VII

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𝘎𝘈𝘌𝘓.

   Estamos alguns dias sem nos falar. Sempre que tenho me aproximar de Rafael, ele apenas da uma desculpa e se afasta de mim. Será que foi oque eu fiz? Talvez eu tivesse ter ido longe de mais... Talvez eu pergunte á mãe dele? Mas oque ela saberia sobre isso? Bem, se ele não me conta, então ela me conta, certo?
   Fui para a casa dele e a mãe dele me atendeu, como sempre. Ele estava no quarto dormindo e ela estava de folga. Ela me recebeu muito bem como sempre, estávamos sentados á mesa enquanto tomávamos café da tarde. Tentei não ser direto, apenas perguntei o porque de Rafael agir estranho as vezes quando tocamos no nome dele. A mãe dele pareceu receiosa para me contar, então apenas falou que talvez pudesse ser porque ele estava meio cansado por conta do trabalho. Ele sempre estava cansado por conta do trabalho e não ficava assim.
   Após alguns minutos tentando chegar a alguma coisa, escuto Rafael chamar pela sua mãe. Ela se levanta e entra em seu quarto, deixando a porta semi-aberta. Ele estava sentado na cama e sua mae parecia lhe dar algum remédio e logo medir a sua glicose com um glicosímetro. Ele tinha diabetes? Não parecia. Ela beijou sua testa e sussurrou algo em seu ouvido, ele negou com a cabeça primeiro, ela sussurrou outra coisa e deu outro beijo nele antes de sair de seu quarto. Ela notou eu olhando pela fresta da porta e vai até o balcão, pegando algumas laranjas e começa a fazer um suco com elas.
   - Ele está mal esses dias, não come nada e a hipoglicemia só piora - ela diz com a voz embargada. - quase não come nada e já foi internado ontem quando desmaiou no trabalho. - ela ficou alguns minutos em silêncio, assim como eu fiz. Ela terminou de preparar o suco e adoçou com bastante açúcar, colocando num copo. - Falei de mais, né..? - Ela diz com uma voz triste e vai até o quarto dele para levar o suco a ele. Ela volta depois de não muito tempo e vem até mim, segurando minha mão para eu me levantar, faço e ela me encara antes de voltar a falar. - Vai falar com ele. Por favor..
   Entrei em seu quarto e me sentei na beira da cama, ficando consideravelmente próximo a ele. O copo de suco estava inteiro sobre o Criado-mudo. Ele olha para mim e se senta um pouco para trás, como se quisesse se afastar de mim. E é isso oque esta fazendo.
   - Me desculpe - começo a falar. - por aquele dia. Não queria te assustar.
   Ele não fala a nada e olha para o cobertor. Estava tão vulnerável agora que era quase irreconhecível.
   - Estou preocupado. Tente comer algo pelo menos, por favor... Por mim.
   Ele começou a chorar e se aproximou de mim, me abraçando forte e escondendo o rosto na dobra do meu pescoço e ombro. O abraço de volta quando ele começa a falar:
   - Me desculpa... Me desculpa... - ele sussurra, quase inaudível - eu quis proteger você como não consegui proteger ele... - ele para de falar e me aperta mais no abraço. Fiquei mais confuso ainda, mas não toquei mais no assunto, deixei ele chorando até praticamente cair no sono.

   Ele se recusava a comer , mas tratava ele na maior parte do tempo. Sempre lhe comprava doces e o ajudava a se exercitar quando não estava tão fraco. Ele me explicou que tinha hipoglicemia por conta do cigarro , mas sempre tratava. Ele não quis entrar em make deralhes do por que ficou abatido por tanto tempo.
   Quando ja estava bem, ele voltou a sair comigo. Obriguei ele a tentar parar de fumar, mas as vezes ele fumava escondido. Sempre que saíamos juntos, ele ficava do lado da rua na calcada, ficava atrás de mim mas escadas e segurava minha cintura quando a gente ia atravessar a rua. Sei que não tinha nada romântico e ele queria apenas me proteger e cuidar de mim, mas mesmo assim eu sentia como se ele fizesse isso por que me amava. Eu amava ele, e sempre ficava irritado com ele quando negava isso e respondia sem emoção quando eu falava que o amava. Ele sempre dizia que me via como seu sobrinho ou irmão, que nunca iria querer algo a mais comigo.
   Estávamos numa cafeteria. Ele me trouxe para cá na hora quando eu disse que era meu aniversário de 16 anos. Toma, Rafael, sou quatro anos mais novo que você, não cinco. Ele comprou um pedaço generoso do bolo do qual eu escolhi e, após me desejar feliz aniversário, colocou uma pequena vela em cima do meu bolo e acendeu com seu isqueiro, falando para eu fazer um pedido. Sorrio e faço um pedido mentalmente antes de assoprar a vela e começar a comer o bolo, repartindo com Rafael.
     𝑄𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑚𝑒 𝑣𝑒𝑗𝑎 𝑎𝑙𝑒́𝑚 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑖𝑟𝑚𝑎̃𝑜. 𝑄𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑒 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎 𝑚𝑒 𝑝𝑒𝑐̧𝑎 𝑒𝑚 𝑛𝑎𝑚𝑜𝑟𝑜.

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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O "Damo" e o VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora