Eleonor

Você não está sozinha

Fico no meu quarto o dia inteiro, escutando músicas tristes e chego a chorar em alguns momentos, mas a questão é por que eu fiz aquilo? Não deveria ter feito o que a Fernanda me falou, sei que ela teve as melhores intenções possíveis, mas olha no que deu. Acho que eu aprendi em uma das piores formas que as vezes não devemos seguir o que os outros acham, por mais que suas intenções sejam boas, as vezes as pessoas se enganam, e pra evitar esse sentimento que sinto agora, preciso ouvir mais eu mesma.

Meu irmão me chama para lanchar, mas não quero comer, nem almoçar eu quis, mas se não descer ele vai entrar aqui e vai querer saber o que aconteceu, e ele é a última pessoa do mundo na qual eu quero conversar sobre isso. Quando desço ele está na cozinha me esperando.

- Vai me dizer o que aconteceu, ou eu vou ter que investigar na escola, ou talvez soldar informações com a Fernanda ou o Marcinho? -Pedro está com um olhar preocupado - Olha eu sei que você não gosta de falar da sua vida comigo, e às vezes me pergunto se você gosta de falar dela pra alguém, mas queria muito que confiasse em mim, eu sou seu irmão. Eleonor, minha função é te proteger!

Fico realmente surpresa com o que ele diz, e a vontade de chorar volta, meu irmão quer ser meu amigo e me proteger? Isso é bem diferente do que ele realmente faz, ele está sempre distante, e nunca quer conversar, o que aconteceu? O encaro e pergunto: - O que deu em você? Em todos esses anos, você nunca quis saber se eu estava bem, o que deu na sua cabeça pra achar que pode querer saber o que se passa na minha vida agora?!

- As pessoas mudam Helê, você sabe disso, eu sempre fui imaturo com você, e sei que não fui um bom irmão por um bom tempo, mas quero mudar isso, me deixa te ajudar, por favor! - Sua expressão me dizia que ele estava sendo sincero, e eu o abraço

Ele sussurra- Não gosto de te ver triste irmãzinha.

Canso de lutar contra as lagrimas como luto o dia inteiro, e dou um voto de confiança ao meu irmão, que ouviu tudo o que eu tinha a dizer, e no final me abraçou.

- Você não está sozinha irmãzinha, nunca ouviu?!

- Ouvi

- Coma um pouco, comprei o seu sanduíche favorito e suco natural do jeito que você gosta. Ele estava feliz por eu ter confiado nele.

Confesso que não esperava a crise do meu irmão, mas até que ela veio em boa hora, Pedro é bom pra ouvir, ele não te interrompe e escuta atentamente até o final e não te critica por nada, acho que eu não conhecia esse lado do meu irmão.

- O que você está pensando em fazer? Ele pergunta.

- Não sei, acho que não vou fazer nada

- Helê você sabe que tem que falar com ele, e tentar ao menos se explicar ou eu posso dar um empurrãozinho pra ele ir falar com ele.

- Não vou fazer nada e não quero que você faça nada Pedro! Falo em um tom firme e ele ri

- Não prometo nada - ele começa a rir

- Pedro não me faça me arrepender de ter confiado em você!

- Relaxa irmãzinha, não vou fazer nada que a Fernanda não faria, e ele é da minha sala e meu amigo também, vou te ajudar por que te amo, isso não é por ele e sim por você, gosto de ver você sorrindo. - Ele fala sorrindo e não discuto com ele.
Vou pra cama mais cedo do que o normal, e acabo a cortando mais cedo também no dia seguinte.

... Era uma quarta - feira

- Nossa, estou horrível, da onde surgiu essas olheiras? Preciso da minha maquiagem.
Tomo meu banho, visto meu uniforme, e como tenho tempo, faço uma maquiagem discreta pra esconder as olheiras. Pego a mochila e desço para tomar café.