SUPERLIGA 9 (Priscila Daroit) +18

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Meus passos foram largos até sua porta. Bati, mas ela não ouviu, então imaginei que ela pudesse estar tendo um vívido pesadelo naquele momento. Abri a porta devagar para não assustá-la, porém quem se surpreendeu fui eu. O quarto estava iluminado pela fraca lâmpada de seu abajur, porém em nada aquilo atrapalhava minha visão. Daroit estava longe de estar dormindo naquele momento e, por alguns segundos, eu paralisei. A cena que se desenvolvia a alguns passos de mim não era nada do que eu estava esperando encontrar e, ainda assim, exatamente o que meu cérebro estava querendo ver. Minha respiração pesou e desviei o olhar o mais rápido que consegui, mas mesmo assim a imagem continuou em replay na minha mente.

...

Tudo que eu queria era uma boa noite de sono e descanso. Deitar naquela deliciosa cama que enfeitava o quarto de hóspedes da casa Priscila e aproveitar uma das minhas últimas noites em Belo Horizonte em total paz. Contudo, a cidade tinha outros planos para mim. Você já ouviu falar que a temporada de chuvas em Minas Gerais ocorre entre Outubro e Março? Pois, eu não fazia ideia! Aliás, descobri em uma rápida pesquisa no Google enquanto tentava me distrair dos barulhos horríveis de trovões que atravessavam o céu e dos clarões que iluminavam as janelas.

Me virava bruscamente tentando achar uma posição que me fizesse cair no sono instantaneamente, entretanto era impossível. Não devia ter dormido tanto durante a tarde, mas a verdade é que o peito de Daroit era convidativo demais para que eu não aproveitasse para me enroscar nela quando deixava comigo no sofá. Lembrei da sensação de ter suas pernas entrelaçadas nas minhas enquanto assistimos ao filme Amor À Segunda Vista, talvez pela milésima vez cada.

A ponteira tinha uma das mãos acariciando meu abdômen por baixo da blusa de frio que eu vestia e sua respiração arrepiava meu pescoço à medida que ela cantava a música de abertura do filme contra a minha pele. Não tinha certeza se ela conseguia realmente ver a televisão por trás de mim, mas Priscila não parecia se importar. Me mantinha cada vez mais perto, colando seu corpo no meu. Me aconcheguei em seu abraço sem certeza alguma de que conseguiria me manter acordada durante o filme naquela posição.

Em determinado momento, Daroit comentou que conseguia me imaginar deitando em uma esteira de Yoga na frente de um prédio antigo em forma de protesto contra sua demolição, como fazia Lucy, a protagonista do filme. Em resposta, concordei e disse que achava muito possível que ela respondesse algo sobre pés se a perguntassem algo sobre pediatria, assim como George, o outro protagonista. Ofendida com a minha insinuação de que ela era uma pessoa facilmente confundida, Priscila aproveitou o lugar onde sua mão repousava e começou a me fazer cócegas.

Meu corpo reagiu de forma instantânea e eu não pude segurar nem os espasmos, nem a gargalhada em resposta. Tentava debater para convencê-la a parar, porém o ar me era escasso e falar era complicado demais naquele momento. Tentei segurar seus pulsos, ainda de costas, mas ela era obviamente muito mais forte do que eu. Com dificuldade por conta do espaço - e ofegante demais para conseguir aguentar mais daquilo -, me virei em sua direção, ainda em tentativas falhas de parar seus movimentos. Em um surto de desespero, me pus sentada em seu quadril, o que a fez travar completamente. Em posse de seus pulsos, os segurei acima da sua cabeça e me aproximei quase tocando minha boca na sua.

"Se eu perder a cena dela lambendo os envelopes para saber qual papel tem melhor gosto porque você está me fazendo cócegas, a gente vai brigar." disse apenas alto o bastante para que ela me ouvisse.

"Essa cena é..." ela parecia perdida, claramente encarando meus lábios. "Essa cena é ótima."

Claro que passamos todos os dias em que eu estive lá trocando flertes e roubando beijos uma da outra sempre que possível. Mesmo assim, não havíamos passado disso. Não que a gente não quisesse ou tivesse feito qualquer tipo de acordo para que não acontecesse, apenas não havíamos passado de nenhum limite. Pelo menos, não ainda.

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