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Juliette e Rodolffo tinham sempre pessoas ao seu redor e dessa vez foi Dulce quem invadiu o quarto do filho, flagrando uma troca de carinho entre os recém casados.

Rodolffo estava deitado e Juliette estava sentada ao seu lado, ele fazia carinho no seu rosto e lhe fazia um elogio.

- É tão linda... Ainda mais assim, cheia do rubor da timidez.

Dulce via Juliette sem reação e interrompeu o filho:

- Minha querida... - Juliette virou-se e Rodolffo olhou para a mãe. - Venha conhecer o seu quarto. Já está pronto te esperando.

Rodolffo olhou para Juliette e ela para ele. Fizeram um carinho de dedos e ela saiu com a sogra.

...

O quarto de Juliette.

Ela olhava para tamanho cômodo e estava impressionada. Era um quarto enorme e cheio de coisas que Juliette nem conhecia. Ali tinha tudo que ela ia precisar e que talvez nunca precisasse também. Seu olhar era surpreso diante de tantas coisas.

- Filha? Está tudo do seu gosto?

- É tudo muito bonito, mas por mim poderia ser muito menos. Na verdade eu nunca tive um quarto só meu e nem tão pouco tive luxos. No orfanato tudo é limitado, mas eu não reclamo da minha vida ali, foi o meio que eu sobrevivi esses anos todos.

- Então acha que o quarto está do seu agrado?

- Sim. Mas eu quero dormir com o meu marido.

Dulce olhou bem para Juliette.

- O costume é que a esposa tenha a sua privacidade e o marido também.

- Com o matrimônio homem e mulher não se tornam um só, por que temos que ter privacidade?

- Querida... O quê foi aquilo que eu vi no quarto?

Juliette ficou tímida e não conseguia falar.

- Senta aqui... - elas sentaram na cama do quarto. - Pode falar comigo.

- Ele é carinhoso comigo. Eu nunca recebi tanto afeto assim. A madre nos batia e as minhas irmãs foram as únicas pessoas que me deram algum carinho.

- Carinhoso com qual objetivo? Me fale sem medo...

- Nós... Rodolffo e eu... Na hospedaria... Ele disse que me fez mulher.

Dulce ficou surpresa e emocionada.

- Juliette... Como se sente?

- Eu só quero que o meu casamento seja comum. O meu marido tem limitações, mas ele é bom comigo.

- Sim. O meu filho é bom. - Dulce segurou as mãos de Juliette. - Gosta dele querida? Eu sei que é cedo para essa pergunta, mas preciso saber o quê te motivou a deixar que ele te tocasse?

- A nossa conversa... A senhora me ensinou que é certo ser tocada pelo marido.

Dulce deu um abraço carinhoso em Juliette.

- Que preciosa és tu. Iluminada, trazida por Deus. Está devolvendo a vontade de viver do meu filho. Eu tenho seis filhos Juliette, mas nenhum é menos importante do que o outro. Como mãe, eu quero ver o meu filho reagir. Juarez condicionou Rodolffo a uma paralisia não só de locomoção, por ele o meu filho só existe, não tem direito de viver.

- O Rodolffo ainda tem força nas pernas. Ele pode voltar a caminhar um dia... Talvez lentamente, mas eu tenho fé.

- Sua fé é tão poderosa que o meu filho... Ah Juliette... - ela colocou a mão na barriga da nora. - Em breve vingará uma sementinha dele em ti.

- Acha possível tão logo?

- Acho. Meu primeiro filho foi concebido nas minhas núpcias. Filha... Não temas. Estou aqui e não rejeite o seu marido, ele precisa muito de alguém que mostre a vida que existe naquele corpo.

Juliette adorava Dulce. Ela era muito maravilhosa.

...

Depois do jantar todos recolheram-se aos seus quartos e Juliette foi ao dela apenas buscar uma roupa de dormir. Indo de seguida ao quarto de Rodolffo.

Ela entrou e fechou a porta, mas ele não estava na cama, como de costume.

- Marido? - ela disse e sentiu um braço a envolver por trás.

...



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