Sin, four

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Father Charlie

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Father Charlie

Eu estava ajoelhado, a batina pesando sobre meus ombros, e, em meio a minhas súplicas, clamei a Deus por Sua imensa piedade e misericórdia. O fardo que eu carregava não era apenas a responsabilidade de ser padre, mas a tormenta que me consumia: o que meus olhos viam, o que minha mente pensava e, principalmente, o que meu coração desejava - ela.

Treze anos da minha vida haviam sido gastos em uma luta incessante. Uma batalha contra a luxúria que crescia a cada dia, devorando-me de dentro para fora. Era um jogo cruel; quanto mais tentava reprimir esses sentimentos, mais forte se tornavam. Às vezes, sentia como se o chão sob meus pés estivesse se abrindo, e as chamas do inferno estivessem me alcançando, queimando tudo ao meu redor. O que era aquele fogo que ardia em mim ao olhar para Ellaeynor? Seria ela uma enviada do diabo, tentando me desviar do caminho? Ou era eu o tolo por me prender a algo que sabia que não poderia conter?

-Charlie, você está ficando louco! Você é um padre, um homem de Deus, e está se rendendo aos caprichos de uma mulher?- As vozes dentro da minha cabeça ecoavam, cada vez mais altas.

-Não! Não é culpa dela. Ela é uma serva de Deus! A culpa é minha por desejar tanto a sua presença. Eu preciso me redimir.-Levantei-me do altar, tentando recuperar a compostura, mas o ar ao meu redor parecia denso, pesado com a tensão que me envolvia. E então a vi.

-Padre Charlie? - A voz dela era como música, suave e envolvente. A confirmação acenou em minha mente, e eu só pude assentir, um movimento automático.

-Preciso... Preciso me confessar, meu senhor...- Aquelas palavras eram como uma lâmina, cortando ainda mais profundamente minha já frágil resistência.

Eu a conduzi até o confessionário, sentando-me na penumbra, esperando ouvir os pecados que a atormentavam. Mas o que vi ao olhar para ela, ajoelhada aos meus pés, foi uma visão tão angelical quanto demoníaca. A luz que a envolvia, misturada com uma ponta de malícia em seus lábios vermelhos, me desarmou completamente. Como poderia ser uma simples freira, quando ela parecia tão celestial?

-Que Deus perdoe seus pecados, e que a livre de todo mal. Amém.- Minha voz soou distante, como se fosse de outra pessoa.

-Amém.-

-Fale, conte-me seus pecados.-Aquele pedido saiu como um sussurro, mas mal sabia eu que seria o início de minha ruína.

-Está bem... Me sinto nervosa- ela disse, um sorriso tímido quebrando a tensão.
-A anos eu não me confesso. Espero que Deus não me puna. Meu pecado, padre, é o amor. Me apaixonei perdidamente pelos olhos de um homem, mas o que posso eu fazer para repelir isso? Sei que sou uma serva de Deus, mas ele me prende com suas asas e laça meu coração como um boiadeiro.-Aquelas palavras me atravessaram como uma flecha, despertando uma raiva e um desespero que eu não sabia que ainda existiam em mim. Ela estava apaixonada? Por quem? Porque Deus permitiria isso? Ele estava me fazendo pagar? Era um banquete diante de mim, um teste que eu não podia quebrar.

O Peso da BatinaOnde histórias criam vida. Descubra agora