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Acordo com o som do despertador tocando , minha mãe gritando e os cachorros latindo. Estava alucinando? Não sabia de nada oque estava acontecendo... O som da voz da minha mãe estava distorcida, não entendia nada doque falava.
   Ela me bate com o pano na minha cara, oque me desperta parcialmente, e escuto ela falando que estava atrasado para a escola. Eu me sento na cama rapidamente e passo as mãos no rosto antes de olhar pro dispertador e soltar um suspiro frustrado. Era sábado. 6:00 AM. Por que minha mãe faz isso? Olho para ela com uma cara de quem está tentando entender o motivo dela ter me acordado cedo. Ela entende o recado e coloca o pano no ombro, com uma mão na cintura e lezemente inclinada pro lado, deixando o peso do corpo mais para uma perna.
   - Anda me ajudar a limpar a casa. Tem que lavar o banheiro, tirar os cocô dos cachorro, lavar as louças, lavar a área...
   Na quarta tarefa eu não entendia mais nada. Solto um suspiro e me levanto, indo em direção a porta.
   - mãe pelo amor de Deus... Deixa eu acordar primeiro... - Eu murmúrio e ouço ela rir atrás de mim. Nesses momentos eu penso que talvez a escola não seja tão ruim.
   Entro no banheiro e vou até a pia, abro a torneira e começo a lavar meu rosto, a água Fria me despertando aos poucos. Limpo o rosto com uma toalha e me olho no espelho. Caralho, eu estava acabado, nem parecia eu na verdade. Saí do banheiro e fui até a cozinha procurar algo para comer, abri armários, geladeira. Nada. Não é não que tinha 𝙣𝙖𝙙𝙖 para comer. Tinha. Mas não tinha nada que me interessasse.
   No final, acabei pegando um pão puro e comecei a comer enquanto voltava para o meu quarto , peguei meu celular da cama e logo me sentei na cama. Comecei a alternar entre o celular e o pão, mechia no celular enquanto mastigava e parava de mecher quando mordia mais um pedaço.
   Nada. Não tinha  𝘯𝘢𝘥𝘢 para mecher no celular. Não tinha ninguém para conversar. Não tinha nenhum jogo para jogar. Chatice de vida. Terminei meu pãozinho e me levantei, fui até minha mãe e avisei a ela que teria que fazer hora extra no trabalho, claro que era mentira, não queria limpar a casa no meu único dia de folga. As vezes fico mal por fazer isso e deixar ela limpar a casa sozinha, mas eu quase nunca faço isso então não seria tão errado, né?

Estava no meu trabalho, era uma distribuidora local. Estava encostado no balcão, conversando com meu colega de trabalho enquanto fumava e ele atendia alguns clientes que apareciam. Um garoto que parecia ser uns 5 anos mais novo que eu entrou na loja e ficou do meu lado enquanto meu amigo atendia ele. Com ele não tinha essas coisas de não vender para adolescentes, já tinham idade para saber que fumar fazia mal para a saúde.
   Fiquei olhando para ele até dividir puxar assunto.
   - Não acha que é novo de mais pra vir pra esse tipo de lugar?
   Ele olha para mim e fica meio sem jeito.
   - Ah... Na verdade foram meus amigos que pediram pra eu comprar pra eles - Ele paga as bebidas com o cartão, pega a sacola e se vira para mim - Você não deveria estar fumando também.
   Ele tem um ponto.
   - Pelo menos eu não sou de menor - Ele revirou os olhos - então estamos quits.
   - É, acho que sim - ele diz e vai até a porta - Até mais tarde
   Eu rio antes de responder.
   - Então vai voltar e espera que eu esteja aqui? - Ele me da o dedo, oque me faz rir mais, e sai da loja.
   Olho para meu amigo, ele estava rindo enquanto ajeitava o caixa.
   - Acho que vocês ainda vão ficar juntos.
   Eu tiro o maço de cigarro do bolso junto com um isqueiro. Tiro um cigarro e o acendo na boca, guardando tudo no bolso novamente, soltando a fumaça quando seguro o cigarro e o tiro da boca. Me ajeito no balcão e fico pensativo. Dou de ombros.
   - Muito novo pra mim.
   - Ah , para. Não é como se você que vai ser preso.
   Ele ri. Como ainda sou amigo dele?
   Dou mais um trago e olho para ele.
   - Conhece ele?
   - Ele vem direto por aqui no sábado. Por quê quer saber? - Ele da um pequeno sorriso.
   - Nada. Se ele perguntar por mim, diz que já estou indo para casa - Digo e me despeço do meu amigo. Tinha ue ajudar minha mãe de qualquer jeito.
   Estava andando na rua enquanto fumava quando vejo aquele mesmo garoto num beco com outros garotos ao redor dele. Ele distribuía as latas de cerveja que comprou e recebe uma quantia de dinheiro de cada um deles. Fiquei indeciso de eu chamava ou não a atenção deles. Decidi só olhar por alguns segundos até ver cada um deles abrir as latas sem limpa-las. Decido chamar atenção.
   - Deveriam limpar a lata antes.
   Os garotos olham para mim e tomam mesmo assim. Adolescentes. Por que se fazem de idiota? Me viro e saio dali, jogando o cigarro já acabado no chão.

O "Damo" e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora