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Haviam duas carruagens e Juliette seguiu em uma com Rodolffo junto com Sebastião, o cuidador. Enquanto na outra seguiram Dulce e Juarez.

Os pais foram o caminho inteiro a conversar.

- O meu filho só quer ser um homem comum Juarez.

- Rodolffo tinha tudo para ser um grande homem. Era inteligente e astuto. Tinha uma prometida lindíssima, mas a fatalidade lhe tirou tudo.

- Eu acho que a nossa nora é uma mulher muito bonita também.

- O quê é uma pena por que o nosso filho é inválido.

- O problema dele é nas pernas homem.

- Não somente. Eu já lhe falei isso muitas vezes. Não vou voltar no assunto.

- Devíamos ter deixado ele como estava mesmo. Coitado, eu vi que Juliette olhou para ele com pena.

- Nossas meninas precisam casar e na linha de matrimônio, Rodolffo tinha que ser o próximo a seguir das irmãs. E não ligue com isso, todos tem pena dele.

Dulce ficou chateada.

- Ela só será uma companhia para ele. Vai ler os livros que ele gosta, vai auxiliar no que for necessário e terá uma vida boa proporcionada por nós. O trabalho pesado ainda será do Sebastião. Mesmo que ela venha a ficar grávida, as funções não se alteram.

- Ficar grávida? Que conversa é essa?

- Rodolffo é impotente, mas quer ter uma criança para chamar de filho, então eu conversei com Sebastião e...

- Conversou o quê?

- Rodolffo permitiu e eu disse a Sebastião que pode tentar conquistar Juliette. Ele é um homem solteiro e ela não é de fato esposa de Rodolffo. Tudo são aparências e nada mais.

- Juarez... Não pode ser conivente com isso. Eu não aceito isso embaixo do meu teto.

- Calada Dulce. Não dê nenhum piu mais.

Juarez falou bravo e Dulce calou-se.

...

Na chegada da hospedaria.

Sebastião ajudou Rodolffo a sair da carruagem e Juliette colocou as moletas próximo de Rodolffo.

- Quer tentar marido? - ela disse e Sebastião orientou.

- Senhora é melhor não...

- Os senhores não deixam ele tentar. Ao menos uma vez...

Juliette ajudou Rodolffo e lentamente, ele conseguiu ir até o seu quarto com as muletas e as próprias pernas.

- Está vendo? Ele conseguiu.

Juarez balançava a cabeça, Dulce estava comovida. Sebastião parecia sem reação.

Juliette ajudou Rodolffo a sentar na cama e Juarez pediu para ficar a sós com o filho. Todos se retiraram.

- Como se sente depois dessa teimosia?

- Eu tenho dor nas pernas. - Rodolffo disse fazendo uma careta. - Mas não deixa a Juliette saber disso.

- Amanhã cedo vamos para casa. Agora vamos comer e descansar o corpo. A viagem de volta é longa e enfadonha.

- Me ajude a trocar de roupa. E depois pede a Juliette para entrar.

Juarez assim fez e Juliette entrou com suas poucas bagagens no quarto. Ela ainda estava vestida de noiva.

- Senta aqui... - ele estava sentado no beiral da cama e com a mão esquerda apontou para o seu colo.

Receosa ela caminhou devagar e sentou do seu lado.

- Está com medo de mim?

- Não. - ela disse com a voz baixa.

- Então senta aqui. Eu sou o seu marido.

Ela se pôs de pé e caminhou, indo sentar no colo dele.

- É tradicional que o noivo ponha a noiva nos braços no primeiro momento a sós, mas eu não posso fazer isso. - ele disse passando o braço direito pela cintura de Juliette. - Mas assim eu posso estar pertinho de você.

Rodolffo fez carinho no rosto de Juliette com a mão esquerda e ela sorriu.

- Meu pai não me falou que tinha me arranjado uma noiva tão bonita.

Os bonitos olhos castanhos de Juliette ficaram brilhantes. Ela passou os braços pelos ombros de Rodolffo e ele a apertou num abraço.

Com sua esposa devidamente aconchegada, Rodolffo foi delicadamente desfazendo a trança que prendia os cabelos longos de Juliette.

Quando ela se afastou, o seu rosto ganhou um novo molde com o adorno dos cabelos. Rodolffo sorriu e novamente fez carinho nas bochechas de Juliette.

- Estou encantado com a sua doçura e beleza. Acho que os anjos do céu parecem um pouco contigo.

Juliette estava olhando para o marido com ternura e se aproximou um pouco mais dele.

- É uma pena que eu não posso te ter plenamente. Me perdoe por isso.

Juliette fechou os olhos e o abraçou de novo com mais intensidade.

...

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