LIGAS 24/25

SUPERLIGA 12 (Camila Mesquita/Brie Joy) +18

A oposta deixou alguns beijinhos sutis em minha nuca e minhas costas e aquilo fez seus toques escorregarem com mais facilidade. O metal gelado de seus piercings roçava em minha pele, provocando um choque térmico delicioso em mim. Sem muita cerimônia - mas com muito cuidado -, a menina me penetrou lentamente com um dos dedos. Arregalei os olhos sabendo que meu rosto devia estar bastante vermelho naquele momento, pois o esforço para me manter calada era absurdo. Quando minha visão deixou de ser um breu e eu pude reconhecer as luzes da televisão, um susto me paralisou por alguns segundos. Brie Joy me encarava com os dentes raspando em seus lábios.

...

Muitas coisas haviam acontecido em minha vida desde que eu tinha aceitado o trabalho para acompanhar e tirar fotos da seleção feminina de vôlei durante as Olimpíadas de Paris. Pela primeira vez meu rosto foi estampado no Instagram do EC Pinheiros para comemorar a "convocação". Pela primeira vez havia passado mais de um mês fora do país e aprendido algumas palavras em pelo menos mais dois idiomas. Estava sendo estranhamente reconhecida em filas de mercado e estações de metrô. Tudo muito inimaginável. Contudo, poucas coisas eram mais fora da minha linha de raciocínio do que estar sentada no sofá da casa alugada de Brie Joy em Botafogo trocando socos com Michelle Pavão em uma partida de Injustice: Gods Among Us no videogame.

Enquanto eu perdia por muito em uma trocação franca entre Asa Noturna e Zatanna, as demais presentes na casa ou arrumavam o que comeríamos durante o filme que estávamos prestes a assistir ou batiam papo espalhadas pelo local. Lorena estava sentada na ponta do sofá tentando me auxiliar a usar o bastão energizado de Dick Grayson, enquanto Camila Mesquita pedia que Michelle se concentrasse pois, segundo ela, me vencer poderia ser bem fácil.

Meus planos iniciais para aquela sexta-feira eram bem diferentes do que se passava. Para falar a verdade, eu nem tinha planos. Depois de acompanhar o treino do SESC Flamengo, minha ideia principal era voltar ao hotel onde estava hospedada, editar as fotos que havia tirado e esperar pela resposta de Lays ao convite que tinha feito para tomarmos uma cerveja. A resposta veio logo de manhã. Ela tinha um compromisso. Assim, quando eu estava pronta para pedir meu Uber, Brie Joy apareceu dizendo que não admitiria me deixar sozinha no Rio de Janeiro em uma noite como aquela. Sem precisar falar muito, a loira me convenceu a acompanhá-las até sua casa para uma sessão de filmes de terror para comemorar o Halloween.

"I am not really into horror movies." sorri sem graça.

"But you are into our company." ela segurou minha mão. "Vem! Vai ser legal!"

"Se você ficar com medo, eu te protejo!"

A recém chegada Camila Mesquita parecia bem mais leve e sociável do que as vezes que nos encontramos em Barueri. Ou quando as meninas do Pinheiros decidiam fazer encontros na casa de Mara que - por coincidência - era a casa de Camila também. Ela nunca havia sido rude nem nada do tipo, mas não parecia gostar do quão agitado ficava o lugar com todas aquelas mulheres. Seu pai era um querido. Comentarista de tênis que sempre ficou feliz em receber alguém com o trabalho mais parecido com o seu em sua casa. Claro que quando calhava de Camila sentar ao meu lado, seja na mesa ou no sofá, ele sempre fazia alguma piada de pai dizendo que estava de olho em mim. Ao receber a resposta de que eu não faria nada, Renato sempre rebatia em meio a risadas perguntando se sua filha não fazia meu tipo. A resposta que geralmente me tirava dessa situação era que eu não fazia o tipo dela.

O resumo é que eu acabei saindo da quadra da Tijuca com um braço entrelaçado no de Brie e o outro no de Camila. As duas pareciam querer se certificar de que eu não fugiria por nenhuma saída de emergência durante o trajeto até o carro - o que, honestamente, não era um perigo.