III

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Yuna e Shinzo estão sentados, tomando um drink. A tensão é leve e amigável, até que Shinzo percebe o movimento de seu alvo.

— Eu... acho que vou precisar ir agora. — ele levanta, olhando para o salão — Meu alvo está se movendo.

— Vai atrás dele, herói. — ela dá um tapinha leve no ombro dele.

Shinzo sorri de leve e sai apressadamente, desaparecendo entre os convidados do baile. Yuna suspira e volta para o bar, pedindo mais um drink. Enquanto ela toma, resmunga para si mesma:

— Meu herói me deixou bebendo sozinha...

Depois de outro drink, ela levanta, decidida a procurar o banheiro. Caminhando pelos corredores mais vazios, ouve barulhos de luta vindos de uma sala lateral. Curiosa, espiando pela porta entreaberta, vê Shinzo em um confronto com o alvo.

De repente, tudo acontece rápido demais, o inimigo saca uma arma e dispara. Shinzo, tentando protegê-la, grita:

— Abaixa!

Mas antes que ela possa reagir, a bala a atinge de raspão no braço. Yuna geme, levando a mão ao ferimento.

Shinzo termina de lidar com o alvo, neutralizando-o rapidamente, depois vai até Yuna. Ele a ajuda a se levantar, colocando um braço em volta dela.

— Você está bem? — seus olhos estão cheios de preocupação.

— É só um arranhão... já passei por coisa pior. — Yuna fala tentando parecer durona.

— Você devia ter abaixado quando eu falei... — ele parece dividido entre culpa e preocupação.

— Da próxima vez, você pode me dar uma aula sobre esquivar de balas... — ela tenta aliviar a tensão — Eu... sou fraca pra bebida. Quando bebo, meus sentidos ficam mais lentos.

— Você não deveria beber durante uma missão... — ele segue preocupado.

— Minha missão já tinha sido concluída. Eu estava só curtindo a festa. — ela relembra.

— Eu vou te levar pra minha casa.

— O QUÊ?! — Yuna aponta para ele — Você é um pervertido ou algo assim?

Shinzo fica visivelmente envergonhado, o rosto corando enquanto ele balança as mãos, tentando se explicar:

— Não é nada disso! Meu irmão Nanao é especialista em curar ferimentos. Ele pode te ajudar. Não quero que isso piore!

Yuna, percebendo o mal-entendido, ainda o provoca, mas com um sorriso cansado.

— Ah, tá bom... só isso então. Achei que você fosse tentar algo.

Shinzo respira fundo.

— Vamos sair daqui antes que alguém perceba.

Os dois então se esgueiram para fora da festa, sem que ninguém perceba sua saída discreta.

Shinzo está dirigindo, o silêncio entre eles é interrompido apenas pelo som do motor. Yuna está no banco do passageiro, olhando para o ferimento em seu braço. Shinzo parece nervoso, dividido entre a culpa e o desejo de saber mais sobre ela.

— Você... é sempre assim?

— Assim como?

—Provocativa, você sempre provoca as pessoas? Parece que você não leva as situações muito a sério.

Yuna ri suavemente, mas depois seu sorriso diminui. Ela olha pela janela, como se estivesse considerando a resposta com mais seriedade do que ele esperava.

Ela responde com uma voz mais baixa, sem o habitual tom brincalhão:

— Provocar as pessoas... é mais fácil do que se preocupar com elas, sabe?

Shinzo a observa de canto de olho, claramente surpreso com o tom dela. Ele fica em silêncio, esperando que ela continue.

Yuna suspira, olhando para as próprias mãos.

— Eu sou órfã. Não tinha para quem chorar... não tinha ninguém para pedir ajuda quando as coisas ficavam difíceis. Com o tempo, você aprende a não levar as coisas tão a sério. Ou pelo menos... finge que não se importa.

Shinzo sente o peso das palavras dela, o que o faz relaxar um pouco a guarda. Ele percebe que as provocações de Yuna escondem muito mais do que ele imaginava.

— Eu... sinto muito. Não fazia ideia.

— Não precisa se desculpar — ela dá de ombros, fingindo desinteresse, mas claramente tocada pelo tom gentil dele — Mas e você? Me parece que você também carrega muita coisa por aí, sempre tão sério.

Shinzo hesita, mas antes que possa responder, o peso da culpa por tê-la colocado em perigo volta à sua mente. Ele aperta levemente o volante.

— Eu... sinto muito por hoje. Não devia ter deixado você se machucar. — ele fala com um tom culpado.

Yuna tenta aliviar a tensão:

— Ei, eu já te disse, foi só um arranhão. E, sinceramente, eu deveria estar mais atenta também.

— Mesmo assim... me sinto responsável.

Yuna observa o quão genuinamente ele se sente culpado. Isso a surpreende e a deixa desconcertada, pois não está acostumada a que alguém se preocupe tanto com ela. Mas antes que ela pense qualquer coisa Shinzo fala:

— Chegamos.

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