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Me olhei no espelho pela última vez naquela noite, ajeitando delicadamente os fios rebeldes da minha franja, que insistiam em ficar fora do lugar

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Me olhei no espelho pela última vez naquela noite, ajeitando delicadamente os fios rebeldes da minha franja, que insistiam em ficar fora do lugar. Nunca estive tão bonita em toda a minha vida. Usava um vestido preto elegante, e com toda certeza era de alta costura. Riddle me presenteou com tudo que todas as meninas da minha idade tinham, menos eu: vestidos, perfumes, joias e até mesmo maquiagens. Sem contar o quarto enorme que ele decorou exclusivamente para mim.

No orfanato, tínhamos que dividir todos os nossos pertences: roupas, sapatos, quartos e camas. Em tempos de guerra, o país estava passando por uma crise e, muitas vezes, íamos para a cama com a barriga doendo de fome. Mas agora, tudo seria diferente. Eu não precisaria mais me preocupar em voltar para aquele lugar horrível. Tinha uma pessoa que cuidaria de mim, e eu faria de tudo para não decepcioná-lo.

O relógio marcava 21h00, o horário em que Lola, uma das várias elfas domésticas que trabalhavam para Riddle, me avisou que o jantar seria servido. Abri a porta do quarto, observando o longo corredor. Nas paredes, havia alguns retratos e pinturas. Em uma das fotografias estavam Tom, Abraxas e mais dois homens que eu não conhecia. Parecia ser um evento no ministério, uma confraternização de final de ano, talvez. Era impressionante como ele sempre se destacava: o mais bonito, o mais charmoso, o mais elegante e o mais confiante.

Ao descer os degraus, pude sentir o agradável aroma do jantar, e minha barriga se remexeu de fome. A sala de jantar era ampla, com uma grande mesa ao centro. Acima dela, um banquete estava servido: saladas, massas e carne de carneiro. Dois pratos; duas pessoas comeriam aquela comida. Um sorriso genuíno surgiu em meu rosto. Ele iria jantar comigo. Durante o almoço, Riddle e Malfoy tiveram que sair, e eu acabei comendo sozinha, mas agora tudo indicava que ele iria aparecer.

— Vejo que gostou dos meus presentes. — A voz masculina e doce ecoou atrás de mim, e pude sentir meus pelos se arrepiarem.

— Fiquei me perguntando como você soube dos meus gostos. Não houve uma única peça de que eu não tenha gostado. — Respondi com um doce sorriso.

— Eu fiz o dever de casa, Olívia. Queria que de alguma forma você se sentisse acolhida. — Ele se sentou à mesa, e eu acompanhei seu gesto.

— Serei eternamente grata por isso. — Ele me observou com seus bonitos olhos verdes, lendo cada pedaço da minha alma.

— Eu sei que sim. — Ele se serviu, e eu fiz o mesmo. O jantar foi agradável, apesar de silencioso. Seus longos dedos balançavam lentamente a taça de vinho. — Ainda tenho mais um presente para você — quebrou o silêncio, levantando-se em seguida e descansando as enormes mãos nos bolsos da calça social preta. Sem questionar, eu o segui enquanto ele saía da sala e caminhava pelos corredores escuros. Paramos em frente a uma porta preta que estava trancada, até que Tom sussurrou o feitiço:

— Alohomora.

Acabara de presenciar Riddle fazendo um feitiço sem varinha, o que era impressionante para qualquer bruxo. Mas não me surpreendeu. Ele era tão culto e cheio de si que eu já imaginava que fosse capaz de realizar feitiços não verbais. Não apenas isso, ele era capaz de muito mais.

O escritório era repleto de livros e documentos; entretanto, tudo estava organizado e limpo. Tom caminhou até sua mesa e retirou de dentro dela um grande grimório. — Como meu primeiro presente como seu mestre, gostaria de lhe dar isto. — Assim que o peguei em minhas mãos, pude sentir a magia negra e densa que emanava das páginas.

— Isso é... — Tom me interrompeu. — Magia negra? Sim, é um grimório de magia proibida. — Meus olhos se arregalaram pela confirmação. — Você é talentosa e é capaz de coisas que nem imagina, minha pequena flor. Não pretendo lhe ensinar magia convencional; seria desperdício de potencial. — Eu estava assustada, muito assustada. Inconscientemente, me afastei, observando o objeto em minhas mãos. Riddle se aproximou, acariciando meu rosto amorosamente. — Pensei que tínhamos ambições em comum. Você não vai me decepcionar, vai?

Decepcionar...

Não!

— Nunca! Apenas fiquei surpresa. Nunca toquei em nada tão poderoso assim. — Não pude esconder a apreensão em minha voz.

— Compreendo, você ainda é muito jovem. Estou orgulhoso de sua decisão, e sua mãe também estaria. Afinal, esse grimório pertencia à sua família e era passado de geração em geração. — Arregalei os olhos, encarando-o incrédula. — Você conheceu minha mãe? — Minha voz falhou, e as lágrimas ameaçaram cair.

Como isso era possível? Eu fui abandonada na porta do orfanato, e ninguém nunca soube quem havia me deixado lá. Parecia que o mundo tinha desabado sobre meus ombros. — Não chore, querida. Ainda é muito cedo para você saber de tudo, mas você é capaz de coisas extraordinárias, Olívia. Tão poderosa a ponto de ser capaz de enganar a morte. — Tom me envolveu em seus braços, acariciando meus cabelos e deixando um leve beijo no topo da minha cabeça. Sem poder me segurar, me permiti chorar em seus braços. Chorei pela minha família, chorei pela solidão desses anos, chorei pelas noites frias e solitárias. — Você não está mais sozinha. De agora em diante, seremos eu e você, para sempre. Sua mãe confiou em mim para te proteger, minha pequena flor.



















Agora que o bicho vai pegar, muito mistério, confusão e safadeza os aguarda nos próximos episódios. Tom não é flor que se cheira e a coitada da Olívia ainda vai penar muito na mão desse manipulador gostoso.

Não esqueça da estrelinha, beijosss.

𝐌𝐄 𝐀𝐍𝐃 𝐓𝐇𝐄 𝐃𝐄𝐕𝐈𝐋 | 𝐓𝐎𝐌 𝐑𝐈𝐃𝐃𝐋𝐄Onde histórias criam vida. Descubra agora