Capítulo 2

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Enquanto estávamos ali, frente a frente, a atmosfera se tornava cada vez mais tensa. Eu me sentia completamente perdido, sem saber como agir diante daquele olhar penetrante e desinibido que Jungkook me lançava.

A vontade de sair correndo era quase irresistível, mas a realidade me segurava ali. O pagamento era alto e, além disso, ele não precisava de cuidados; apenas de alguém para fazer companhia.

— Tá legal. O que fazemos agora? — perguntei, tentando relaxar no sofá, enquanto tentava desvendar aquele mistério à minha frente.

Ele me observou com um brilho divertido nos olhos.

— Você é a babá aqui — respondeu, com um sorriso travesso. — Você que manda até a minha mãe chegar, lembra?

Eu resolvi ignorar a provocação. Curioso e um pouco intrigado, não pude deixar de perguntar:

— Vem cá... o que você fez de tão errado a ponto de sua mãe precisar enganar alguém para vir cuidar de você? Você é algum maníaco ou algo do tipo?

A resposta veio acompanhada de uma risada leve, mas havia uma pitada de vergonha no ar.

— Eu saía escondido para ir para as festas.

Ah. Isso é completamente normal. Esperava por algo pior ou mais perigoso.

Então eu estava apenas lidando com um garoto que gostava de ir a festas assim como eu.

Melhor ainda.

— Que tipo de festas?

Ele hesitou por um momento, parecendo desconfortável com a pergunta, mas logo tentou disfarçar a inquietação.

— Boate gay.

Eu não quis parecer surpreso, mas foi impossível. Minha expressão congelou. Um desconforto imediato tomou conta de mim; a sensação de que talvez minha pergunta tivesse sido invasiva pesava minha consciência.

— Entendi — tentei suavizar a situação, buscando um caminho para dissipar a tensão. — Então, você é gay?

Ele sorriu de maneira enigmática e respondeu:

— Um pouco. Mas não consigo entender a lógica da minha mãe. Ela não quer que eu frequente boates gays, mas decidiu contratar um cara gostoso como você para me fazer companhia durante quatro dias?

Meus olhos se arregalaram, e percebi que ele estava se divertindo com meu embaraço. A mistura de surpresa e confusão me fez emitir um leve som, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Eu sou hétero — declarei, com um tom que tentava ser firme.

Normalmente, não sou do tipo que pensa muito antes de falar; as palavras costumam fluir naturalmente. No entanto, naquele momento, ainda estava lidando com o impacto do choque anterior, e minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos e emoções.

— Ah, claro! É evidente que você é — ele disse, com uma risada maliciosa.

Levantando-se do sofá de maneira ágil, ele caminhou em minha direção, o olhar fixo em mim com uma intensidade quase provocante.

— Vamos ver até quando — sussurrou ele, sua voz baixa e cheia de desafio. A certeza de que ele proferiu aquelas palavras intencionalmente me atingiu como um choque elétrico. Assim que me levantei do sofá para segui-lo, ele parou repentinamente, mordiscando o lábio inferior com uma expressão que misturava curiosidade e travessura. — Que bom que você aceitou ficar. Eu queria ter a chance de te conhecer.

— Deixa eu adivinhar... você me achou bonito?

A atmosfera estava leve e a presença dele me deixou tão à vontade que não hesitei em baixar a guarda e permitir que um pouco da minha autoconfiança emergisse.

Babá por EnganoWhere stories live. Discover now