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02;40 da manhã...

"Estou no topo de uma montanha, à beira de um penhasco, sentada em um balanço alto demais para que meus pés alcancem o chão.

O vento o impulsiona para frente e para trás, ultrapassando o limite de terra, e me levando a beira do penhasco em minha frente. Eu estou simplesmente me balançando no ar.

A brisa fria faz minha pele queimar, seu toque parece farpas ferindo-me sem provocar cortes ou sangramentos. Os sons que as cordas do balanço fazem ao vento, soam como uma música sombria. Enquanto o vento sobra, o balanço aumenta em altura e velocidade. As batidas do meu coração são audíveis aos meus ouvidos e dolorosas ao meu tórax, porém minha voz não sai das minhas cordas vocais, elas estão presas dentro de mim.

Tento com todas as forças segurar nas cordas, mas a cada aumento de velocidade e força, sinto-me cada vez mais fraca. Então chega o momento que eu temia. Minhas mãos soltam as cordas do balanço e começo a cair do alto daquela montanha.

Uma queda rumo ao abismo para o qual estou indo ao encontro. Olhando para o céu constato que ele está nebuloso e com tons de cinza, minha queda livre é lenta demais."

— Não! — Dou um grito agudo e me levantando em um impulso despertando.

A porta do meu quarto é aberta brutalmente e a emprega adentra no cômodo em que estou.

— O que aconteceu? O que houve? — Indagou assustada e com preocupação.

— Eu cai tia, eu cai. —  Choro com medo e desespero.

— Calma. Tá tudo bem. — Ela se aproxima da cama e senta na mesma, me  abraçando e acariciando meu cabelo. Me aconcheguei ao seu abraço. — Tá quente... — Sussurrou preocupada, juntando as sobrancelhas.

— O que está havendo aqui? Porque os gritos? — Minha tia entra logo em seguida.

— A criança Annyca teve ter sonhado com pesadelos e está com febre. — Explicou e continuou a fazer carinho em mim.

— Certo. Fique com ela e a acalme, dê remédios a ela por favor. — Pediu.
— Ainda estou resolvendo assuntos pendentes do enterro. — Informou, porém, seu timbre estava um pouco grave e, era visível a friamente nos tons das palavras. Saiu fechando a porta.

— Tia Charlle? — Observo a mesma.

Charlotte era uma das criadas mas jovens da nossa casa, é a neta da dona Laura. Charlle como é chamada carinhosamente, é a emprega mas doce e que sempre cuidou de mim quando meus pais saiam a trabalho ou quando minha tia não estava presente.

Ela volta seu olhar para mim. — Pois não criança? — Questiona sem parar as carícias.

Olho para a porta. — Eu não quero ir. A tristeza toma conta de mim mas uma vez, abaixo meu olhar, e encontro-me encarando o chão tristemente.

Ela continua acariciando meu cabelo. — Eu irei informa a Senhorita Muller que não gostará de comparecer no enterro de seus pais. — Sinto um beijo no topo da minha cabeça. — Trarei um lanche para você comer e água para beber. — Beijou minha bochecha e levantou-se. — Não comeu ainda nada desde que  passou mal e logo após acordar. Estarei de volta já, já. Mas antes, tome banho para baixar a febre, trarei remédios. — Avisou.

Ela se afasta de mim e anda em direção a porta abrindo-a e vira-se para mim.  — Irei avisá-la de imediato.

— Obrigada tia. — Agradeço e dou um sorriso.

Antes de se retirar ela sorrir para mim e logo após saiu fechando a porta do quarto.

Levanto – me e vou em direção ao banheiro. Uma das empregadas já tinha deixado tudo preparado para o banho assim que eu acordasse, só estava faltando a roupa limpa. Porém isso seria o de menos, já que sei escolher minhas próprias roupas. Mamãe me ensinou  algumas coisa sobre moda e me ajudava a escolher as roupas.

"— Rosa combina, com branco, azul, verde, preto e cores neutras. Menos as quentes, pois vira fora do contexto. — Soltou uma leve gargalhada.

Ela mostrava – me as roupas e ensinava as combinações, dos laços, sapatos, acessórios e as de mais coisas."

Minha mente me trai novamente com as suas lembranças e minha visão começa a ficar turva por causas das lágrimas presas em meus olhos, mas não ouso deixá-las cair novamente.

— Chega de choros por hoje annyca! — Sussurro para mim mesmo, enquanto tomo banho.

A água estava fria, ardia ao entrar em contato com minha pele, eu estava tremendo de frio.

Minutos depois já tomada banho e com roupas limpas, espero sentada na cama, encostada na cabeceira acolchoada da mesma e com o edredom cobrindo minhas pernas a comida chegar.

Batidas na porta. Toc,toc.

— Entre, por favor. — Peço.

A porta abre-se lentamente...

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⏰ Última atualização: Oct 13 ⏰

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