Uniformes de treino

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Depois da aula, os alunos foram ao dormitório para relaxar. Enquanto alguns alunos preferiram se isolar em seus quartos até a hora de jantar, outros ficaram na sala conversando e assistindo televisão. Poucos grupos de amizade haviam se formado por ser apenas o primeiro dia de aula, então a maioria dos alunos ainda estava mais distante, com exceção de Dominike e Keit que já se conheciam há muitos anos.

Ainda com um pouco de dificuldade para se localizar, Hitomi chegou ao seu quarto e jogou-se na cama. Faltava um tempo para a janta, então pensou em cochilar até lá. Cansada pelos testes físicos, ela acabou pegando no sono bem rápido.

Algumas horas depois, Hitomi acordou de um ótimo sonho. O sonho foi tão bom e relaxante que até ficou chateada quando percebeu que estava apenas sonhando. Desorientada com o horário, ela resolveu perguntar à Inteligência Artificial do dormitório.

— Yui, que horas são?

— Uma hora da manhã.

Querendo ir ao banheiro, Hitomi pegou sua bengala e saiu do quarto. Estava um silêncio quase absoluto, apenas interrompido pelo canto dos grilos do lado de fora do prédio. No corredor escuro e vazio, foi fácil sentir o cheiro de comida, vindo do lado da porta. Bem em cima de um banquinho encostado na parede, Hitomi encontrou uma vianda de comida. Como estava na frente de seu quarto, entendeu que era seu jantar. Algum dos seus amigos havia deixado lá.

Quando voltou do banheiro, comeu o peixe, arroz, feijão e salada que estavam na vianda. Um jantar excelente, ainda mais em conjunto com o suco de maracujá natural que também bebera no almoço.

Após jantar, escovar os dentes e trocar de roupa, percebeu que estava sem sono para voltar a dormir. Sua solução para a insônia sempre era foi a mesma: colocar seus fones de ouvido e ouvir podcasts sobre filmes e outras obras audiovisuais que não conseguia aproveitar ao máximo.

Mesmo de fones, Hitomi ouviu batidas na porta. Era bem estranho alguém estar acordado de madrugada, ainda mais que teriam aula de manhã cedo.

— Hitomi-chan — Rise chamou, do lado de fora do quarto, batendo na porta outra vez —, você tá acordada, né?

— Ah, Rise — Hitomi respondeu à amiga, tirando os fones de ouvido —, pode entrar.

Rise entrou no quarto usando seu pijama infantil, que consistia em camisa e moletom cinza com detalhes floridos. Seu cabelo estava solto e desarrumado. Se Hitomi pudesse vê-la, perceberia na hora que Rise tentou dormir e não conseguiu por pelo menos 2 horas.

— Seu quarto é bem bonito, Hitomi-ch...

Antes que pudesse terminar a frase, Rise travou ao olhar para o pijama da amiga. Rise sabia que Hitomi era um pouco mais velha, então era óbvio que usaria outras roupas, mas não esperava que o pijama dela fosse um conjunto de renda vermelha, com um cropped com decote e shorts curtos.

Só agora percebendo o tamanho dos seios de Hitomi, Rise ficou totalmente vermelha e desviou o olhar. Ela se sentia envergonhada, humilhada e derrotada.

— Rise, aconteceu alguma coisa? — Hitomi perguntou, notando o silêncio da amiga. — Isso é a tua respiração... você tá ofegante...?

— Não! — ela respondeu nervosa, ainda tentando não olhar diretamente para os dois monstros grudados no tórax de Hitomi. — Eu tô legal, tô legal! É só que... hm...

— Hm...?

— Bem, é...

— É...?

— Não é justo, Hitomi-chan...

— O quê?

— É... isso aí... os seus...

— Os meus...? Ah...

Olhos Cruzados e as Espadas LegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora