Cecília, uma jovem freira de dezenove anos, é transferida para um convento isolado, onde deseja aprofundar sua vocação espiritual. No entanto, sua fé começa a ser desafiada pela convivência com o padre Nicholas, um homem jovem e enigmático.
Desde o...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
CECÍLIA atravessou o corredor do convento com passos cautelosos, o som suave de suas sandálias ecoando pelas paredes de pedra. Era fim de tarde, e a luz fraca do sol atravessava as estreitas janelas em finos feixes dourados, projetando sombras inquietas nos corredores silenciosos. A fila para o confessionário estava curta — apenas duas freiras à sua frente, ambas deixando o local rapidamente com expressões de alívio.
Com um suspiro discreto, Cecília apertou o terço que carregava nas mãos antes de empurrar a porta pesada e entrar. O ar ali dentro era abafado, carregado pelo perfume de incenso e madeira velha. Sentou-se no banco estreito, ajeitando o véu com um movimento automático. À sua frente, uma tela de madeira dividia o pequeno espaço entre ela e o padre. Através da grade, ela pôde distinguir apenas a sombra do homem do outro lado, mas havia algo na sua presença que fazia o espaço parecer menor, mais claustrofóbico.
A voz dele soou, suave, mas firme.
━━ Irmã Cecília?
Ela reconheceu o tom ━━ ao mesmo tempo cortês e curioso, como se já soubesse que algo estava fora do comum.
━━ Padre, eu vim confessar alguns dos meus pecados.
A pequena grade que os separava parecia transmitir a tensão de ambos, como se cada palavra pesasse mais do que deveria. Por alguns instantes, tudo ficou em silêncio, exceto pelo som distante de pássaros no jardim e o leve ranger da madeira quando Cecília se ajeitou no banco.
━━ Pecados? ━━ ele murmurou, esperando mais do que apenas a formalidade da frase inicial. ━━ Estou ouvindo, irmã.
Ela respirou fundo, como se tentasse organizar os pensamentos antes de falar.
━━ Desde que cheguei ao convento... sinto como se algo dentro de mim estivesse mudando. Não sei como explicar, padre, mas é como se o inimigo me rodeasse constantemente.
A voz dela falhou ligeiramente no final, e a sombra dele pareceu se inclinar um pouco para frente, atento.