Capítulo Único

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   Poe estava completamente apaixonado por aqueles olhos verdes. Não só pelos olhos, mas sim pelo dono deles. Edogawa Ranpo.

   Edgar e Ranpo eram velhos conhecidos, sendo primeiramente rivais. Mas, a longo do tempo, foram construindo uma forte amizade. Eles poderiam contar um com o outro para tudo. Mas, o escritor não estava satisfeito com essa amizade.

   Por dias, semanas, talvez até meses, o homem dos cabelos roxos se perguntou o que ele realmente sentia pelo Edogawa. Afinal, se a amizade não bastava, o que seria o suficiente? Essa pergunta martelava fortemente em sua cabeça. Até que finalmente ele se deu conta: ele estava apaixonado por seu melhor amigo. Ele sempre sentia alguma coisa estranha em seu estômago quando Ranpo ria de suas piadas sem graças, ele sempre ficava nervoso quando os dois ficavam sozinhos, ele sempre ficava estranhamente feliz e animado quando Edogawa o elogiava ou quando ele dizia que seus romances estavam bons.

   Na cabeça dele, ele não poderia se sentir assim. Ele não poderia gostar romanticamente de Ranpo. Ele era apenas seu amigo. Sentimentos fortes como o amor certamente atrapalhariam a amizade dos dois. E se ficassem juntos, mas não dessem certo? Ou pior, e se Ranpo o rejeitasse? Edgar não queria isso. Seria a pior coisa que aconteceria em toda a sua existência!

   Porém, ele não conseguia tirar o garoto de sua mente. Ele só pensava em Ranpo, Ranpo e Ranpo. Quando ele ia dormir, ele pensava no Edogawa, quando ele ia acariciar a barriga de Karl, ele pensava no Edogawa, quando ele ia no mercado, ele pensava no Edogawa. Poe já não sabia o que fazer para tirá-lo de sua mente.

   E quanto mais ele pensava no jovem detetive, mais perguntas enfiavam-se no seu cérebro. Será que Ranpo-Kun o achava legal? Será que o Edogawa-Kun aceitaria um pedido de namoro do mais velho? Será que Ranpo gostava, romanticamente, de Poe?

   Ele já não aguentava mais esses questionamentos. Eles já o estavam deixando insano.

   Então, para aliviar os seus pensamentos, Allan teve uma ideia ótima: escrever cartas. Nessas cartas, estaria declarado tudo o que Poe sentia por seu amigo. E assim ele fez. Durante meses ficou escrevendo dezenas, e centenas e milhares de cartas sobre Ranpo. Sobre como o poeta admirava até o menor detalhe do moreno mais novo. Sobre como ele gostava dos seus olhos, que ficavam mais brilhantes toda vez que ele comia um saco completo de doces, sobre como ele passava a mão pelo cabelo quando estava focado, sobre como ele falava animadamente sobre os livros que lia...sobre tudo.

   E tudo fluiu bem, até um certo dia.

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   Era uma tarde de domingo qualquer. A temperatura estava um pouco fria, o que fazia com que os habitantes da cidade de  Yokahama precisassem usar algum tipo de casaco.

   Ranpo e Poe estavam na mansão Allan, já que os dois tinham combinado de jogar conversa para fora na residência. O mais novo se encontrava sentado de maneira confortável em um sofá, enquanto comia um pacote de balas que explodiam na boca, enquanto o dono da casa estava sentado em uma poltrona, lendo algum livro.

—Hey, Poe-kun!— chamou Ranpo, fazendo com que Edgar desviasse o seu olhar para ele. — O que você está lendo?

—Ah...Estou lendo um livro da Agatha Christie, talvez ele me dê ideias para escrever um novo romance logo.— explicou o ex-arquiteto da Guilda, que curvava os cantos da sua boca em um leve e dócil sorriso.

𝗖𝗔𝗥𝗧𝗔𝗦... (𝗥𝗔𝗡𝗣𝗢𝗘)Onde histórias criam vida. Descubra agora