Namorada?

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P.O.V LENA LUTHOR

– NAMORADA? — Samantha me chuta por baixo do balcão.

Solto um gritinho e me afasto dela.

— É brincadeira. Ela divide o apartamento comigo. É a Kara. Kara, esta é a Samantha.

Ela estende a mão para apertar a dela.

— É um prazer te conhecer.

— Encantada — diz Samantha, soando subitamente como uma herdeira da Era Dourada dos Estados Unidos.

— O que eu posso servir a vocês? — pergunta Kara.

Samantha apoia o queixo na mão e se inclina para a frente, para ser ouvida.

— O que você recomenda?

Ela pega um cardápio dentro de uma taça e empurra na nossa direção.

— Tem várias coisas em falta na cozinha agora, mas ainda temos isso aqui.

Kara marca três das seis opções de porções, então vira o cardápio e circula os vinhos para degustar, desenhando estrelinhas ao lado dos que recomenda.

Ela me encara para saber o que acho. Olho para Samantha. Ela assente e diz, quase gritando: — O que a Kara sugerir!

— Volto logo — promete ela.

Então desaparece com o cardápio anotado, parando para murmurar alguma coisa para uma bartender de franja cortininha antes de passar mais uma vez pela porta vaivém.

Samantha se vira na minha direção.

— Então, que brincadeira tão engraçada é essa de você ser namorada dela?

— E que história é essa de a mulher que divide o apartamento comigo ser traficante?

Ela afasta o assunto com um aceno de mão.

— Esse é só o jeito que eu me refiro a ela mentalmente, por causa do visual.

— O visual vendo remédio tarja preta por baixo do pano?

— Não, é mais do tipo cultivo umas plantinhas no meu apartamento. Mas isso foi antes de eu entrar desavisada no quarto dela meia hora atrás. Agora vou ter que rever toda a imagem que criei da Kara no castelo da minha mente.

— Está querendo dizer palácio da memória? — pergunto.

— Minha vez de fazer as perguntas. — Os olhos dela dançam com um brilho malicioso. Ainda não tinha visto esse lado travesso da Samantha. É intimidante, me dá a sensação de que não vou conseguir escapar da curiosidade dela, mas também me lembra um pouco a Nia, o que me traz um aperto no peito. — Me conta sobre essa brincadeira, em que você é a namorada da Kara maconheira gostosa.

— Oi, meninas! — diz a bartender de franja cortininha, sobressaltando nós duas.

— Oi! — respondemos em uníssono, com uma voz aguda.

— A Kara já volta com a degustação de vocês, mas posso servir alguma outra coisa enquanto isso? — Ela pousa dois copos no balcão e enche ambos com a água de uma jarra.

Balançamos a cabeça.

— Bom, se precisarem de alguma coisa, meu nome é Katya. É só gritar. —

Ela dá uma pancadinha no balcão e se afasta.

— Então? — volta a insistir Samantha. — Qual é a brincadeira?

— Foi só por causa de uma foto.

Nem te conto - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora