Chocolate ℙ𝕣𝕖𝕥𝕠 e 𝔹𝕣𝕒𝕟𝕔𝕠(toshi x raviel)

capítulo 4: O caminho de volta ao DOCE (continuação)

(continuação)

Raviel olhou para Toshi com uma expressão de leve surpresa. Cozinhar? Aquilo não fazia parte de suas atividades habituais, e ele jamais havia se imaginado de avental, mexendo em receitas com Toshi. Mas, ao ver o brilho nos olhos do namorado e o entusiasmo em sua voz, Raviel se deixou levar. Aquele era o efeito de Toshi sobre ele. E, por mais que fosse algo fora de sua zona de conforto, ele estava disposto a tentar.

– Cozinhar, é? – Raviel perguntou, com um leve sorriso no canto dos lábios. – E o que exatamente você quer fazer com chocolate preto e branco?

Toshi deu um sorriso travesso, inclinando-se para frente e puxando Raviel para mais perto, seus rostos quase se tocando.

– Um bolo, – ele sussurrou, como se estivesse revelando o maior dos segredos. – Um bolo de chocolate mesclado. Chocolate preto e branco juntos, exatamente como nós.

Raviel riu baixinho. Aquilo era tão típico de Toshi – transformar algo simples em uma metáfora sobre eles dois. Mas, como sempre, Raviel não resistiu. Ele balançou a cabeça em aprovação e se levantou do sofá, indo na direção da cozinha.

– Tudo bem, vamos ver o que acontece quando misturamos, então, – ele disse, colocando as mãos nos bolsos.

Toshi praticamente saltou de alegria, seguindo Raviel e já puxando os ingredientes. Ele começou a falar sobre a receita, gesticulando com as mãos, claramente animado com a ideia. Raviel observava-o em silêncio, seu rosto calmo, mas com um olhar de afeto que Toshi nem sempre notava.

Enquanto começavam a separar os ingredientes – o cacau para o chocolate preto e os pedaços de chocolate branco, a farinha, ovos, manteiga – Toshi tagarelava sobre como o bolo representava os dois. Como o amargor do chocolate preto de Raviel e a doçura do chocolate branco dele se misturariam para criar algo único, algo que ninguém conseguiria replicar.

Raviel, sempre prático, preferiu concentrar-se em seguir a receita, mas havia algo nos gestos de Toshi que fazia com que ele relaxasse. Enquanto misturava a massa, com Toshi ao seu lado mexendo freneticamente os ingredientes, Raviel sentiu uma sensação estranha de paz. Uma paz que só Toshi parecia ser capaz de trazer para sua vida agitada e, muitas vezes, caótica.

Em determinado momento, enquanto Toshi tentava derreter o chocolate branco no fogão, ele acidentalmente deixou um pedaço cair no chão. Raviel, sempre atento aos detalhes, foi rápido em limpar, mas antes que pudesse se abaixar, Toshi já havia pegado o pedaço com um sorriso travesso.

– Olha só, Raviel... até quando as coisas dão errado, elas são doces, – ele disse, oferecendo o pedaço de chocolate para Raviel com um sorriso despreocupado.

Raviel revirou os olhos, mas pegou o pedaço da mão de Toshi e o colocou na boca. O sabor doce e cremoso derreteu em sua língua, e por um momento ele percebeu que talvez Toshi estivesse certo. Talvez o fato de eles serem tão diferentes realmente os tornasse mais fortes juntos.

Quando o bolo finalmente estava pronto, Raviel e Toshi se sentaram à mesa da cozinha, observando a obra-prima que criaram. A massa estava perfeitamente mesclada, o preto e o branco entrelaçados de forma harmoniosa, como se um tivesse sido feito para complementar o outro.

– Ficou bonito, não acha? – Toshi perguntou, sorrindo enquanto olhava para Raviel.

– Ficou, – Raviel concordou, seus olhos amarelos brilhando de maneira quase imperceptível. – Acho que conseguimos misturar bem.

Toshi cortou a primeira fatia e entregou para Raviel. Quando provou o bolo, Raviel sentiu a intensidade do chocolate preto se misturando à suavidade do branco, uma combinação perfeita de amargor e doçura. Era mais do que um bolo – era uma representação simbólica da relação dos dois.

– Sabe, – Toshi disse, olhando para Raviel enquanto mastigava. – Eu nunca pensei que algo tão simples como fazer um bolo poderia ser tão... importante. Acho que é isso que você faz comigo, Raviel. Você pega algo comum, como um dia qualquer, e transforma em algo especial.

Raviel sorriu para Toshi, dessa vez sem hesitar. Ele sabia que aquelas palavras eram verdadeiras. Desde que Toshi havia entrado em sua vida, tudo parecia ter ganhado mais cor, mais significado. E, por mais que fossem opostos, ele não queria mais imaginar a vida sem aquele caos organizado que Toshi trazia.

– E você, Toshi, – Raviel começou, sua voz suave e segura. – Você me ensinou que até as coisas mais desorganizadas podem ter um propósito. Que às vezes, é preciso bagunçar um pouco para encontrar algo valioso.

Toshi sorriu, mas dessa vez havia algo mais profundo em seus olhos. Ele sabia que Raviel não era o tipo de pessoa que falava essas coisas levianamente. Cada palavra que saía da boca de Raviel era pensada, sentida.

O bolo foi terminado entre risadas e conversas tranquilas, mas naquele dia, ambos sabiam que haviam dado mais um passo importante na construção daquilo que os mantinha juntos. Raviel e Toshi, dois sabores distintos, mas que juntos criavam algo extraordinário...