Capítulo 58: O Peso da Guerra

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Há três paradas na turnê de Regulus esta noite.

A primeira foi uma visita a Fletcher, que concordou em ajudar bem rápido e sem fazer perguntas quando Regulus balançou uma bolsa de dinheiro para ele. Em menos de uma hora — durante a qual Regulus sentou-se em um pub, bebeu uma cerveja e teve nada menos que três crises existenciais — Fletcher voltou com papéis e uma nova identidade.

Depois de amanhã, Elspeth Fawley terá morrido na batalha do Castelo de Lestrange e Elaine Ross estará a caminho da Grécia para encontrar uma Irene com sobrenome desconhecido. Isso faz Regulus se sentir de alguma forma saber que ele é o único responsável pelo final feliz de outra pessoa.

Tipo, é uma coisa boa. E ele se sente... orgulhoso disso. Elspeth o ajudou e ela merece ir encontrar seu amor na Grécia. Mas quando ele passou tanto tempo sem sentir, até o bem é avassalador. Regulus sente como se estivesse engasgando com emoções que ele não consegue classificar. Coisas que ele não consegue nomear. Não sabe como processá-las. O que fazer com tudo isso.

E a pior parte é que ele não tem muito tempo para descobrir porque há pessoas que esperam que ele fale com elas. Dê respostas a elas. Regulus fica paralisado de medo só de pensar nisso. Ele precisa encontrar uma maneira de ficar bem. Trabalhar pelo menos um pouco disso se ele vai conseguir funcionar como esperado dele.

Então, assim que ele tem os papéis, ele sai do pub e aparata para sua segunda parada na excursão desta noite. Hogsmeade.

Como ele sempre foi um merdinha astuto, Regulus não devolveu a capa da invisibilidade de James. Ele a guardou — apenas temporariamente, ele a devolverá — e a está usando agora para chegar a Hogwarts pelo túnel que Sirius lhe mostrou sob a Dedosdemel.

É tarde da noite. Já passou do toque de recolher. Com a capa sobre a cabeça, Regulus segue seu caminho firmemente e sem problemas da estátua da bruxa na entrada do túnel para o segundo andar. Flashbacks o atacam a cada passo. Estar de volta a esta escola é maravilhoso e doloroso. Ele se lembra de tudo agora. Em algumas partes, ele deseja não se lembrar.

Seus passos são silenciosos nos ladrilhos sujos que cobrem o chão do banheiro. Regulus não ficaria surpreso se alguém lhe dissesse que ninguém esteve aqui em um ano. É bem triste. Talvez ele devesse ter parado para ver Myrtle quando veio a Hogwarts com Sirius em busca do medalhão, mas Regulus havia se entregado muito à escuridão para que esse pensamento sequer lhe passasse pela cabeça naquela época.

Dobrando a capa em um bolso de seu leve casaco de primavera, Regulus propositalmente esfrega um pé no chão enquanto caminha em direção à parede onde passou tanto tempo sentado e quebrando a cabeça sobre horcruxes com Myrtle. O mesmo chão em que ele se sentou e pensou ter apagado o sol.

"Tem alguém aí?" Myrtle flutua para fora de sua baia, o rosto desenhado em uma careta triste, e para de repente quando o vê. "Regulus?"

"Oi, Myrtle", ele diz, sentando-se.

O sorriso que divide seu rosto em dois puxa o fio da culpa em seu intestino, desfazendo-o. Regulus se concentra nisso. Em como ele costumava se sentir sobre Myrtle. Grato por sua ajuda. Culpado por estar manipulando-a. Levemente desconfortável quando ela falava deles como um casal.

"Oh, cachos da Rowena, não acredito que você está aqui," Myrtle exclama, cobrindo a boca com a mão. "Senti tanto a sua falta."

"Sabe de uma coisa? Eu também senti sua falta", Regulus admite suavemente.

Myrtle solta um som de puro deleite antes de flutuar para mais perto, para pairar bem perto dos joelhos dele como costumava fazer antes. "Estou tão feliz que você está aqui!"

Only The Brave - Jegulus FicOnde histórias criam vida. Descubra agora