Capítulo 2: O Primeiro Encontro Desastroso

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Bia estava sentada em frente ao espelho do quarto, ajustando o cabelo pela terceira vez naquela noite

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Bia estava sentada em frente ao espelho do quarto, ajustando o cabelo pela terceira vez naquela noite. Nervosismo? Talvez. Mas quem não ficaria um pouco ansioso antes de um primeiro encontro? Ela tinha conversado com Ricardo, o cara que parecia perfeito no aplicativo, por dias a fio. Ele era bonito, inteligente, tinha um bom senso de humor... Parecia ser o pacote completo. Então, por que não sentir aquele friozinho na barriga?

— Vai dar tudo certo — murmurou para si mesma, enquanto colocava o batom final.

Uma última olhada no espelho e ela estava pronta.

A caminho do restaurante, ela trocou algumas mensagens rápidas com Agust. Ele, claro, estava com seus comentários sarcásticos de sempre sobre o encontro. Ele ainda achava que isso de aplicativo era furada, mas ela já estava decidida a tentar.

Chegando ao restaurante, lá estava Ricardo, sentado em uma mesa perto do bar, com um sorriso que parecia ainda mais encantador pessoalmente. Por um segundo, Bia pensou que realmente havia dado sorte.

— Bia? — Ele se levantou quando a viu, cumprimentando-a com um beijo rápido na bochecha.

— Oi, Ricardo! — respondeu ela, tentando parecer confiante, apesar das borboletas no estômago.

As primeiras trocas de palavras foram leves, comuns para um primeiro encontro: perguntas sobre o dia, o trabalho, as expectativas para a noite. Mas, conforme os minutos passaram, Bia começou a perceber algumas pequenas bandeiras vermelhas que havia ignorado durante as conversas online.

Ricardo parecia... egocêntrico. Em poucos minutos, ele já havia falado sobre seus próprios feitos, sobre como era incrível em tudo que fazia. A cada resposta dela, ele encontrava uma maneira de trazer o foco de volta para si mesmo. A conversa que deveria ser um diálogo rapidamente se transformou em um monólogo.

Bia tentava interagir, mas ele quase não deixava espaço. Pior ainda, ele fazia piadas que não tinham a menor graça, e ao invés de ouvir o que ela tinha a dizer, ele apenas ria das próprias tentativas de ser engraçado. Ela começou a sentir o desconforto crescer.

Lá pela metade do encontro, enquanto Ricardo falava sobre seu sucesso no mercado financeiro — pela terceira vez naquela noite  o celular de Bia vibrou. Era uma mensagem de Agust.

“Como está indo o encontro com o seu ‘príncipe encantado’?”

Bia leu e, antes que percebesse, soltou um suspiro. Ela queria responder com algo positivo, mas no fundo, estava contando os minutos para que aquilo acabasse.

— Algo errado? — perguntou Ricardo, percebendo a distração dela.

— Ah, não, nada — mentiu Bia, guardando o celular de volta na bolsa.

Mas a situação só piorou. Ao longo do jantar, Ricardo fez comentários que a deixaram cada vez mais desconfortável, desde observações mal colocadas sobre o que ela estava vestindo até pequenas piadas que beiravam o ofensivo. Foi então que ela decidiu que não conseguiria aguentar por mais muito tempo.

Enquanto Ricardo falava sem parar, Bia pegou o celular discretamente e enviou uma mensagem rápida para Agust.

Você pode me salvar? Por favor, invente alguma emergência.”

Poucos minutos depois, o telefone dela tocou. Era Agust, cumprindo fielmente seu papel de herói do dia. Ela atendeu rapidamente.

— Oi, Agust. Espera... o quê? — Bia fingiu surpresa. — Sim, claro, eu posso ir até aí. Não, não tem problema, eu já estou a caminho.

Ela desligou, tentando parecer preocupada.

— Desculpa, Ricardo, mas meu amigo está com um problema. Preciso ir ajudá-lo — disse ela, levantando-se rapidamente da mesa.

Ricardo pareceu confuso e desapontado, mas não conseguiu contestar.

— Ah, claro... bom, espero que ele fique bem.

Bia acenou com a cabeça, pegando a bolsa e saindo apressada do restaurante. Assim que se afastou, enviou uma mensagem para Agust:

Estou livre! Te encontro na cafeteria.”

Agust já estava esperando por ela quando Bia entrou na cafeteria, um sorriso malicioso nos lábios.

— Então, como foi o ‘perfeito’ Ricardo? — ele perguntou, mal disfarçando o tom de provocação.

Bia jogou-se na cadeira à sua frente, soltando uma risada cansada.

— Um desastre completo! Ele era um narcisista chato que só falava de si mesmo.

Agust gargalhou, genuinamente divertido.

— Eu avisei que esses caras de aplicativo não prestam. Mas você não quis me ouvir.

Ela revirou os olhos.

— Ok, você estava certo dessa vez. Mas, sério, obrigada por me salvar. Achei que não ia conseguir aguentar nem mais um minuto lá.

— O que são os amigos, senão para resgatar em situações desastrosas? — respondeu Agust, piscando para ela.

Eles ficaram ali por mais alguns minutos, relembrando os momentos engraçados do “primeiro encontro” de Bia. As risadas fluíam naturalmente, como sempre acontecia quando estavam juntos. Mas dessa vez, havia algo diferente.

Agust, entre uma piada e outra, começou a perceber que o desconforto que sentira antes estava voltando. Só que agora, ele conseguia reconhecer o que era. Sentiu-se aliviado por ter interrompido o encontro, mas uma pergunta ecoava em sua mente: por que estava tão feliz em tê-la de volta ali com ele, naquele momento?

Era algo que ele não conseguia ainda explicar, mas a sensação estava começando a crescer dentro dele. Algo mais profundo do que simples amizade.

E talvez fosse hora de começar a encarar isso.

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