"Ah, Lucas... Você ainda não me conhece bem, mas, em breve, vai me entender melhor. Ele é o tipo de pessoa que simplesmente não consegue ignorar um mistério, não é? Aquela pequena voz no fundo da sua cabeça que sussurra: 'É só um pouco de curiosidade, o que de pior poderia acontecer?' Mas... essa curiosidade, Lucas, pode ser perigosa. E eu estou aqui, apenas observando. Ele está prestes a descobrir para onde esse impulso o levará. Agora me diga, se estivesse no lugar dele, você faria diferente? "
Lucas sempre foi movido por curiosidade. Quando era criança, seus pais viviam pegando no seu pé porque ele desmontava tudo o que encontrava pela casa. Ele queria saber como as coisas funcionavam, o que havia por trás das aparências. Desmontou relógios, bicicletas e até os brinquedos que ganhou no Natal. Ele simplesmente não conseguia deixar nada passar despercebido. Às vezes, causava problemas, mas nada o detinha.
No início, seus pais achavam engraçado. "Ele tem uma mente de engenheiro", diziam. Mas com o passar do tempo, aquela curiosidade natural foi se tornando algo mais profundo, quase obsessivo. Na adolescência, enquanto os amigos estavam envolvidos com esportes ou saindo para festas, Lucas passava as tardes vagando por lugares que outras pessoas evitavam: terrenos baldios, casas abandonadas, velhos armazéns fechados há décadas. Ele não tinha medo. Na verdade, o medo parecia alimentar sua necessidade de ir mais fundo, de descobrir o que ninguém mais queria.
Mas é claro, isso não termina bem para pessoas como ele, não é?
"Ah, Lucas... Ele pensa que está no controle, como muitos pensaram antes dele. E você, leitor? Já sentiu isso? Aquele formigamento na pele, aquela ânsia de descobrir o que está escondido à vista de todos? A maioria das pessoas foge disso, com razão. Mas há quem não consiga resistir. O que acha, está se reconhecendo? Vamos ver o quanto você é parecido com o Lucas"
E então, naquela tarde, ele viu a casa. Não era a primeira vez que Lucas passava por aquela rua. Era uma rua velha, quase esquecida no tempo, na periferia da cidade. Suas calçadas rachadas e os postes de luz tortos contavam histórias que ninguém mais lembrava. A casa, no entanto, parecia ter ficado invisível para todos, exceto para ele.
Ela estava ali, isolada, no fim da rua. Não era uma construção qualquer. Era imponente, com suas janelas trancadas, tão sujas que pareciam olhos cegos, voltados para dentro, incapazes de ver o mundo exterior. A porta era grande, pesada, de madeira escura, com o aviso entalhado à mão: "Nunca entre."
Lucas sorriu. Aquilo era quase um convite.
"E lá está, o sorriso de Lucas. Você o viu, não viu? Ele mal consegue se conter. Afinal, quem resistiria a uma frase como essa? 'Nunca entre'... como se as palavras realmente tivessem o poder de manter alguém como Lucas longe. Mas você, no lugar dele, o que faria? Talvez seu instinto fosse se afastar, certo? Haveria algo no ar, algo que sussurra no fundo da sua mente: 'não entre'. Mas Lucas? Ah, ele está prestes a fazer a escolha que vai selar seu destino."
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Os Sussurros da Condenação
TerrorEm "Sussurros da Condenação", seis contos sombrios exploram os destinos trágicos de personagens que sucumbem a seus próprios desejos e fraquezas. A cada capítulo, um narrador misterioso interage tanto com o leitor quanto com os protagonistas, instig...