"Eu aprecio a obra-prima que é você porque sua existência é uma arte."
— Yoongi? Yoongi, acorde.
A voz parecia vir de um lugar distante, abafada por uma névoa densa em sua mente. O som persistente e agudo de algo vibrando cortava o silêncio, crescendo em intensidade. Seus olhos, pesados como chumbo, recusavam-se a abrir. Uma leve pressão em seu rosto, no entanto, o forçou a reagir.
Aos poucos, ele abriu os olhos, piscando várias vezes até o rosto de Minji tomar forma à sua frente.
— O que houve? — murmurou, a voz rouca e arrastada, como se as palavras se recusassem a sair. Ainda sentia o peso do sono o prendendo, como se sua mente ainda estivesse em outro lugar. Ele piscou algumas vezes, se forçando a focar no que estava à sua frente. Foi então que percebeu o telefone na mão de Minji, vibrando incessantemente.
— Seu irmão está te ligando faz um tempo — explicou ela, com um olhar compreensivo, mas ligeiramente impaciente. — Acho que ele está te esperando lá fora.
O celular vibrou novamente, o som familiar invadindo o ambiente tranquilo. Yoongi, agora mais consciente, rapidamente estendeu a mão para pegá-lo. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto murmurava um agradecimento para Minji. Ele atendeu o telefone antes que a próxima chamada se perdesse.
— Hyung, você demorou demais para atender o telefone — a voz do outro lado veio com um tom de leve irritação, imediatamente reconhecível. Seu irmão parecia impaciente, mas não surpreso.
— Desculpa, acabei pegando no sono — Yoongi respondeu, a culpa evidente em sua voz enquanto se levantava, ajeitando as roupas amassadas pela breve soneca. — Já estou saindo.
Ele desligou o telefone, colocando-o no bolso enquanto começava a recolher seus pertences, os movimentos ainda lentos. Seus olhos varreram rapidamente a sala de descanso, verificando se havia deixado algo para trás. Estava cansado, mais do que gostaria de admitir. Mesmo assim, forçou um sorriso para Minji, que o observava com uma mistura de simpatia e preocupação.
— Obrigado por me acordar — disse ele, tentando soar mais animado do que realmente estava. Ela retribuiu com um aceno de cabeça, silencioso, enquanto ele se dirigia à porta.
O corredor estava vazio e silencioso, mas Yoongi sabia que seu irmão provavelmente estava esperando do lado de fora. A luz suave do final da tarde banhava o local. Com passos rápidos, ele se dirigiu à saída, tentando sacudir o cansaço.
Yoongi avistou o SUV preto do outro lado da rua, reluzindo sob a luz fraca da tarde. O carro estava parado em frente à clínica, um veículo grande e discreto, com as janelas escuras que não permitiam ver quem estava dentro. Ele esperou pacientemente o sinal de pedestres ficar verde antes de atravessar a rua, o som abafado do trânsito ao seu redor parecendo distante enquanto seus passos lentos o levavam até o veículo. Quando chegou à lateral do carro, deu três batidas leves na janela fumê.
Por um momento, nada aconteceu. A janela escura permaneceu erguida, fazendo Yoongi questionar se talvez estivesse batendo no carro errado. Justo quando ele se preparava para recuar e verificar, o vidro começou a descer lentamente, revelando um rosto desconhecido. Yoongi ficou estático, o coração acelerado por um instante. Um rapaz de cabelos negros, pele clara e olhos acastanhados olhou para ele de forma calma. Seu sorriso era contido, quase enigmático, enquanto seus lábios carnudos se curvavam levemente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cicatrizes do silêncio
FanficApós um trauma que o afastou do hospital e de sua carreira como médico, Yoongi começa a retomar sua vida profissional, ainda lutando para deixar o passado para trás. Jimin, por outro lado, cresceu em uma família profundamente religiosa, carregando o...