Cap 08 - Guerra do Balde de Carvalho (1325)

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Quente. A boca de Yoko estava pegando fogo. No momento em que a pimenta atingiu sua língua, pareceu um fio desencapado chiando contra suas papilas gustativas. A dor a percorreu, espalhando-se rapidamente, uma chama incontrolável lambendo suas bochechas, sua garganta. Ela engasgou, um som sufocado escapou de seus lábios enquanto ela se dobrava, agarrando-se ao balcão para se apoiar. Não conseguia pensar. Isso era loucura. Por que ela sequer—

Faye observou, sentindo a vergonha se infiltrar. Ela podia ver Yoko lutando, e sabia que isso era em parte culpa dela. Não era para ir tão longe. O beijo, a tensão — tudo tinha saído do controle. Agora Yoko estava dobrada de dor, e Faye apenas ficou ali, congelada, sem saber o que fazer.

Nikolai irrompeu na cozinha, seu rosto cheio de preocupação. "Querida, o que há de errado?", ele perguntou, correndo para o lado de Yoko. Ele puxou Yoko para seus braços, sua mão gentilmente acariciando seu cabelo.

"Respire, querida, respire." Ele a segurou perto, braços quentes, envolvendo-a enquanto ela lutava contra as lágrimas. Sorvete, ele disse. Isso ajudaria, certo? Apenas mantenha-se firme.

Faye manteve distância, virando-se ligeiramente para que Nikolai não visse a culpa em seu rosto. Ela estava envergonhada, não apenas pela bagunça que causou, mas por deixar as coisas saírem tanto do controle. Foi estúpido, imprudente. Ela precisava se recompor. Isso não poderia acontecer de novo. De agora em diante, tudo entre eles permaneceria estritamente profissional. Tinha que ser.

Ela se concentrou em terminar o molho, tentando bloquear os sons de Nikolai confortando Yoko. Ela podia ouvi-lo ao fundo, oferecendo-lhe sorvete para esfriar a queimadura. As mãos de Faye se moviam automaticamente, misturando, mexendo, tentando agir como se nada tivesse acontecido. Mas parecia tão impossível com o peso do arrependimento. Faye precisava embrulhar toda a cena em um saco de lixo e jogá-lo fora.

A voz de Nikolai era suave, mas ela conseguia ouvir a preocupação subjacente. "Só dê pequenas mordidas", ele sussurrou para Yoko, que estava constantemente colocando o creme frio na boca. A frieza entrou — ela estava bem. Faye olhou para trás e observou a colher entrar na boca de Yoko, um pequeno esforço para acalmar o inferno furioso. Alívio misturado com um toque de ciúme? Não.

O peito de Faye apertou. Ela não podia se dar ao luxo de deixar as coisas escaparem assim de novo. Ela precisava manter a cabeça baixa, focar no trabalho e esquecer o que quer que tivesse acontecido entre eles. Foi apenas um momento de fraqueza. Nada mais. Mas mesmo enquanto ela tentava se convencer. O gosto daquele beijo, o calor do corpo de Yoko contra o dela — tudo ainda era muito fresco, muito real. Ela afastou os pensamentos, forçando-se a se concentrar na tarefa em questão. Não havia espaço para erros agora. Não de novo.

Na mesa, o foco de Faye voltou para Nikolai, alheio do outro lado da mesa, mordiscando os deliciosos bifes que ela tinham acabado de cozinhar. Pobre rapaz. Ele não sabia exatamente com quem estava sentado. Yoko, com seu sorriso malicioso e sagacidade afiada, o havia levado a uma conversa casual, entrando e saindo de tópicos mundanos sem problemas, enquanto tudo o que Faye conseguia fazer era forçar um sorriso.

Enquanto Nikolai mastigava sua comida, alheio, ela batia os dedos contra a mesa, contando os segundos até o almoço terminar. Vamos, só mais alguns minutos. Mantenha a calma. Finalmente. Acabou. O barulho maçante de pratos e despedidas sem entusiasmo ecoaram enquanto ela escapava dos limites do refeitório.

A batida da porta do carro ecoou na luxuosa garagem. Faye soltou um suspiro trêmulo, uma risada borbulhando em seu peito. Uma risada nervosa e trêmula que se transformou em uma gargalhada completa, lágrimas brotando em seus olhos. Não, não, não. Ela balançou a cabeça, tentando conter a onda crescente de histeria. Ela não conseguia acreditar que tinha feito isso, dito isso, jogado aquele jogo.

Receita para o desastreOnde histórias criam vida. Descubra agora