02

30 8 0
                                    

Han Jisung.

Faltava pouco para o sinal tocar de novo, terminando o intervalo. Andei o mais rápido que pude até o pátio exterior onde eu sabia que Kim Seungmin estava me esperando.

— Eu sou um fodido mesmo! — reclamei me sentando no banco de pedra ao lado dele. Seung murmurava a mesma música de meses atrás e cutucava com o garfo a comida gelada em sua bandeja.

— E aí, o que deu? — perguntou sem muito interesse.

— Jun me suspendeu dos jogos. — choraminguei, apoiei minha cabeça nas mãos e quis surtar instantâneamente quando percebi que não era um sonho.

— O quê? Como assim, Jisung? — Seungmin finalmente ergueu o olhar pra mim.

Percebi o quanto suas olheiras estavam fundas, como se ele tivesse voltado a ter insônia. Kim havia mudado muito nos últimos três meses quando terminou com Chan. Apesar de eu não saber o motivo, já que ele se recusava a citar o nome de outro, eu sabia que havia sido um baque muito grande pra ele.

— Você vai ter que segurar as pontas, cara. Depois da aula vou reunir o pessoal e dar a grandiosa notícia. — bufei. Ri nasalado quando me lembrei da pior parte. — E Lee Minho é oficialmente meu tutor agora.

Estava surtando. Enlouquecendo. Lee Minho era tão odioso quanto um réptil pra mim, então a maior distância entre nós dois era muito bem vinda. Entretanto, como tudo em minha vida, eu teria que passar por uma provação para conseguir.

Dessa vez, para conseguir um diploma e me manter no time.

Eu gostava de estudar, eu só não tinha tempo para fazê-lo quando se tem um time inteiro para auxiliar e uma mãe muito insistente no seu pé. Era isso, falta de tempo.

— Pede para o Hyunjin, Sung, não tem a menor paciência para brincar de capitãozinho. — soltou o garfo enquanto bufava.

— Está nervosinho, Kim Seungmin? — questionei. Puxei sua bandeja e agarrei a maçã que tinha nela. Não havia trazido nada para o almoço e não suportava a comida do refeitório, aquilo deveria servir.

Ele deu de ombros.

— Só cansado. Não tenho dormido muito. — deitou a cabeça na mesa de pedra gelada.

— Se você não me dissesse, eu nem imaginaria.

▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬▬

Enfim aquele dia miserável na Maxident havia acabado, tudo pendia para o lado onde eu me fodia e me desgastava até o último tentando consertar coisas que não estavam ao meu alcance.

Fechei a porta do carro com um baque forte, tamanha minha frustração. Apertei o botão e o bip soou pelo ar quando trancou o carro. Minha casa parecia extremamente agradável se olhada de fora, mas sempre que eu punha meus pés para dentro toda minha energia era sugada de uma forma inexplicável.

Minha mãe estava sentada na poltrona marrom de couro enquanto tomava um chá. A pequena cordinha pendia para fora da caneca balançando conforme ela assoprava o líquido.

— Jisung. — seu olhar nem mesmo subiu para mim e eu agradeci por isso. Odiaria ver aqueles olhos que me liam tão facilmente me julgando também.

— Naoko. — seu nome saiu com desgosto dos meus lábios. Não a chamaria por um substantivo que ela não era.

Não que ela já não estivesse acostumada.

— Você tem algo para me contar?

Estremeci. Tive receio de saber se Juniper teria aberto a boca para dizer para Naoko que eu estava suspenso do time, mas parecia que sim. Suspirei pesado, sem psicológico para discutir ou aturar seus xingamentos.

— Se você já sabe, não tem para que eu ficar repetindo.

Soltou um riso debochado antes de apoiar a caneca na mesa de centro e se levantar, vindo em poucos passos até mim.

— Ah, querido Jisung. — passou a mão pelos fios do meu cabelo e eu engoli em seco.

Tudo que eu tinha vinha dela. Dinheiro, casa e estabilidade. Eu poderia virar as costas naquele instante e simplesmente esquecer de tudo, entrar dentro de um ônibus com a roupa do corpo e o dinheiro da carteira e tentar em outro lugar.

Mas tentar exatamente o quê? No que resultaria essa atitude tão maluca, senão numa realidade pior do que essa.

— Soube que arrumou um tutor. — Naoko disse, sua voz era mansa até demais, muito diferente da feição que carregava no rosto, quase mortífera. Assustadora. — Lee Minho. — sussurrou o nome, como se já conhecesse.

Quis que ela se afastasse imediatamente, o cheiro de camomila vindo de seu hálito me tonteava.

— Filho da Lee Hyeon.

Não reconhecia o nome. Não era muito familiarizado com o lado de negócios da família, mas a aspereza na voz de Naoko me fez pensar que Hyeon não era a pessoa mais agradável do mundo. Não para ela, pelo menos.

— Eu não sei. — respondi. Estava incerto, por mais que fosse a mais pura verdade.

— Hyeon e eu fizemos muitos acordos ao longo do crescimento da fábrica do seu pai. — se afastou, sentando na ponta do sofá e agarrando a maldita xícara novamente. — Ela não faz o tipo confiável, como nós dois. — seu olhar penetrante parou em mim e eu mal pude respirar. — Não é?

Assenti. Eu não sabia quando minha mãe havia se tornado aquele tipo de mulher, mas sabia o quão ruim ela poderia ser. Verdadeiramente má. Tudo em si era ardiloso, manipulador e assustador — ao meu ver.

Meu pai se foi e tudo que me restou foi uma fábrica vazia e muito dinheiro na conta, Naoko veio de brinde para me lembrar o quanto minha existência era medíocre.

— Ele deve ser igual a mãe. — murmurou. — Se bem a conheço, o filho deve ser como ela. Convencido, estúpido e desleal. Deve tomar cuidado, Jisung. — avisou. — Não deve deixá-lo saber demais de você, faça o que tem que fazer, mas não deixe-o participar de sua vida. Isso pode nos custar tudo.

Paranoia. Ela era completamente paranoica, céus. O que Lee Minho poderia fazer?

Não era burro, sabia me cuidar e onde poderia ou não me meter. Lee Minho era todos aqueles adjetivos que ela lhe deu e mais um pouco, porém duvidava muito que ele tinha algum interesse sobre minha família.

Aliás, ele havia deixado bem claro que não.

— Não vou deixar. — resmunguei. — Nem ao menos somos amigos, só vou fazer o que preciso para me formar. De toda forma, tenho que descansar.

— Isso. Você tem um jogo importante no próximo final de semana.

Espera! O quê? Arregalei os olhos. Jun não havia contado tudo? Naoko sabia que eu tinha um tutor, sabia até mesmo o nome dele, mas não fazia ideia de que eu estava suspenso. Okay, tenho que me lembrar de agradecer Hwang Juniper pela manhã.

— É, tenho sim!

De alguma forma, eu sentia que tudo estava prestes a mudar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Volcano [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora