Cap 06 - Palácio Garnier (1875)

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"Você não vai acreditar—" A voz da mulher alta morreu em sua garganta quando ela entrou completamente, absorvendo a cena. Faye, seu rosto uma máscara de surpresa perturbada, e uma mulher mais jovem, empoleirada desajeitadamente na ponta da poltrona.

Yoko. Tinha que ser.

Sem dizer mais nada, Yoko se retirou para o quarto de hóspedes, deixando a porta entreaberta.

"Faye," a mulher – Tanya – finalmente disse, sua voz cuidadosamente neutra. Ela colocou suas chaves na mesa da entrada e tirou sua capa de chuva úmida. "É quem eu acho que é?" Ela gesticulou vagamente na direção que Yoko tinha ido.

Faye se viu afundando no sofá, a cabeça caindo nas mãos. Ela se sentia como uma adolescente pega com um maço de cigarros, não uma mulher adulta em sua própria casa. "Olha Tanya, é uma longa história", ela finalmente disse, "e não é o que você pensa." Ela evitou o olhar conhecedor de Tanya.

"E o que, por favor, você acha que é, Faye?", perguntou Tanya, arqueando uma sobrancelha quase imperceptivelmente.

A cabeça de Faye se levantou de repente, a frustração borbulhando. "Eu não sei, Tanya! Eu não sei o que diabos aconteceu. Eu a odeio. Ela é—" Faye se conteve, engolindo a sequência de palavrões que ameaçava sair.

Tanya realmente riu, movendo-se para trás do sofá. "Claro, baby, claro." Seus dedos gentilmente pentearam o cabelo de Faye. Faye se inclinou para o toque, fechando os olhos por um momento fugaz de alívio. Deus, toda essa situação era uma bagunça. Ela era uma bagunça.

"Como foi seu dia?", ela perguntou, forçando sua voz a soar normal, mesmo que tudo parecesse qualquer coisa, menos isso. Quinze minutos, no máximo, ela pensou. Quinze minutos ouvindo Tanya falar sobre seu dia, e então ela poderia escapar para seu quarto. Tinha sido um dia infernal.

Talvez ela devesse ir falar com Yoko. Explicar... o quê? Não. Yoko era uma mulher adulta, perfeitamente capaz de entender. Além disso, explicações pareciam desculpas, e Faye odiava desculpas. A noite inteira foi uma zona de desastre de sinais confusos e momentos inoportunos. Melhor apenas... deixar para lá.

Um suspiro escapou de seus lábios, pesado e cheio de frustração. Ela era uma chef, droga, ela conseguia lidar com calor. Mas isso... isso era um tipo de fogo completamente diferente.

Na manhã seguinte, o aroma de café e algo doce percorreu o quarto de hóspedes. Yoko se mexeu, piscando contra a luz do sol que filtrava pelas cortinas. O cheiro a tirou dos resquícios nebulosos do sono e da confusão persistente da noite anterior. O que quase aconteceu entre ela e Faye? Ela não ousou pensar nisso, para não se perder nos "e se".

A cozinha estava banhada por uma luz quente e dourada. Ali, com uma xícara de café na mão, estava a mulher da noite anterior. A que tinha entrado, interrompendo o quase momento delas. A mulher, provavelmente na casa dos trinta, ergueu os olhos do vapor. Um sorriso floresceu em seu rosto, caloroso e convidativo. "Bom dia! Você deve ser Yoko, certo?"

Yoko piscou, pega de surpresa. Essa demonstração de alegria parecia quase estranha no ambiente meticulosamente organizado, porém mais frio, de Faye. "Bom dia," ela respondeu, sua voz fina e hesitante, como se estivesse em solo instável.

A risada da mulher quebrou a tensão, um doce alívio da atmosfera carregada. "Eu sou Tanya, a melhor amiga de Faye. Espero que você não se importe que eu passe por aqui. Trouxe alguns doces frescos!" Ela gesticulou para uma caixa no balcão, os doces de alguma forma aumentando o caos reconfortante da manhã.

"Sabe, é adorável ter você aqui", Tanya continuou, mexendo algo que parecia distintamente pimenta caiena em seu café. "Faye nunca recebe ninguém, então é legal ter um rosto diferente por perto."

Receita para o desastreOnde histórias criam vida. Descubra agora