Receita para o desastre

Cap 07 - O Caso das Salsichas (1522)

"Faye, este é Nikolai." A voz de Yoko era vibrante, perfurando a atmosfera, criando uma mudança. Faye se virou e Nikolai entrou, alto e atlético. Ele tinha um sorriso fácil, cheio de charme, e um ar de confiança casual que irritou Faye desde o início.

"Nikolai, Faye, minha mentora", Yoko continuou, seu tom doce. Faye podia ver as engrenagens girando na cabeça do homem, a leve inclinação, a maneira como seus olhos iam de Faye para Yoko e depois voltavam. Ele estava tentando entendê-los, sua dinâmica. Ela quase riu com o pensamento.

"Prazer em conhecê-lo", disse Nikolai, estendendo a mão.

"Da mesma forma", disse Faye, apertando sua mão. Seu aperto era firme, e seu toque era confiante. Ele a examinou por um segundo a mais, e ela levantou uma sobrancelha. O que era isso? Uma disputa de vontades?

Ela serviu os aperitivos — um arranjo elegante de vegetais carbonizados e defumados, regados com glacê balsâmico e uma pitada de sal marinho. As cores eram vibrantes e convidativas. Ela levou os pratos para a sala de jantar, colocando-os cuidadosamente.

"Você cozinhou tudo isso?" Nikolai levantou uma sobrancelha, impressionado e um pouco cético. "Parece muita coisa para vocês duas fazerem."

"Só para você, Baby!" Yoko disse com sua voz impossivelmente doce. "Faye tem um jeito com comida, ela faz de cada refeição um evento."

"É um prazer ter você, Nikolai", disse Faye, encontrando seu olhar. Ela não estava acreditando na atuação de Yoko, nem por um segundo. Não com os olhos de Nikolai observando-a, examinando-a como um falcão observando um coelho.

"É um verdadeiro deleite ter uma chef pessoal", respondeu Nikolai. Ele não se sentia intimidado por ela, nem um pouco. Ele estava acostumado a estar sob os holofotes, acostumado a ser o centro das atenções. Ele era definitivamente o tipo que encantava seu caminho pela vida com uma piscadela e um sorriso. Ele também era, claramente, muito inteligente.

Faye se acomodou em seu assento, observando Nikolai enquanto ele devorava sua refeição com entusiasmo. "Qual é sua especialização?", ela perguntou, esperando descascar as camadas um pouco, ter um vislumbre da mente por trás do charme.

"Psicologia", ele disse, seu sorriso se alargando. "Eu sou fascinado pela maneira como as pessoas pensam e por que elas se comportam da maneira que se comportam. Você sabe, as complexidades por trás da superfície."

Ah, psicologia. Isso fazia sentido. Explicava a maneira cuidadosa como ele observava as pessoas, a maneira como seus olhos demoravam um momento a mais do que o necessário.

Yoko, disse, "Nikolai é incrível em ler as pessoas. Não é mesmo, querido?" Ela lançou um olhar de admiração para ele, mas Faye podia sentir a natureza ensaiada daquilo. O ato de casal perfeito, exibido como um animal no noticiário da manhã.

Faye riu baixinho, com uma pitada de ironia na voz. "Aposto que você pratica bastante com Yoko por perto. Ela é uma personagem e tanto."

O sorriso de Yoko não vacilou, mas havia um lampejo de algo atrás de seus olhos. "Oh, Faye, você sabe que eu sou um livro aberto. Não há segredos aqui."

Nikolai sorriu, seu braço deslizando em volta da cintura de Yoko com uma possessividade casual. "Yoko é a namorada mais doce e perfeita que alguém poderia pedir. Nunca houve segredos entre nós. Ela é o pacote completo — inteligente, bonita e infinitamente solidária."

Faye assentiu, mas não acreditou em uma única palavra. Era tudo muito perfeito, muito polido. "Vocês têm sorte de terem um ao outro", ela disse, seu tom apenas ambíguo o suficiente para deixá-los se perguntarem se ela era realmente sincera.