Capítulo 1

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Dinamarca, 13 de dezembro de 1985 - Sexta-feira

Onze de cinquenta e quatro da noite

Conforme a lenda...

Há um orfanato abandonado em meio à floresta dinamarquesa.

 Os moradores próximos ao local sussurram histórias inquietantes, afirmando que gritos são ouvidos ecoando de dentro do orfanato.

À noite, sob a luz pálida da lua cheia, a floresta ganha vida com sombras inquietantes projetadas pelas árvores torcidas. 

O vento, ao passar pelas copas, parece carregar lamentos e murmúrios distantes. Aqueles que ousam se aventurar perto do orfanato relatam um frio arrepiante que parece penetrar até os ossos.

Os sons vindos do orfanato não são apenas gritos, mas gemidos angustiantes e risadas sinistras, como se almas atormentadas ainda vagassem pelos corredores escuros. Dizem que, nas noites mais silenciosas, é possível ouvir o som de passos leves e portas rangendo, como se alguém – ou algo – estivesse preso lá dentro, esperando.

Petter Klifer, um jovem jornalista conhecido por seu espírito investigativo, decidiu filmar dentro do orfanato para montar uma matéria jornalística sobrenatural. Em uma noite fria de novembro, armado com sua câmera e uma lanterna fraca, ele adentrou a floresta, guiado pelos murmúrios inquietantes dos moradores locais.

A escuridão parecia engolir a luz da lanterna, e cada passo de Petter sobre a folhagem seca produzia um som que ecoava pela floresta silenciosa. Ao se aproximar do orfanato, ele sentiu um arrepio correr por sua espinha, como se o próprio ar ao redor do prédio estivesse carregado de uma presença maligna.

Ao entrar no orfanato, Petter foi recebido por um silêncio opressor. As paredes, cobertas de mofo e grafites indecifráveis, pareciam sussurrar histórias de agonia e desespero. Ele ligou sua câmera e começou a filmar, capturando cada detalhe do ambiente sombrio.

De repente, um som de passos leves e risadas infantis ecoou pelos corredores. Petter, com o coração acelerado, seguiu o som, suas mãos suadas tremendo sobre a lanterna. As risadas pareciam próximas e, ao virar um corredor, ele viu uma sombra se mover rapidamente.

"Quem está aí?" Ele gritou, tentando manter a calma, mas sua voz traía seu medo.

O silêncio foi interrompido por uma porta que rangia ao abrir sozinha, revelando uma sala pequena e mal iluminada. No centro, havia uma velha cadeira de balanço que balançava lentamente, como se alguém tivesse acabado de se levantar.

Petter deu um passo à frente, mas a lanterna falhou por um momento, mergulhando-o na escuridão total. Quando a luz voltou, ele viu, gravado na parede, em uma escrita infantil: "Bem-vindo. Nós estávamos esperando por você."

O ar ficou gelado e a câmera de Petter começou a captar sons de sussurros e risadas ao seu redor. Sentindo uma presença avassaladora, ele soube que a lenda não era apenas uma história – o orfanato estava realmente assombrado por algo muito mais sinistro do que ele jamais poderia ter imaginado.

As risadas infantis tornaram-se mais audíveis, e Petter sentiu um calafrio subir por sua espinha. Sua lanterna piscava intermitentemente, lançando sombras dançantes pelas paredes. De repente, um toque gelado roçou sua nuca, fazendo-o girar rapidamente. Não havia ninguém ali.

Petter engoliu em seco e continuou a caminhar, cada passo ecoando pelos corredores escuros do orfanato. As portas rangiam, e os sussurros pareciam se intensificar, tornando difícil discernir o que era real e o que era fruto de sua imaginação.

De repente, a câmera captou uma figura borrada ao fundo. Petter direcionou a lanterna para lá, revelando um grupo de crianças espectrais, com olhares vazios e semblantes tristes. Eles estendiam as mãos em direção a ele, murmurando coisas indecifráveis.

"Por favor, nos ajude," uma voz infantil sussurrou perto de seu ouvido, fazendo-o saltar de susto. A lanterna caiu de sua mão, rolando pelo chão e deixando-o na penumbra. Petter sentiu sua coragem vacilar, mas sabia que precisava continuar.

Com as mãos trêmulas, ele pegou a lanterna e avançou mais fundo no orfanato. Chegou a uma sala maior, onde uma figura mais imponente e sinistra o aguardava. Era a antiga diretora do orfanato, cujo espírito, atormentado pelo passado, permanecia ali, aprisionando as almas das crianças.

A figura olhou diretamente para Petter, e ele sentiu uma pressão esmagadora em seu peito. "Você não deveria estar aqui," disse ela, a voz ressoando como um trovão abafado.

Petter, lutando para respirar, sabia que estava em perigo. Com um último esforço, ele levantou a câmera, capturando a imagem da diretora espectral, antes de se virar e correr para a saída. Os sussurros e risadas tornaram-se gritos e lamentos, ecoando pelos corredores enquanto ele corria desesperadamente pela sua vida.

Ao alcançar a porta de entrada, a pressãofinalmente aliviou, e ele saiu para a noite fria. O orfanato, silencioso comoantes, parecia apenas um prédio abandonado. Mas Petter sabia a verdade. Eletinha a prova das almas aprisionadas lá dentro e a história mais aterrorizantede sua carreira.

The OrphanageWhere stories live. Discover now