004 As Sombras no Corredor

3 0 0
                                    

"Ah, Juliana... Uma mulher que acredita na razão acima de tudo. Estudante dedicada, focada em sua carreira, com os pés bem firmes no chão. Mas o que acontece quando os pés começam a falhar? Quando o chão, que parecia tão seguro, começa a rachar sob o peso da realidade? Ah, leitor... Há sombras em cada canto, você sabe disso. Juliana está prestes a descobrir que não importa o quão racional você pense que é. Quando o medo surge, ele sufoca... e nos cega."

Juliana era prática

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Juliana era prática. Sempre foi.

Estudante de arquitetura no último ano da faculdade, ela era o exemplo perfeito de alguém que sabia o que queria e como conseguir. Seu mundo era feito de formas e estruturas sólidas, calculadas e organizadas. Ela acreditava que tudo podia ser explicado. Medo? Medo era apenas uma resposta fisiológica a situações perigosas, nada mais. Era algo que as pessoas comuns sentiam. E Juliana gostava de acreditar que não era uma pessoa comum.

Mas o que ela não sabia, o que ela estava prestes a descobrir, é que algumas coisas não podem ser explicadas pela lógica.

Depois de meses de procura, Juliana finalmente encontrou um lugar para morar enquanto terminava a faculdade. Era uma pensão antiga, administrada por uma senhora chamada Dona Marta. Não era o que ela imaginava ao se mudar para uma grande cidade, mas o preço era acessível e ficava perto da universidade, o que facilitava sua rotina.

A pensão era um prédio velho, com detalhes arquitetônicos que fascinavam Juliana. As escadas de madeira rangiam a cada passo, as paredes eram cobertas por papel de parede desgastado e, nas janelas, cortinas pesadas e empoeiradas pendiam como fantasmas silenciosos. O lugar tinha uma atmosfera de antiguidade que deveria incomodá-la, mas, ao invés disso, Juliana achou um certo charme.

"Ah, essa é a armadilha, não é? Pensar que velharias são inofensivas, talvez até fascinantes. Juliana está encantada com os detalhes do prédio. Ela pensa em como essas estruturas resistiram ao tempo, em como o lugar é pitoresco. Pobre garota. Ela ainda não sabe que o tempo também carrega coisas. Coisas que você e eu jamais deveríamos ver."

Mas na primeira noite, algo mudou.

Tudo começou com um barulho.

Era sutil no início, um som leve, quase como um farfalhar. Ela pensou que fossem ratos nas paredes, algo natural em um prédio antigo como aquele. Tentou ignorar, voltou sua atenção para os livros de arquitetura, os projetos que precisava entregar em breve. Mas o barulho continuava. Um leve arranhar, algo que parecia muito mais intencional do que ela gostaria de admitir.

Juliana se levantou da escrivaninha e foi até a porta do quarto. Abriu-a lentamente, e o corredor estreito, mal iluminado por uma lâmpada amarelada e fraca, estendia-se à sua frente. Não havia nada lá. Apenas as sombras alongadas que dançavam nas paredes com o piscar irregular da luz.

Ela riu de si mesma, de sua própria paranoia. Aquilo não fazia sentido. O prédio era velho, e qualquer barulho era fruto de sua estrutura antiga, certo?

Os Sussurros da CondenaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora