhas aventuras pós-término. Cada letra parecia uma facada nas nossas memórias, e eu via no olhar dele o quanto isso o machucava. Ele sempre foi bom em disfarçar, mas não o suficiente para me esconder. Cada vez que ele ouvia músicas mais profundas, ficava claro o quanto ainda estava abalado.
— Jão... — Pedro começou, a voz hesitante enquanto mexia nas partituras. — Essas letras... é sobre a gente, não é?
Eu viajei. Não queria discutir, mas também não podia mentir.
— É... — respondi, quase num sussurro. — É o jeito que encontrei de lidar com tudo. Beijos vazios, festas que não significam nada... eu me perdi, Pedro.
Pedro respirou fundo, sem tirar os olhos das folhas na sua frente. Ele estava claramente triste, talvez até chateado, mas havia algo a mais naquele olhar.
— E você acha que isso resolve? Escrever sobre o que passou, viver nesse ciclo, como se isso fosse apagar o que a gente teve? — ele disse, a voz firme, mas relacionada com a preocupação.
— Eu não sei... Eu só sei que cada vez que tento esquecer, só me afundo mais. A verdade é que nada do que eu faço apaga a saudade que eu sinto de você. — Falei com a voz embargada, sem conseguir encará-lo diretamente.
Pedro finalmente me olhou nos olhos, e aquele silêncio foi pesado, quase insuportável.
— Eu te conheço, João. E ver você assim, se destruindo, me faça. Não importa o que aconteceu entre nós, eu ainda me importo. — Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Eu nunca quis te ver assim, perdido.
KAMU SEDANG MEMBACA
Cartas e canções para um amor perdido. - Pejão
FanficPedro e João sempre foram opostos: Pedro, o romântico incurável que sempre mostrava o coração na manga, e Jão, o prático e reservado que mantinha as emoções escondidas muito abaixo da pele ou das palavras. Foi uma diferença que às vezes os atraiu...