Chocolate ℙ𝕣𝕖𝕥𝕠 e 𝔹𝕣𝕒𝕟𝕔𝕠(toshi x raviel)

Capítulo 11: A beira do ABISMO

Os dias seguintes após a exposição foram calmos, como se a vida estivesse oferecendo uma trégua para Toshi e Raviel. O sucesso de Toshi reverberava ainda, mas era o silêncio da rotina que preenchia seus dias juntos. No entanto, nem todo silêncio é tranquilo. Raviel, apesar de estar ao lado de Toshi, começou a ser assombrado por seus próprios pensamentos, uma tempestade interior se formando sem que ele conseguisse explicar ou impedir.

As noites tornaram-se longas para Raviel. Toshi frequentemente dormia antes, exausto das lives e da correria diária, enquanto Raviel passava horas acordado, encarando o teto, perdido em suas preocupações. Ele havia voltado ao ciclo de questionar sua própria importância, sua relação com Toshi, e, acima de tudo, sua própria existência.

O mundo de Raviel parecia ficar cada vez mais escuro, e ele não sabia como sair daquilo.

Certa noite, depois de uma semana de silêncio profundo, Raviel caminhou até a sacada do apartamento. O vento gelado da madrugada acariciava seu rosto, mas o frio não era suficiente para dissipar o peso em seu peito. Ele olhou para a escuridão da cidade abaixo, as luzes parecendo tão distantes quanto a paz que ele ansiava encontrar. Seus olhos amarelos, normalmente cheios de vida, refletiam a melancolia que tomava conta de sua mente.

Ele apoiou-se no parapeito, olhando para o abismo abaixo. As lágrimas começaram a descer pelo rosto de Raviel, e ele murmurou para si mesmo:

– Talvez... seja mais fácil assim.

Ele queria acabar com aquela dor, com aquela sensação sufocante de não pertencer.

Por um momento, Raviel considerou a ideia de deixar tudo para trás, de desaparecer na escuridão que tanto o atraía. A sensação de perda de controle o dominava. Ele não queria mais ser um fardo para Toshi. O medo de ser insuficiente, de estar atrapalhando o sucesso do namorado, corroía sua alma.

Foi então que, do nada, a porta do quarto rangeu, e uma voz familiar e desesperada chamou seu nome.

– Raviel!

Toshi correu até a sacada, seus olhos vermelhos arregalados em pânico. Ele agarrou Raviel pelos ombros, puxando-o para longe do parapeito com um movimento rápido e desesperado. O corpo de Raviel cedeu, quase desabando nos braços de Toshi.

– O que... o que você estava pensando? – Toshi perguntou, sua voz embargada, os olhos cheios de lágrimas que ele tentava conter. – Por favor... por favor, me diga que não era o que eu estou pensando.

Raviel tentou falar, mas sua voz falhou. O nó em sua garganta o impedia de emitir qualquer som coerente. Ele apenas balançou a cabeça, confuso e atormentado por suas próprias emoções. As palavras estavam presas, mas o que mais o doía era ver o desespero no rosto de Toshi, o mesmo desespero que ele havia tentado evitar.

– Você é tudo para mim, Raviel! – Toshi gritou, agora sem conseguir conter as lágrimas. Ele o abraçou com força, como se o mundo pudesse acabar ali mesmo. – Eu não posso perder você... Eu não quero viver em um mundo onde você não esteja. Não faz isso... por favor.

Raviel finalmente conseguiu falar, sua voz falha e baixa.

– Eu... eu só achei que... – Ele tentou explicar, mas nem ele mesmo sabia se poderia se perdoar pelo que estava prestes a fazer. – Achei que você estaria melhor sem mim...

Toshi segurou o rosto de Raviel com as duas mãos, forçando-o a encará-lo nos olhos.

– Nunca diga isso de novo, Raviel. Você é o meu mundo. O que somos, o que construímos, só existe porque estamos juntos. – A dor na voz de Toshi era evidente, mas também havia uma intensidade ali, uma força que Raviel não conseguia ignorar. – Se você está com dor, se está sentindo que algo está errado, você precisa falar comigo. Nós estamos nisso juntos, lembra?

Raviel olhou para os olhos vermelhos de Toshi, e pela primeira vez em muito tempo, sentiu um calor em seu peito que o trouxe de volta para a realidade. As palavras de Toshi eram como uma âncora, puxando-o de volta do abismo onde sua mente havia caído.

– Eu... eu sinto muito, Toshi. – As lágrimas de Raviel caíam agora livremente, enquanto ele se jogava nos braços de Toshi. – Eu estava tão perdido... mas você me salvou.

Toshi o apertou com força, sem intenção de soltá-lo. O calor de seu corpo contra o de Raviel era a única coisa que importava naquele momento.

– Eu sempre estarei aqui para te salvar, Raviel. Sempre. Não importa o que aconteça, eu prometo que nunca mais vou deixar você enfrentar isso sozinho.

Eles ficaram ali, abraçados, por um tempo que parecia infinito. O vento da noite soprava ao redor deles, mas o frio não conseguia penetrar no calor de sua conexão. Raviel sabia que ainda havia muito que ele precisava enfrentar dentro de si, mas naquele momento, ele não estava mais sozinho. Ele tinha Toshi, e isso era o suficiente para que ele encontrasse forças para continuar.

– Vamos passar por isso juntos, Raviel. – Toshi sussurrou, com firmeza. – A vida é difícil, mas juntos, nós somos mais fortes.

Raviel assentiu, ainda abraçado a ele. Talvez o caminho fosse difícil, mas agora ele sabia que não importava o quão escura a noite pudesse ser, ele nunca mais estaria sozinho.

E, de alguma forma, isso fez o futuro parecer muito mais brilhante.