• P R Ó L O G O•

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Ela é só uma viciada de merda.
Ouvir isso depois de acabar de passar a madrugada inteira em internação no hospital – e decidir ir direto para a escola mesmo assim – não era exatamente o ideal.
Mas a vida não era muito conhecida por ser ideal, não é mesmo? Dura, com certeza. Difícil, na maioria das vezes. Complicada, para dizer o mínimo.
Mas ideal? Não. Definitivamente não.
Dizem que a mãe dela foi embora anos atrás com um velho, tão velho, que tinha idade para ser seu avô.
E fugiu para o norte do país.
Fugiu ou foi presa? Já ouvi as duas versões.
Fugiu, menina! E a deixou sem teto, dependendo de esmolas.
Se não fossem as freiras...
Coitada... O que teria sido dessa menina?
Com certeza estaria na sarjeta até agora.
Mas do que diabos adiantou, se ela é apenas uma viciada de merda?!
É engraçado como as pessoas sempre acham que sabem tudo sobre sua vida.
É engraçado como podiam inventar histórias e passarem tantas informações errôneas umas para as outras, até que a afirmativa inicial tivesse se perdido numa enxurrada de versões e ninguém mais entendesse onde tudo começou e no que era possível acreditar.
Dentre muitos defeitos que a humanidade possui, o péssimo hábito de propagar mentiras por vezes suficientes até que se tornem verdades, com certeza está no topo da lista.
A primeira impressão diz tudo sobre uma pessoa.
E se havia um lugar nesse mundo onde a reputação era a maior das leis que definiam a hierarquia social, com certeza esse local era a província nova-iorquina de Hattway.
Meu nome é Jocelyn Hazel.
E eu gostaria de ter a oportunidade de contar a verdadeira história sobre mim.

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